tag:blogger.com,1999:blog-38217598708869009252024-03-18T13:06:32.219-03:00Diocese de Mossoró — RNUnknownnoreply@blogger.comBlogger42125tag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-26723349380590782522018-06-10T09:25:00.002-03:002018-06-10T09:25:55.557-03:00Reflexão para o X Domingo do Tempo Comum- Marcos 3,20-35 (Ano B)<div class="post-body entry-content" id="post-body-7429999047419873699" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; line-height: 1.4; position: relative; width: 540px;">
<div dir="ltr" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_d3Q60uAWyu_xYQqSP6gsifGo-ZoMMT3lC0JTpsgI43j7AV7c9nnHKhuaO8Ix33luFTslIlRjVVGiaVfa-wBqaBJa3IXTyYCdzN-GPFM3S0pMQ1Xw6J6r1qGljZ5bbQNffY-u69JnJ0/s1600/8.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="324" data-original-width="400" height="323" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiR_d3Q60uAWyu_xYQqSP6gsifGo-ZoMMT3lC0JTpsgI43j7AV7c9nnHKhuaO8Ix33luFTslIlRjVVGiaVfa-wBqaBJa3IXTyYCdzN-GPFM3S0pMQ1Xw6J6r1qGljZ5bbQNffY-u69JnJ0/s400/8.jpg" width="400" /></a></div>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;">
<br /></h3>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste décimo domingo do tempo comum, o texto evangélico proposto pela liturgia é Mc 3,20-35. Esse texto é bastante significativo para a compreensão do ministério e do mistério de Jesus enquanto messias e responsável por neutralizar as forças do mal com a sua mensagem e práxis libertadoras. O texto retrata mais um momento da atuação de Jesus na Galileia com as tradicionais características de adesão e contestação à sua atividade messiânica, mostrando que nenhum esquema religioso, social e cultural é capaz de contê-lo ou controlá-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O episódio narrado faz parte ainda do início do seu ministério na Galileia, embora sua fama já estivesse bem espalhada, como o texto faz perceber. Após a última controvérsia com os fariseus, quando curou um homem da mão seca na sinagoga em dia de sábado (cf. 3,1-6), a multidão que o acompanhava em busca de milagres e prodígios, só crescia (cf. 3,7-12); isso o levou a constituir o grupo dos Doze (cf. 3,13-19), para que sua ação libertadora se expandisse cada vez mais (cf. v. 14). À medida em que as multidões sedentas de dignidade, de justiça e de amor, cansadas de tanta opressão, aumentavam ao redor de Jesus, também aumentava a oposição daqueles que não aceitavam o seu comportamento fora dos padrões estabelecidos pela sociedade e a religião. É isso que o Evangelho de hoje mostra: Jesus rodeado por uma multidão na casa e, ao mesmo tempo, sendo contestado e mal compreendido pelos familiares e pelas autoridades religiosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Após a constituição do grupo dos Doze, o evangelista diz que <i>“Jesus voltou para casa com os seus discípulos. E de novo se reuniu tanta gente que eles nem sequer podiam comer”</i> (v. 20). A casa (em grego:</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">oivki,a </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– oikia) </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">tem um valor muito significativo para o Evangelho segundo Marcos: é </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">a alternativa proposta por Jesus para a realização do seu projeto em sua dimensão espacial primeira, como oposição à sinagoga e a qualquer instituição. A casa é o espaço eclesial por excelência; é na casa onde Jesus fala abertamente com seus discípulos. A Igreja primitiva adotou a casa como o lugar da liturgia, da catequese e do encontro. </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;">Se é na casa onde acontece a vida, deve ser na casa o culto ao Deus da vida; um culto não ritual, mas serviçal. </span><br /><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;"><br /></span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;">Aqui, não se trata da casa de Nazaré, mas da casa adotada por ele em Cafarnaum, provavelmente a casa dos irmãos André e Pedro. A multidão reunida ao seu redor demonstra o sucesso de sua pregação junta às camadas mais populares da sociedade. Com tanta gente ao redor, Jesus e seus discípulos </span><i style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;">“nem sequer podiam comer”, </i><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;">porque a prioridade era o serviço; com essa expressão o evangelista ressalta o aparente sucesso e, ao mesmo tempo, a dimensão do serviço na vida da comunidade: antes de tudo, o serviço e a atenção aos necessitados. O discípulo deve pensar mais no outro do que em si próprio; nada de egoísmo na comunidade de Jesus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como já acenamos, a acolhida da mensagem de Jesus não era igual entre todos os grupos ou classes sociais. Ao contrário da multidão que o buscava constantemente, havia quem o contestasse e procurasse desqualificar a sua atuação libertadora, seja por incompreensão ou mesmo por maldade e medo de perder privilégios. Entres os que não o compreendiam, estavam os seus familiares: <i>“Quando souberam disso, os parentes de Jesus saíram para agarrá-lo, porque diziam que estava fora de si”</i> (v. 21). Jesus já tinha deixado a família em Nazaré a algum tempo, e adotado a cidade de Cafarnaum como ponto de apoio para seu ministério itinerante. Porém, como sua fama se espalhava com facilidade, também chegaram notícias suas em Nazaré e, por sinal, não muito boas. Envergonhados pelo seu comportamento subversivo, seus familiares chegaram à conclusão de que ele só podia estar louco, ou seja, “fora de si”; diante disso, eles tomaram a decisão de procurá-lo para prendê-lo, levá-lo para casa e, assim, evitar que ele continuasse a envergonhar o nome da família com um comportamento fora dos padrões estabelecidos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com rapidez, a fama de Jesus chegou também em Jerusalém, centro do poder religioso e político, onde estavam as autoridades constituídas para manter a ordem e o controle social e ideológico. Se na pequena Nazaré Jesus era considerado louco, na capital era visto como “endemoniado”, provocando a ida de uma comitiva oficial a Cafarnaum, para tentar impedir que ele continuasse o seu ministério. Assim atesta o evangelista: <i>“Os mestres da Lei, que tinham vindo de Jerusalém, diziam que ele estava possuído por Beelzebu, e que pelo príncipe dos demônios ele expulsava os demônios”</i> (v. 22). A acusação é grave, considerando o teor e contexto. Enquanto Jesus anuncia a chegada do Reino de Deus, compreendido como um projeto de sociedade marcada pela igualdade, justiça e amor, seus adversários tentam desqualificá-lo, acusando-o de agir em nome do demônio; Beelzebu, cujo nome pode significar “senhor da casa, senhor das moscas ou senhor do esterco”, era uma divindade filisteia, considerado portador de doenças em Israel. Era a expressão máxima do mal para os judeus mais devotos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Além de perversa e hipócrita, a acusação dos mestres da lei é também contraditória, por isso foram desmascarados instantaneamente: <i>“Então Jesus os chamou e falou-lhes em parábolas: ‘Como é que Satanás pode expulsar Satanás?”</i> (v. 23). Se toda a atividade de Jesus, desde o início do seu ministério, consistia no anúncio do Reino de Deus e, consequentemente, a eliminação do mal, a acusação dos mestres da lei não tinha o mínimo fundamento. “Satanás” é a expressão do antagonista de Deus, conforme a mentalidade bíblica e, por isso, era o opositor de Jesus, aquele que precisava ser derrotado. Para deixar ainda mais claro o quanto os mestres da lei estavam mal intencionados, Jesus aprofunda a contradição deles com mais algumas pequenas parábolas: tanto um reino quanto uma casa não podem sobreviver com divisões internas; as divisões são sempre causas de ruína e destruição (cf. v. 24-27).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus encerra a discussão com os mestres da lei com uma declaração solene bastante impactante: <i>“Em verdade vos digo: tudo será perdoado aos homens, tanto os pecados, como qualquer blasfêmia que tiverem dito. Mas quem blasfemar contra o Espírito Santo, nunca será perdoado, mas culpado de um pecado eterno” </i>(v. 28-29). A introdução “em verdade vos digo” (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">VAmh.n le,gw u`mi/n</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – amén lêgo himin) significa que aquilo que está para ser anunciado é de fundamental importância para o auditório: o pecado contra o Espírito Santo é imperdoável. Mas, qual é mesmo o pecado contra o Espírito Santo? É aquilo que os mestres da lei estavam fazendo: lúcida e voluntariamente, eles negavam a ação de Deus em Jesus. É inadmissível que não se reconheça que tudo o que Jesus fazia e faz é trazer Deus para a vida das pessoas, torna-lo acessível. Na verdade, era essa acessibilidade a Deus, livre e gratuita, oferecida por Jesus que irritava os mestre da lei e as demais autoridades religiosas do seu tempo, pois isso significava para elas perda de poder e privilégios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Conhecendo o Deus amoroso revelado por Jesus, as pessoas deixavam de aceitar o Deus juiz, vingativo e mercantilista do templo. A pregação de Jesus era uma ameaça à sobrevivência daquela religião. Por isso, as autoridades faziam de tudo para impedi-lo de continuar o seu ministério. Para Jesus, a tentativa de bloquear a ação de Deus na história, revelada por ele com a mensagem e a práxis, é a verdadeira blasfêmia, é o grande pecado. O pecado contra o Espírito Santo é, portanto, a pretensão de todo sistema religioso que pretende determinar ou negar o agir de Deus na história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Após desmascarar as autoridades religiosas, representadas no texto pelos mestres da lei, o evangelista volta a atenção para o conflito de Jesus com os seus familiares que pretendiam prendê-lo: <i>“Nisto chegaram sua mãe e seus irmãos. Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo. Havia uma multidão sentada ao redor dele. Então lhe disseram: ‘Tua mãe e teus irmãos estão lá fora à tua procura’”</i> (vv. 31-32). Jesus estava na casa e circundado por uma multidão que, certamente, o escutava atentamente. De propósito, o evangelista enfatiza duas posturas opostas diante de Jesus: ficar do lado de fora e apenas ouvir o que se diz a seu respeito, ou entrar na casa e sentar-se ao seu redor, experimentando pessoalmente o amor e a plenitude de vida que ele transmite.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O evangelista não pretende mostrar nem criar oposição ou rivalidade entre os familiares de Jesus e a comunidade dos discípulos; ele quer apenas ajudar a sua comunidade a compreender que, aceitar a proposta de vida de Jesus implica assumir uma maneira diferente de viver, com novos critérios de pertença e relação; é isso que fica claro com a resposta de Jesus: “<i>‘Quem é minha mãe, e quem são meus irmãos?’ E olhando para os que estavam sentados ao seu redor, disse: ‘Aqui estão minha mãe e meus irmãos. Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe” </i>(v. 33-35). Com essa afirmação, ao invés de menosprezar os seus familiares, ele está dando a oportunidade de também eles entrarem na dinâmica do Reino de Deus e, ao mesmo tempo, que qualquer pessoa, independente da origem, pode fazer parte da sua família.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Para fazer parte da comunidade de Jesus, o único critério e exigência é tornar-se discípulo ou discípula; para isso, é necessário ouvir a sua palavra e fazer a vontade de Deus. Se trata de uma regra sem exceção. A adesão ao Reino exige uma conversão completa, ou seja, mudança de mentalidade, inclusive na concepção de família. O seguimento a Jesus não comporta meios termos. Seu projeto de vida exige tomada de decisão. As notícias a seu respeito se espalhavam de Jerusalém a Nazaré; muitas incompreensões surgiam com isso. Diante de isso, era e continua sendo indispensável “entrar na casa” e sentar-se ao seu redor para escutá-lo; sem essa experiência, qualquer juízo sobre a sua pessoa será distorcido ou parcial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe. Francisco Cornelio Freire Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
</div>
<br />
<div style="clear: both;">
</div>
</div>
<div class="post-footer" style="background-color: white; border-bottom: 1px solid rgb(204, 204, 204); color: #660000; font-family: Cantarell; font-size: 12.6px; line-height: 1.6; margin: 20px -2px 0px; padding: 5px 10px;">
<div class="post-footer-line post-footer-line-1">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-40842237427676885912018-04-08T19:54:00.000-03:002018-04-08T19:54:01.888-03:00Reflexão para o II Domingo da Páscoa- João 20,19-31<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1OeGtHU1o4YcJE1Wow9ILtll_CE8h7_WYGzbfp88cyJ0Y3dUGeOmOM1oDl1CfqU1kc9ci3xTk2867mmI9dEX5c6__uvyGXxLGgLmTSDP2QkFOwDryLT2Jj54OXGGKwHAuvx-hCIqeJBw/s1600/Piaga_caravaggio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="219" data-original-width="400" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh1OeGtHU1o4YcJE1Wow9ILtll_CE8h7_WYGzbfp88cyJ0Y3dUGeOmOM1oDl1CfqU1kc9ci3xTk2867mmI9dEX5c6__uvyGXxLGgLmTSDP2QkFOwDryLT2Jj54OXGGKwHAuvx-hCIqeJBw/s400/Piaga_caravaggio.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">A liturgia do segundo domingo da páscoa oferece Jo 20,19-31 para o evangelho, texto que narra a continuidade dos acontecimentos envolvendo a comunidade dos discípulos no dia mesmo da ressurreição, e a quase repetição da mesma experiência uma semana depois, ou seja, no domingo seguinte. Esse texto é também a conclusão do Evangelho segundo João (v. 31). O capítulo seguinte (c. 21) é um acréscimo posterior da comunidade para melhorar a imagem de Simão Pedro, tão desgastada após sua oposição a Jesus no lava-pés e a negação durante o processo. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">No evangelho do domingo passado, contemplamos as reações da comunidade de discípulos logo no início daquele primeiro dia da semana, no qual fora constatado o sepulcro vazio (cf. Jo 20,1-9), inicialmente por Maria Madalena, e logo em seguida por Pedro e o Discípulo Amado. Dos três, somente o discípulo Amado acreditou na ressurreição diante do primeiro sinal, o sepulcro vazio (cf. 20,8). Maria Madalena foi a segunda a acreditar (cf. Jo,11-18), após confundir o Ressuscitado com o jardineiro, mas esse episódio já não constou no texto da liturgia do domingo passado. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Da madrugada do primeiro dia, passamos para o anoitecer, como diz o texto: <i>“Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e pondo-se no meio deles, disse: A paz esteja convosco”</i> (v. 19). Não obstante as frustrações e decepções com o final trágico de seu líder, condenado e morto na cruz, a reunião dos discípulos mostra que a comunidade está se recompondo, após uma natural dispersão. Embora se recompondo, essa comunidade continua em crise, o que se evidencia pela situação de medo informada pelo evangelista. Por “medo dos judeus” entende-se o medo das autoridades religiosas que condenaram Jesus em parceria com o império romano, e não todo o povo. É típico de João usar o termo “judeus” em referência às autoridades. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">O medo é preocupante, é um impedimento à missão; é fruto da angústia, da desilusão e do remorso de alguns; significa a ausência do Senhor. Sem a presença do Ressuscitado toda a comunidade perece e sua mensagem é bloqueada; as portas fechadas impedem a boa nova de ecoar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Manifestando-se no meio dos discípulos, o Ressuscitado inicia neles o processo de transformação, oferecendo o primeiro antídoto ao medo: o dom da paz! É o encontro com a paz de Jesus que levanta o ânimo da comunidade fracassada. Jesus comunica a sua paz e, ao mesmo tempo, reforça o modelo de comunidade sonhado e praticado durante toda a sua vida: uma comunidade igualitária e livre, tendo um único centro: o Cristo Ressuscitado. É esse o significado do seu colocar-se no meio deles. Para uma comunidade viver realmente os propósitos do Evangelho é necessário, antes de tudo, que ao centro do seu existir esteja o Ressuscitado. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Na continuidade da experiência, Jesus <i>“mostrou-lhes as mãos e o lado”</i> (v. 20a), ou seja, as marcas do sofrimento, do flagelo e da cruz, garantindo a continuidade entre o Crucificado e o Ressuscitado. Com isso ele diz que a cruz não foi o fim e, assim, leva os discípulos à restituição da fé, uma vez que o principal motivo da desilusão e decepção deles foi o escândalo de um messias crucificado. É importante recordar que é João o único evangelista que se preocupa com esse detalhe: o Ressuscitado tem as marcas do Crucificado. Ora, a cruz não foi um acidente na vida de Jesus, e não pode ser esquecida pela comunidade; pelo contrário, foi consequência de suas opções e do seu jeito de viver, e as opções da comunidade devem ser as mesmas. Portanto, é necessário que os discípulos estejam sempre, em todos os momentos da história, familiarizados com a cruz, não como símbolo ou adorno, mas como disposição de dar a vida por amor, como fez Jesus. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">A presença do Ressuscitado transforma a comunidade: <i>“Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor”</i> (v. 20b). A alegria é o primeiro fruto da paz que faz superar o medo, e uma das características fundamentais da comunidade que sabe contemplar o Ressuscitado em seu meio. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Já estabelecido como centro da comunidade, <i>“novamente Jesus disse: A paz esteja convosco”</i> (v. 21a). A paz como bem-estar do ser humano em sua totalidade é novamente oferecida. A passagem do medo à alegria poderia tornar-se uma simples euforia, por isso a paz é doada novamente para equilibrar a comunidade. Só é possível acolher os dons pascais estando realmente em paz. Aqui, a paz não significa alívio ou tranquilidade, mas sinal de liberdade e vida plena; é a capacidade de assumir livremente as consequências das opções feitas. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Tendo plenamente comunicado a paz como seu primeiro dom, o Ressuscitado os envia, como fora ele mesmo enviado pelo Pai:<i>“Como o Pai me enviou, também eu vos envio”</i> (v. 21b). Ao contrário de Mateus e Lucas que determinam as nações e até os confins da terra como destinos da missão (cf. Mt 28,19; Lc 24,47; At 1,8), em João isso não é determinado: <i>“Como o Pai me enviou, também eu vos envio”</i>. Jesus simplesmente envia. Sem diminuir a importância da missão em sua dimensão universal, o mais importante para o Quarto Evangelho é a comunidade. É essa a primeira instância da missão, porque é nessa onde estão as situações de medo, de desconfiança, de falta de entusiasmo, por isso é a primeira a necessitar da paz do Ressuscitado. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">O texto mostra, como sempre, a coerência entre a prática e as palavras de Jesus: <i>“E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”</i> (v. 22). Jesus tinha prometido o Espírito Santo aos discípulos na última ceia (cf. Jo 14,16.26; 15,26). Ao soprar sobre eles, a promessa é cumprida, o Espírito é comunicado. O evangelista usa o mesmo verbo empregado no relato da criação do ser humano: <i>“O Senhor modelou o ser humano com a argila do solo, soprou-lhe nas narinas um sopro de vida, e o ser humano tornou-se vivente”</i> (Gn 2,7). O verbo soprar (em grego:</span><span style="font-family: bwgrkl;">evnmfusaw</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;"> – emfsáo) significa doação de vida. Assim, podemos dizer que Jesus recria a comunidade e, nessa, a humanidade inteira. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Ao receber o Espírito Santo (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl;">pneu/ma a[gioj</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;"> – pneuma háguios), a comunidade se torna também comunicadora dessa força de vida. É o Espírito quem mantém a comunidade alinhada ao projeto de Jesus, porque é Ele quem faz a comunidade sentir, viver e prolongar a presença do Ressuscitado como seu único centro. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">O Espírito Santo garante responsabilidade à comunidade, jamais poder. Por isso, devemos prestar muita atenção à afirmação de Jesus: <i>“A quem perdoardes os pecados eles lhes serão perdoados; a quem não perdoardes, eles lhes serão retidos”</i> (v. 23). Por muito tempo, esse trecho foi usado simplesmente para fundamentar o sacramento da penitência ou confissão. Jesus não está dando um poder aos discípulos, mas uma responsabilidade: reconciliar o mundo, levar a paz e o amor do Ressuscitado a todas as pessoas, de todos os lugares em todos os tempos. A comunidade cristã tem essa grande missão: fazer-se presente em todas as situações para, assim, tornar presente também o Ressuscitado com a sua paz. Não se trata, portanto, de poder para determinar se um pecado pode ou não pode ser perdoado. É a responsabilidade da obrigatoriedade da presença cristã para que, de fato, o mundo seja reconciliado com Deus. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">O Espírito Santo, doado pelo Ressuscitado, recria e renova a humanidade. A comunidade tem a responsabilidade de fazer esse Espírito soprar em todas as realidades, para que toda a humanidade seja recriada e, assim, o pecado seja definitivamente tirado do mundo (cf. Jo 1,29). João, o batista, apontou para Jesus como o responsável por fazer o pecado desaparecer do mundo. Agora, é Jesus quem confia à comunidade essa responsabilidade. Os pecados são perdoados à medida em que o amor de Jesus vai se espalhando pelo mundo, quando seus discípulos se deixam conduzir pelo Espírito Santo. O que perdoa mesmo é o amor de Jesus; logo, ficam pecados sem perdão quando os discípulos e discípulas de Jesus deixam de amar como Ele amou. Em outras palavras, os pecados ficarão retidos quando houver omissão da comunidade. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">É importante considerar ainda, como diz o próprio texto, que comunidade não estava completa naquele primeiro dia: assim como Judas não fazia mais parte do grupo, também<i> “Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio”</i> (v. 24). É necessário destacar algumas características desse discípulo, considerando que o mesmo foi, injustamente, rotulado negativamente pela tradição. O motivo pelo qual os discípulos estavam reunidos à portas fechadas foi o medo; ora, se Tomé não estava com eles é porque não tinha medo e, portanto, circulava livremente e sem temor algum; era, portanto, um discípulo corajoso, ao contrário dos demais. A evidência maior da coragem de Tomé aparece no episódio da reanimação de Lázaro. Jesus já tinha sido alvo de diversas ameaças e tentativas de assassinato pelas autoridades dos judeus; quando decidiu ir à Judeia, onde ficava Betânia, Tomé foi o único a dispor-se a ir para morrer com ele:<i>“Tomé, chamado Dídimo, disse então aos condiscípulos: Vamos também nós, para morrermos com ele!</i>” (Jo 11,16). Por isso, ele não tinha nenhum motivo para esconder-se dos judeus. Essa sua coragem foi ofuscada pelo rótulo inadequado de incrédulo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Quanto à fé no Ressuscitado, a diferença de Tomé para os outros dez deve-se apenas ao intervalo de uma semana. Não estava reunido no primeiro dia e não acreditou no testemunho da comunidade. Não dar credibilidade à comunidade foi, sem dúvidas, o seu grande erro, mas ao exigir evidências da ressurreição, ele agiu como os demais. Ora, à exceção do Discípulo amado, o qual viu e acreditou logo ao contemplar o sepulcro vazio (cf. Jo 20,8), os demais também só acreditaram após a manifestação do Senhor em seu meio. Nenhum deles acreditou no testemunho de Maria Madalena; esperaram o Senhor aparecer. Quando, assim como os demais, Tomé teve certeza da ressurreição, superou a todos na intensidade e convicção da fé: <i>“Meu Senhor e meu Deus!”</i> (v. 28); essa é a mais profunda profissão de fé de todos os evangelhos. Jesus já tinha sido reconhecido como Mestre, como Senhor, como Messias, Filho de Davi, Filho do Homem e Filho de Deus, mas como Deus mesmo, essa foi a primeira vez. Com isso, o evangelista ensina que não importa o tempo em que alguém adere à fé; o que importa é a intensidade e a convicção dessa fé. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">A propósito, chamamos a atenção para mais um detalhe que não pode passar despercebido: diz o evangelista que Tomé era chamado Dídimo (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl;">Di,dumoj</span><span style="font-family: georgia, serif;"> </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;"> – dídimos), cujo significado é gêmeo. No entanto, o evangelista não apresenta o irmão gêmeo de Tomé, mas deixa no anonimato, e os personagens anônimos do Quarto Evangelho têm a função de paradigmas para a comunidade e os leitores. Isso significa um convite aos leitores e discípulos de todos os tempos a tomarem Tomé como irmão gêmeo: questionador, corajoso, atento, perspicaz e convicto. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">É claro que se Tomé estivesse com a comunidade logo no primeiro dia, ele teria antecipado a sua profissão de fé. Mas é importante ser prudente e esperar, principalmente nos tempos atuais, com tantas visões, aparições e falsas certezas imediatas. Se muitos e muitas videntes dos tempos atuais, assumissem a sua consanguinidade com Tomé, ou seja, se o reconhecessem como gêmeo, teríamos um cristianismo mais evangélico e autêntico. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">A bem-aventurança proclamada por Jesus: <i>“Bem-aventurados os que creram sem terem visto”</i> (v. 28), reflete a preocupação do evangelista com as novas gerações de discípulos, após a morte da maioria dos apóstolos. Os novos cristãos da comunidade joanina eram muito questionadores e chegavam a duvidar do anúncio, exigindo provas concretas da ressurreição. Por isso, o evangelista quis responder a essa realidade, mostrando que não há necessidade de visões e aparições; basta integrar-se a uma comunidade de fé para experimentar a presença do Ressuscitado. A comunidade reunida é o lugar por excelência de manifestação do Ressuscitado. Não importa o tempo e o lugar da adesão à fé; o que importa é acolher a paz que o Ressuscitado oferece e viver animado pelo Espírito que ele transmite. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Como afirmamos no início, esse texto marca a conclusão original do Evangelho segundo João: <i>“Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome”</i> (vv. 30-31). O capítulo seguinte (c. 21) é um acréscimo posterior da comunidade para responder a uma outra necessidade: o resgate da imagem de Simão Pedro, questionada pela comunidade devido à negação e outras incoerências; e também para mostrar que sempre há a possibilidade de reabilitação e admissão à comunidade, não obstante os momentos de infidelidade e incoerência. O Senhor Ressuscitado insiste incansavelmente para recuperar um amor perdido. <o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues – Diocese de Mossoró-RN<o:p></o:p></span></div>
<div>
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 13.5pt;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-3939972026318007772018-03-04T12:16:00.001-03:002018-03-04T12:16:18.704-03:00Reflexão para o III Domingo da Quaresma- João 2,13-25 (Ano B)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNunk-7ylAsr4t-UJzF_KVSEAA0De7NQTEBfgH4fcLSbqYZO6Ca-e7Sy82cQO9VsJDFQ9yq7epUyKER-CkcsCQoa7LMRXXLCwGfbwt3KImKDgxJ06On3OwVedrMc32vV8Kysre8GO0xUs/s1600/Jesus-Cleansing-temple.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1152" data-original-width="1600" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiNunk-7ylAsr4t-UJzF_KVSEAA0De7NQTEBfgH4fcLSbqYZO6Ca-e7Sy82cQO9VsJDFQ9yq7epUyKER-CkcsCQoa7LMRXXLCwGfbwt3KImKDgxJ06On3OwVedrMc32vV8Kysre8GO0xUs/s400/Jesus-Cleansing-temple.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Iniciamos hoje uma série de três domingos seguidos em que a liturgia quaresmal adota como texto evangélico um trecho do Quarto Evangelho, ou seja, do Evangelho segundo João. O texto proposto para hoje, o primeiro domingo da série e terceiro da quaresma, é Jo 2,13-25, o relato de um episódio célebre, narrado pelos quatro evangelhos, e equivocadamente intitulado de “purificação do templo”. Esse título não se sustenta mais, uma vez que o texto deixa muito claro que a intenção de Jesus não era purificar, mas destruir, abolir completamente aquele templo de pedras, tendo em vista a edificação de uma morada permanente para Deus na terra: o próprio ser humano em sua integridade e dignidade recuperadas. Isso é garantido pelo próprio Jesus com a sua doação plena, passando pela cruz e ressurreição, tornando a vida em abundância acessível a todo o gênero humano.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Alguns elementos do contexto são essenciais para uma boa compreensão do texto. Antes de tudo, chama a atenção o fato de João colocar esse episódio logo no início do seu evangelho, enquanto os sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) o colocam já na parte final de seus respectivos relatos (cf. Mt 21,12-16; Mc 11,15-19; Lc 19,45-46). Ora, João apresenta Jesus participando de três festas de páscoa em Jerusalém, enquanto nos sinóticos registra-se apenas uma participação, na qual ele fora condenado e morto. A nível de contexto, o mais importante, porém, é associar o nosso texto ao episódio que lhe precede no evangelho: as bodas de Caná (cf. 2,1-12). A transformação da água em vinho representou a passagem da lei para o amor, da letra para o Espírito; foi a substituição da antiga pela nova aliança.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Assim como não combina <i>“vinho novo em odres velhos”</i> (cf. Mt 9,14-17; Mc 2,18-22; Lc 5,33-39), também não combina aliança nova e culto antigo. Por isso, após inaugurar a nova aliança, Jesus parte para instaurar um novo culto, e isso exigia a destruição do antigo em sua máxima expressão visível: o famoso templo de Jerusalém. O episódio narrado pelo evangelho de hoje é, portanto, o complemento das bodas de Caná. Aquele culto mercantilizado e separado da vida não permitia que se sentisse o sabor do novo vinho: o amor do Pai manifestado no Filho. É muito importante perceber isto: logo no início do seu ministério, Jesus propõe duas grandes mudanças estruturantes: a substituição da lei e do culto.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Como diz o texto: <strong><i><span style="border: 1pt none windowtext; font-weight: normal; padding: 0cm;">“</span></i></strong><i>Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém”</i> (v. 13). Com a expressão “páscoa dos judeus” (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl;">pa,sca tw/n VIoudai,wn</span><span style="font-family: Georgia, serif;"> – páska ton iudaion) o evangelista já faz uma grande denúncia: aquela páscoa já não pertencia mais a Deus, tinha perdido a sua sacralidade. Ao longo do seu evangelho, João usa o termo “judeus” para designar a hierarquia religiosa, e não o povo todo. Com isso ele diz que a classe dirigente da religião sediada no templo tinha se apoderado do que é de Deus e, portanto, a comunidade cristã deve manter distância daquela prática religiosa. A páscoa do Senhor tinha sido desvirtuada, transformada em páscoa dos sacerdotes, dos vendedores e não era mais de Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Jesus se enfurece porque no espaço mais sagrado de Israel não encontrou o que deveria encontrar: <i>“No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados” </i>(v. 14). O que deveria ser encontrado no templo era pessoas de coração sincero, adoradores e adoradoras de Deus. Nesse versículo está o retrato de uma religião degenerada, transformada em mercado. Os animais mencionados, bois, ovelhas e pombas, eram comercializados no recinto sagrado para serem oferecidos em sacrifícios pelos pecados que a própria religião determinava; a variedade de animais, de bois a pombas, quer dizer que nenhuma classe social escapava, ou seja, ricos e pobres, aproximando-se do templo, eram praticamente obrigados a compactuar com o sistema. A presença dos cambistas evidencia o completo desvirtuamento do templo: o sistema econômico funcionava sob as bênçãos da religião; banco e altar conviviam em harmonia no mesmo lugar.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A situação encontrada por Jesus no templo era inaceitável. Por isso, sua atitude foi bastante drástica: <i>“Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas”</i> (v. 15). Mais que a descrição de um gesto, o evangelista quer evidenciar a postura e o sentimento de Jesus diante de uma religião exploradora. A comercialização do sagrado, independente da época, deixa Jesus enfurecido, inconformado. Com esse gesto ele propõe que toda estrutura de exploração deve ser desestabilizada, destruída, ainda mais quando essa se apoia no nome de Deus. Esse gesto se configura também como uma ação simbólica típica dos profetas do Antigo Testamento. Porém, em relação ao culto, os profetas ousaram denunciar com palavras (cf. Is 1,10-20; Am 5,21-23), enquanto Jesus com foi muito além, passando das palavras à ação.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Das categorias de vendedores, o evangelista faz questão de destacar uma delas: <i>“E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isso daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!”</i> (v. 16). Ora, as pombas eram a matéria do sacrifício que os pobres ofereciam; por isso, a ordem é severa <i>“tirai isso daqui!”; </i>como em qualquer sistema injusto, eram os pobres os mais afetados pela exploração. Pesava ver a casa do Pai transformada em comércio e, consequentemente, Deus transformado em mercadoria e, mais ainda, os pobres sendo as verdadeiras vítimas sacrificadas. Por isso, a solução ali não seria purificar o templo, mas destruí-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A motivação para Jesus agir dessa forma é muito clara: o zelo pela casa do Pai (cf. v. 17), como diz o evangelista, e que seus discípulos se recordaram. De fato, toda a ação de Jesus em seu ministério será motivada pelo incansável zelo pelas coisas do Pai, sobretudo pelo ser humano que tinha sua dignidade roubada por um sistema injusto e explorador. O “zelo pela casa” significa muito mais que uma preocupação cultual; expressa seu amor pelo ser humano, morada privilegiada de Deus. Ele foi tão “consumido” por esse zelo, a ponto de sido condenado por isso. De fato, o processo que será movido contra ele pelas autoridades políticas e religiosas da época, será consequência de suas opções radicais em favor daquilo que o Pai deseja: amor, justiça, fraternidade, dignidade, misericórdia e paz para todo o gênero humano.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Diante do que viam, e inconformados, “<i>os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” </i>(v.18). Aqui novamente a expressão “os judeus” significa os dirigentes, os quais não aceitavam ser questionados. Pedem sinais, ou seja, credenciais que autorizem Jesus a agir daquela maneira. Jesus poderia reivindicar a seu favor o pensamento de tantos profetas que ao longo da história já tinham identificado aquele culto como obstáculo para o encontro com o Pai (cf. Is 1,10-20, etc); mas, prefere falar do futuro, das realidades novas que estava para inaugurar: a supressão definitiva daquele falso culto, o qual estava com os dias contados, e sua ressurreição como instauração definitivo do novo culto verdadeiro e sincero: <i>“Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei” </i>(v. 19).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O culto autêntico, compatível com a nova aliança celebrada no amor, já não necessita de templo de pedras, mas apenas de corações sinceros que busquem e adorem a Deus em espírito e em verdade (cf. 4,23). Aquele templo de pedras, imponente e faraônico, ao invés de aproximar, distanciava as pessoas de Deus; por isso, deveria ser destruído. Enquanto isso, um templo novo e definitivo estava para ser inaugurado, graças à ressurreição (vv. 21-22), como vitória definitiva da vida sobre a morte. A vida em plenitude, o culto por excelência agradável a Deus, se tornaria acessível a todos, sem mais a necessidade de sangue de animais e ofertas, mas a partir do coração de cada um.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Os sinais e gestos proféticos de Jesus chamavam a atenção, obviamente, afinal muitos em Israel esperavam por um messias corajoso para reformar a religião e a vida social do país. Por isso, muitos “creram nele” (v. 23); porém, não basta crer, é necessário viver à sua maneira, e como Jesus conhecia o ser humano por dentro, percebia quando havia conversão verdadeira ou não (vv. 24-25). Pelas exigências radicais para o seguimento de Jesus, o cristianismo não comporta uma adesão superficial. Por isso, a comunidade não deve se entusiasmar com multidões: <i>“muitos creram no seu nome, mas Jesus nãos lhes dava crédito, pois ele conhecia a todos”</i> (vv. 23-24). A religião da superficialidade era aquela que Jesus quis abolir.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A comunidade joanina compreendeu a novidade de Jesus porque soube associar as palavras aos fatos, os sinais às Escrituras, lendo os acontecimentos do dia-a-dia à luz do que Jesus disse (vv. 21-22), tornando-se modelo para as comunidades de todos os tempos. Como cristãos de hoje, somos chamados a olhar o exemplo daquela comunidade em busca do devido equilíbrio entre a liturgia e a vida, de modo que reine o amor e, no amor entre os irmãos, seja revelado o corpo do Ressuscitado e o rosto do Pai.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><o:p style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></o:p><span style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;"></span><br />
<div align="right" style="background: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: right; vertical-align: baseline;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Roma, 04/03/2018, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
<div>
<span style="font-family: Georgia, serif;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-12367654381168223082018-02-03T22:48:00.000-02:002018-02-03T22:48:25.000-02:00Reflexão para o V Domingo do Tempo Comum- Marcos 1,29-39 (Ano B)<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"></span><br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijDEbKVxbpq86xB3SuMxZWa3A4049AQxFjysMsw2hospnQe24u3D2JL_4vXYaILRX9UNA7itL4yFnOzl-t6cKZAYYR69Tva6LEQ55DreHLPUq8HuPlo3E-P40VkVIWaaCxu-6ewQEnHxY/s1600/2017047_univ_lsr_xl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="600" data-original-width="1200" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEijDEbKVxbpq86xB3SuMxZWa3A4049AQxFjysMsw2hospnQe24u3D2JL_4vXYaILRX9UNA7itL4yFnOzl-t6cKZAYYR69Tva6LEQ55DreHLPUq8HuPlo3E-P40VkVIWaaCxu-6ewQEnHxY/s400/2017047_univ_lsr_xl.jpg" width="400" /></a></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative; text-align: start;">
</h3>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt;">O evangelho deste quinto domingo do tempo comum, Mc 1,29-39, é a continuação e conclusão da chamada “jornada de Cafarnaum” (cf. 1,21-31), cuja leitura foi iniciada no domingo passado (cf. Mc 1,21-28) e, ao mesmo tempo, o início de uma nova etapa da missão de Jesus em outros lugares da Galileia. Ora, tendo chamado os quatro primeiros discípulos (cf. 1,16-20), designando-os como “pescadores de homens”, Jesus inaugurou seu ministério em conformidade com as tradições litúrgicas de Israel: em uma sinagoga num dia de sábado. No espaço sacro, a sinagoga, Jesus apresentou a novidade do Reino em palavras e atos (ensinamento com autoridade e expulsão de espírito impuro), causando admiração e surpresa em todos os presentes, fazendo espalhar sua fama rapidamente (cf. 1,27-28).</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Se no domingo passado o evangelho iniciava com a entrada de Jesus na sinagoga, hoje inicia com a sua saída: “<i>Jesus saiu da sinagoga” </i>(v. 29a). Aqui, o evangelista emprega um verbo que recorda o êxodo: </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evxerkomai </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– ecserkomai, cujo significado mais exato é escapar, fugir ou libertar-se. Com isso, Marcos ensina que a sinagoga não é o lugar do discipulado; pelo contrário, como símbolo das estruturas de poder e dominação vigentes, a sinagoga é uma realidade da qual as pessoas devem ser libertadas. As instituições, de um modo geral, são espaços hostis para o discipulado de Jesus porque impedem a realização do ser humano em sua liberdade e dignidade plenas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Saindo da sinagoga, <i>“Jesus </i></span><i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André” </span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">(v. 29b). A casa (em grego:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">oivki,a </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– oikia) é a alternativa proposta por Jesus para a realização do seu projeto em sua dimensão espacial primeira. No âmbito do poder instituído, aqui representado pela sinagoga, não há espaço nem condições para a realização do Reino de Deus; é necessário buscar novas formas viáveis de organização que permitam a plena realização do ser humano. Compreender esse deslocamento da sinagoga para a casa é fundamental para a compreensão de todo o projeto de Reino proposto por Jesus. A casa é o espaço eclesial por excelência; é na casa onde Jesus fala abertamente com seus discípulos. A Igreja primitiva adotou a casa como o lugar da liturgia, da catequese, do encontro. Se é na casa onde acontece a vida, deve ser na casa o culto ao Deus da vida; um culto não ritual, mas serviçal. Do púlpito da sinagoga não era possível conhecer as necessidades reais das pessoas; isso só é possível indo ao encontro delas, ou seja, indo à casa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao chegar na casa com dois dos discípulos, João e Tiago, Jesus encontra uma situação desconfortável, caótica: “</span><i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus” </span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">(v. 30). Embora se tratasse apenas de uma febre, de acordo com o texto, essa tinha paralisado a mulher, impedindo-a de exercer suas funções. Se a mulher em pleno estado de saúde já valia muito pouco naquela sociedade, muito menos seria enquanto enferma. O ato de deixar Jesus a par da situação evidencia confiança nele; é sinal de que ele já estava sendo reconhecido como doador de vida e de sentido para a vida. É também sinal de que naquela comunidade embrionária a mulher deve ter um papel relevante e até essencial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Estando ciente da situação, Jesus não se omite, como não se conforma com o domínio do mal na vida das pessoas. Por isso, <i>“ele se aproximou, segurou sua mão, e ajudou-a a levantar-se” </i>(v. 31a). O texto não menciona uma única palavra de Jesus, mas apenas gestos. Por sinal, gestos sacrílegos, considerando que era dia de sábado e, portanto, nenhuma atividade manual era permitida naquele dia. Certamente, o evangelista pensou na sua e nas comunidades cristãs de todos os tempos: os gestos de libertação falam mais que longas e muitas palavras. Sem nenhum temor Jesus se aproxima de uma pessoa com a vida ameaçada; ele não teme nem foge das situações concretas de dor e sofrimento, mesmo que tal atitude fosse proibida pela religião. Pelo contrário, ele enfrenta toda situação em que a vida se encontra ameaçada. O gesto de segurar pela mão significa o cumprimento de uma ação salvífica por excelência: é Deus doando sua força em benefício do seu povo, tirando-o da opressão, de acordo com a linguagem do Antigo Testamento (cf. Ex 13,16; Is 41,13; Sl 136,12; etc.); é prova do amor e cuidado de Deus para com a humanidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com um cuidado incomparável, Jesus manifesta sua opção incondicional pela vida e o bem do ser humano. O evangelista diz que ele ajudou a mulher a levantar-se empregando o verbo grego</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">h;geirw </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– <i>egheiro</i>, o mesmo usado para falar da ressurreição do próprio Jesus (cf. 16,6). Com isso, ele quer dizer que Jesus restituiu a vida para aquela mulher. A ressurreição é, por excelência, o triunfo da vida sobre a morte e suas causas. Eis, portanto, as consequências da ação de Jesus: <i>“</i></span><i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los” </span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">(v. 31b). O mal, representado no texto pela febre, não resiste à presença amorosa e cuidadosa de Jesus. Sendo o mal banido da comunidade, as atitudes de serviço se evidenciam. O serviço é a atitude imediata de quem se encontra com o amor restaurador de Jesus e o critério para perceber se esse amor está sendo vivido na comunidade cristã. Jesus é doador de vida, e quem recebe essa vida se torna servo e serva de todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Na sequência, diz o evangelista que<i> “À tarde, depois do pôr-do-sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio” </i>(v. 32). Com esse versículo, percebemos que as pessoas continuavam escravas da religião, colocando o preceito acima do bem. Ora, a expressão “depois do pôr-do-sol” (em grego: </span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">e;du o` h[lioj </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– edi hó hélios) significa o início do novo dia. Portanto, as pessoas tinham esperado terminar o sábado, por preceito, para levarem seus doentes até Jesus. Estavam literalmente sob a escravidão da lei. Como a fama de Jesus tinha se espalhado rapidamente (cf. 1,28), era grande a procura pela sua ação libertadora. Tanto é que <i>“</i></span><i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A cidade inteira se reuniu em frente da casa” </span></i><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">(v. 33). Ao dizer que a cidade se reuniu, o evangelista emprega o verbo </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">grego </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evpisunagw </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– <i>epíssinago</i>, cujo significado é reunir, recolher, do qual deriva a palavra sinagoga. Com isso, o evangelista insiste ainda mais com a ideia da casa como alternativa à sinagoga. Se Jesus está na casa, é ali onde as pessoas devem reunir-se; e se as pessoas estão reunidas na casa, é ali onde Jesus está presente. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É claro que há exagero do evangelista ao dizer que a cidade inteira se reuniu; a expressão quer enfatizar a adesão e, principalmente, a curiosidade que a presença de Jesus despertava. É perceptível também a intenção de anunciar a falência da religião instituída: as pessoas já não se sentem mais presas à estrutura rígida e fixa da sinagoga. A reunião “em frente da casa” é sinal de liberdade, acolhida e fraternidade.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É<i> </i>importante recordar que, embora tenham levado todos os doentes, <i>“Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios” </i>(v. 34), ou seja, não curou a todos. Nas multidões sempre há incompreensão, falso entusiasmo, risco de dispersão. Estar no meio da multidão não significa necessariamente estar em comunhão. Não basta ir fisicamente ao encontro de Jesus ou participar de momentos de reunião comunidade; é necessário, antes de tudo, ter disposição interior e disponibilidade para viver os valores do Reino. A comunidade não deve entusiasmar-se simplesmente por juntar multidões; é necessário muito mais para ser, realmente, uma comunidade de discípulos e discípulas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Terminada a chamada “jornada de Cafarnaum”, Jesus iniciou uma nova fase do seu ministério. Como comunicador do Reino de Deus, ele precisava nutrir sua intimidade com o Pai através da oração, como atesta o evangelista: <i>“De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” </i>(v. 35). Ele não se deixou levar pelo aparente sucesso do dia anterior. Sentia necessidade de comunicar-se com o Pai para permanecer fiel em sua missão. A oração capacita para o discernimento, fortalece as convicções. Muitas vezes o ativismo das comunidades deixa essa dimensão importante da vida cristã passar despercebida. Aqui o evangelista deixa um recado muito claro para a sua comunidade e para as demais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Enquanto rezava, <i>“Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando” </i>(vv. 36-37). Os discípulos, ainda principiantes no seguimento, queriam certamente que Jesus repetisse os feitos da jornada anterior, refazendo o mesmo percurso. É a tentação do comodismo e do poder. Alimentado pela oração e, portanto, cada vez mais convicto de sua missão, <i>“Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim” </i>(v. 38). Aqui o aspecto dinâmico e itinerante do movimento de Jesus é evidenciado, bem como o universalismo do seu alcance é pré-anunciado. Mesmo sendo desenvolvida inicialmente na Galileia, a itinerância da missão de Jesus antecipa o universalismo que deve marcar o cristianismo de todos os tempos. Não à religião do templo, do comodismo e da conivência com os poderes instalados! Ir a outros lugares é uma necessidade de quem vive a Boa Nova e os valores do Reino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Na conclusão, temos a atestação do caráter itinerante da missão de Jesus: <i>“E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios” </i>(v. 39)<i>. </i>A atividade de “pescar seres humanos” continuava em evidência, ao priorizar os ambientes onde as pessoas corriam mais perigo: os espaços de domínio da religião; por isso, ele pregava nas sinagogas, inicialmente. Certamente, por onde passava ele fazia a passagem da sinagoga para a casa, libertando do peso da lei para o bem da vida, em espírito de serviço e gratuidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: "georgia" , serif;">Mossoró-RN, 03/02/2018, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-47091621887503583062018-01-29T01:22:00.002-02:002018-01-29T11:29:59.657-02:00Reflexão para o IV Domingo do Tempo Comum- Marcos 1,21-28 (ANO B)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSci-Gxnbxh2Wwrllf-TXYoPBEcu3d7USncty3wpp9Q0cHmdUtAykwVgyuL1k_AxdIY2BLyF9cVBiUxAgVsblEf6An1lrJcaTErWecowfPhy1hUJs3I5gVspSUfZyk7ryeiJKOAQLfd9U/s1600/jesus-heals-a-possessed-man_expulsa+esp%25C3%25ADrito+imundo+exorcismo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="399" data-original-width="600" height="265" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSci-Gxnbxh2Wwrllf-TXYoPBEcu3d7USncty3wpp9Q0cHmdUtAykwVgyuL1k_AxdIY2BLyF9cVBiUxAgVsblEf6An1lrJcaTErWecowfPhy1hUJs3I5gVspSUfZyk7ryeiJKOAQLfd9U/s400/jesus-heals-a-possessed-man_expulsa+esp%25C3%25ADrito+imundo+exorcismo.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O evangelho deste quarto domingo do tempo comum, Marcos 1,21-28, está em perfeita continuidade com o do domingo anterior (cf. Mc 1,14-20). Após ter iniciado a composição da comunidade de discípulos, chamando os quatro primeiros seguidores, e anunciado a iminência do Reino de Deus, eis que Jesus inaugura definitivamente o seu ministério na Galiléia. Embora o evangelista já tivesse feito referência a esse ministério de Jesus na Galiléia, essa é a primeira vez que ele faz uma descrição da sua atuação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Logo de início, é importante recordar que, sendo essa a primeira narrativa descritiva da atuação de Jesus, ela se torna paradigmática. Como elementos mais importantes do texto a serem observados, destacamos: as dimensões de tempo e espaço (sinagoga/sábado), ensinamento e cura (palavra/ação), admiração e confronto. Esses elementos são muito representativos para a imagem de Jesus que Marcos pretende apresentar com o seu evangelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Eis o texto: <i>“Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar”</i> (v. 21). É muito significativo esse primeiro versículo. A cidade de Cafarnaum, cujo nome significa “aldeia de Naum”, se torna o centro das atividades iniciais de Jesus na Galiléia. Era uma cidade estratégica devido a sua localização às margens do mar (lago) da Galiléia, sua economia e população bastante diversificada. Era a cidade ideal para a “pesca de homens”, atividade atribuída aos seus discípulos. Por isso, Jesus monta nela o núcleo central do seu discipulado e das suas atividades. É importante recordar que a ordem para os discípulos se tornarem “pescadores de homens” possui um significado muito forte: longe de ser um convite ao proselitismo, era um convite à promoção do ser humano em sua dignidade plena; significa a missão do discípulo de promover a libertação do ser humano de toda e qualquer situação de perigo, aprisionamento e morte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A ação de Jesus que o evangelho de hoje descreve mostra a sua principal urgência: libertar o ser humano da religião alienante e corrupta. Das tantas situações de perigo nas quais a humanidade estava imersa, a pior de todas era a alienação religiosa. Por isso, o primeiro espaço visitado por Jesus com sua mensagem e ação libertadoras foi a sinagoga.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O evangelista se aproveita da vida litúrgica de Israel, sinagoga e sábado, para apresentar a missão libertadora de Jesus. O sábado era o dia sagrado por excelência para o povo judeu; dia do repouso e do culto, da escuta atenta da Lei e dos Profetas. A sinagoga era o lugar sagrado do culto, da reunião da comunidade, da catequese; o espaço privilegiado da pregação no judaísmo e, consequentemente, do ensino da preservação das tradições e do cumprimento dos preceitos da Lei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus, ao contrário dos mestres da lei, não frequentava a sinagoga para ensinar a preservar as tradições, nem para repetir fórmulas e nem para cumprir os preceitos, mas a transgredi-los, uma vez que esses faziam parte do aparato de dominação e opressão ao qual o povo estava submetido. A diferença entre a pregação inovadora de Jesus e a tradicional dos mestres da Lei e rabinos da época logo foi percebida pelo povo: <i>“Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei”</i> (v. 22). A autoridade com a qual Jesus ensinava consistia na sua coerência de vida e fidelidade ao Pai. As pessoas, habituadas a ouvir repetições de fórmulas, logo se admiram com a novidade apresentada por Jesus. Ora, o Reino de Deus, objeto da pregação de Jesus, tinha sido bloqueado pela religião. Os mestres da Lei eram funcionários do sagrado, ao invés de autoridade ensinavam com autoritarismos e força repressiva. Jesus ensina com liberdade e para a liberdade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">À medida em que o anúncio de libertação ecoa, eis que as forças do mal se evidenciam, pois não aceitam a prática libertadora de Jesus, como constata o evangelista: <i>“Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: ‘Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”</i> (vv. 23-24). A presença desse homem no reduto sagrado da sinagoga comprova a completa falência daquela religião. Até então, o ensinamento ali oferecido pelos mestres da Lei não tinha ido de encontro ao mal instalado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A presença de um homem possuído por um espírito mau no espaço sagrado atesta que aquela religião tinha perdido sua capacidade de combater o mal. O que ameaça o mal é a presença do bem, e Jesus é, por excelência, o portador do bem, o homem possuído pelo Espírito Santo. Até então, o mal instalado não tinha se sentido ameaçado, porque não havia quem irradiasse o bem naquele ambiente. O homem possuído pelo espírito mau, com quem a religião convivia tão bem, se sente ameaçado pelo ensinamento libertador de Jesus com sua autoridade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Quanto mais o Reino de Deus se aproxima, mais o domínio do mal se sente ameaçado. Por isso, o homem pergunta o que Jesus veio fazer. O poder da morte, a anti-vida está com os dias contados. O mal sente-se destruído com a implantação do Reino de Deus. Por isso, será articulado o complô da morte entre a religião e o império romano para fazer calar a voz de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus não suporta o mal ao seu redor, por isso <i>“o intimou: Cala-te e sai dele!”</i> (v. 25). A essa ordem, segue-se o seu efeito: <i>“Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu”</i> (v. 26). Quem está dominado por forças hostis como a violência, a corrupção, a mentira e o ódio, não consegue livrar-se com facilidade. Mas, a a palavra de Jesus tem uma eficácia inconfundível e, mesmo sofrendo violência, consegue vencer. Aqui está um dos principais elementos do relato: a coerência entre a palavra e a ação de Jesus. Ensinamento e cura (expulsão do espírito mau) na mesma cena significa que em Jesus não há discordância entre o falar e o agir; Ele é totalmente coerente. Essa é a sua práxis!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Se o ensinamento de Jesus já causava admiração, essa aumenta ainda mais quando os seus ouvintes percebem a novidade também na prática: <i>“E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: ‘O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem!”</i> (v. 27). Chama a atenção da assembléia o fato de Jesus não permitir o mal diante de si. Para os mestres da Lei, pregadores e intérpretes oficiais, não importavam as situações concretas vivenciadas pelos participantes do culto; eles se preocupavam apenas em transmitir a doutrina. Jesus, pelo contrário, colocava a vida e o bem-estar do ser humano em primeiro plano, por isso incomodava as forças do mal ali instaladas. Essa novidade evidenciava ainda mais a sua autoridade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A novidade da práxis de Jesus gera admiração, fama e também aceitação da parte do povo, como recorda o evangelista: <i>“E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galiléia”</i> (v. 28). As pessoas estavam saturadas de uma religião indiferente à vida e até conivente com as forças opressoras. Jesus inova no falar e no agir, tirando a doutrina do centro e colocando a vida do ser humano. Obviamente, como vai ser mostrado ao longo do Evangelho, muitos conflitos virão como fruto de suas opções, levando-o à cruz, inclusive.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Portanto, tendo no domingo passado designado os primeiros discípulos como “pescadores de seres humanos”, hoje Jesus nos ensina a natureza dessa pesca: ser agente de libertação para a humanidade, livrando o ser humano das situações de opressão e morte. Como de todas as alienações a pior é aquela religiosa, foi no espaço dito sagrado que Ele iniciou sua missão, pois era ali onde mais se permitia que os seres humanos fossem “afogados”, ou seja, privados de sua liberdade e vida plena. Hoje, seu discipulado é também interpelado a reconhecer quais são as estruturas de domínio do mal. Vale a pena recordar que, muitas vezes, o mal ainda continua disfarçado de doutrinas, ritos e preceitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 27/01/2018, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-5587051884170946312018-01-13T21:02:00.002-02:002018-01-20T11:24:45.254-02:00Reflexão para o II Domingo do Tempo Comum - João 1,35-42 ( Ano B) <div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_o_c3o3IDy0hsqiCy9gHuc-PUzWWKcYh_aUn-go8XHwnuI3L2sbzEW_9inoMUoviYXh2N2HCg6ZUcJMppsUlZTfPlyiUPAxFi9XHXYjWVpllOGfuvwmtzGbgvmJrV2sn2Lln0F0NO5CQ/s1600/26239094_1896673583995909_5623016068847018367_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="720" data-original-width="572" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_o_c3o3IDy0hsqiCy9gHuc-PUzWWKcYh_aUn-go8XHwnuI3L2sbzEW_9inoMUoviYXh2N2HCg6ZUcJMppsUlZTfPlyiUPAxFi9XHXYjWVpllOGfuvwmtzGbgvmJrV2sn2Lln0F0NO5CQ/s400/26239094_1896673583995909_5623016068847018367_n.jpg" width="317" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A liturgia do segundo domingo do tempo comum, independente do ano litúrgico, sempre propõe um texto do Evangelho segundo João. Neste ano B, o texto proposto é Jo 1,35-42. Ao longo do ano, a liturgia do tempo comum faz uma apresentação contínua do ministério de Jesus, desde os seus primórdios na Galiléia até o seu final em Jerusalém. Recorre-se, portanto, ao Evangelho segundo João no segundo domingo, porque é esse o que melhor introduz a vida pública de Jesus, apresentando a chamada <i>“semana inaugural”</i>, aberta com o envio da comitiva pelas autoridades de Jerusalém para fiscalizar a atividade do Batista (cf. 1,19-28), e concluída com o episódio das bodas de Caná (cf. 2,1-12). O episódio narrado hoje acontece no terceiro dia dessa semana inaugural.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Iniciamos a nossa reflexão com uma pequena observação ou correção da versão litúrgica do texto: ao invés da genérica e desnecessária expressão “naquele tempo”, o texto em sua versão original contém uma delimitação temporal específica omitida pela liturgia. Ora, o versículo 35 é introduzido pela expressão “no dia seguinte” (em grego: </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Th/| evpau,rion </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– té epaúrion). Pode parecer uma observação pouco significativa, mas na verdade é de grande importância. Se o evangelista usa a expressão “no dia seguinte”, é sinal que o episódio a ser narrado está em continuidade com o anterior.</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Assim como tinha sido anunciado no prólogo que <i>“houve um homem enviado por Deus, seu nome era João. Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”</i> (Jo 1,6.8), as primeiras cenas do Quarto Evangelho apresentam exatamente o testemunho de João a respeito de Jesus. O evangelho de hoje se insere nesse contexto. No episódio anterior o evangelista narrara o primeiro encontro de Jesus com João. Ali, o Batista tinha reconhecido Jesus como o <i>“cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”</i> (cf. Jo 1,29), e dado o seu testemunho a respeito dele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No episódio narrado pelo evangelho de hoje, ou seja, um dia depois, novamente eles se encontraram: <i>“No dia seguinte, João estava com dois de seus discípulos e, vendo Jesus passar, disse: “Eis o Cordeiro de Deus!”</i> (vv. 35-36). É importante recordar que esse é o terceiro dia da narração e, portanto, seu significado é de grande importância. O terceiro dia na Bíblia não é simplesmente a soma de três dias cronológicos seguidos, mas é um sinal de intervenção de Deus. É o dia em que coisas importantes acontecem, como a ressurreição, por exemplo. Portanto, esse episódio tem um valor bastante significativo para o todo Evangelho segundo João, uma vez que é o nascimento da comunidade dos discípulos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Antes, João Batista tinha apresentado Jesus como o <i>“Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”</i>, agora o apresenta apenas como <i>“Cordeiro de Deus”</i>, uma vez que mais importante que a sua função, é pessoa de Jesus. Antes de tudo, João considera o ambiente e a situação em que o povo se encontrava: instituições corrompidas, sistema religioso sem credibilidade e um império repressivo, gerando dor e sofrimento na população mais pobre. Essa situação degradante era consequência de uma sociedade dirigida por lobos. Daí, a necessidade de alguém que assuma o papel de cordeiro, ou seja, como sinal de paz, de luta contra o mal e a violência, um líder que não faça uso de nenhum dos instrumentos usados pelos dirigentes da época: força, violência, repressão, corrupção e exploração. João não pensa no cordeiro pascal do sacrifício, mas no líder-cordeiro, ou seja, pacífico e humilde. É importante que o conhecimento da identidade de Jesus seja revelado para que seus discípulos tenham verdadeiras convicções do seguimento. João apresenta Jesus como cordeiro para os seus próprios discípulos, fazendo assim uma espécie de transição entre a sua missão de precursor e a missão de Jesus como Salvador e luz da humanidade. Ele reconhece que sua missão de testemunha está chegando ao seu cumprimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É interessante perceber como o evangelista constrói a cena: João estava com seus discípulos, viu Jesus passar e o testemunhou como cordeiro. Aqui aparece o verbo que vai orientar todo o texto: o verbo ver. Na língua grega há quatro verbos que significam ver: <i>oráo, theaomai, blêpo e emblêpo</i>. O que o evangelista usa aqui é emblêpo, o qual significa “ver por dentro”, expressa a mais alta intensidade e profundidade do olhar. Esse verbo é usado duas vezes no evangelho de hoje: para expressar o olhar de João para Jesus, e o de Jesus para Simão (v. 29). Nas outras ocorrências o evangelista usa os significados menos intensos (vv. 38-39).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A reação dos discípulos demonstra o quanto o testemunho de João era convincente: <i>“Ouvindo essas palavras, os dois discípulos seguiram Jesus”</i>(v. 37). Assim como em toda a tradição bíblica, a escuta tem grande importância na transmissão da fé. Aqui começa a formação do discipulado de Jesus no Quarto Evangelho. Enquanto nos evangelhos sinóticos o chamado acontece praticamente de improviso, com Jesus chamando diretamente, em João o chamamento faz parte de um processo iniciado pela pregação do Batista. A pregação do Batista chega ao seu objetivo, e ao mesmo tempo esgota-se. Assim, o gesto dos dois discípulos seguindo Jesus representa o cumprimento do antiga aliança e o início da nova, a qual será celebrada solenemente na conclusão da semana com as bodas de Caná (cf. Jo 2,1-12). Seguir Jesus significa a disposição de acolher a sua proposta de vida e viver como Ele; é abandonar todos os caminhos anteriores e andar somente nos seus. Significa também a dinâmica do Reino: enquanto o Batista tinha um ponto fixo para sua pregação, a missão de Jesus é dinâmica e universal.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os dois discípulos seguiram Jesus porque ouviram João testemunhar a seu respeito. Mas esse é apenas o primeiro passo de um verdadeiro seguimento, é apenas a descoberta inicial. Para tornar-se discípulo, é necessário muito mais. Por isso, <i>“voltando-se para eles e vendo que o estavam seguindo, Jesus perguntou: “O que estais procurando?”</i> (v. 38a). Esse trecho é muito importante! Essa pergunta <i>“o que estais procurando?”</i> é a primeira fala de Jesus no Evangelho segundo João; são as suas primeiras palavras. É interessante que o diálogo de Jesus com a humanidade não começa com um discurso ou uma proclamação solene, mas com um questionamento. A pergunta de Jesus é de fundamental importância, por isso continua válida ainda hoje e sempre será. É preciso ter clareza das motivações para o seguimento. É preciso refletir constantemente sobre por quais motivos se segue a Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta dos discípulos mostra que eles estavam no rumo certo e, portanto, que a catequese de João como precursor tinha sido bem feita:<i>“Eles disseram: “Rabi (que quer dizer mestre) onde moras?”</i> (v. 38b). Com essa expressão os discípulos não pedem o endereço de Jesus, mas algo muito mais profundo. A expressão <i>“onde moras?”</i> (em grego:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">pou/ me,neijÈ </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– pú meneis) significa muito mais que o desejo de conhecer uma localidade; significa <i>“qual é o seu estilo de vida?”, “como vives?”, “ensinas-nos a viver como tu!”.</i> Com todo respeito ao antigo mestre, os discípulos de João reconhecem que não é a sua vida que devem imitar, mas a vida de Jesus de agora em diante. João disse que Jesus é o Cordeiro, os discípulos não se contentam com essa informação e querem conhecer, experimentar a vida de cordeiro vivida por Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O convite de Jesus é decisivo: <i>“vinde e ver”</i> (v. 39a). O anúncio oral, como fez João Batista, é apenas o primeiro passo, é somente uma etapa no caminho para o discipulado. Para tornar-se verdadeiramente discípulo ou discípula é necessário fazer a experiência do encontro, do convívio, do estar com Ele. Aqui Jesus faz uma firme denúncia, embora sutil, à religião do seu tempo baseada na doutrinação. Ele quer dizer que não é explicável com palavras. Nenhuma doutrina é capaz de contê-lo. Jesus não é conteúdo, Ele é pessoa de relação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Só conhece Jesus quem vive com Ele, quem vai ver e permanece com Ele, como fizeram aqueles dois discípulos: <i>“Foram pois ver onde ele morava e, nesse dia, permaneceram com ele. Era por volta das quatro da tarde”</i> (v. 39b). Aqui está o primeiro modelo de discípulo e de encontro. Ir ver onde Ele mora e permanecer é acatar a sua proposta de vida. Isso se faz somente em comunidade: foram dois e permaneceram com Ele. Eles não foram conhecer um espaço físico determinado, mas foram viver como Ele. Como o dia terminava às seis horas, essa indicação temporal <i>“quatro da tarde”</i>significa que permaneceram até o fim com Ele e, por isso, quando surgir o novo dia, aqueles discípulos já estarão revestidos de uma vida nova, ou seja, do estilo de vida de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Até então, nenhum dos discípulos fora chamado pelo nome. Finalmente, um deles se torna conhecido: <i>“André, irmão de Simão Pedro, era um dos que ouviram as palavras de João e seguiram Jesus”</i> (v. 40). O evangelista reforça aqui, mais uma vez, a eficácia do anúncio de João: os discípulos seguiram Jesus porque ouviram o precursor. O outro discípulo que não é identificado por nome é, certamente, aquele que permanecerá como enigma em todo o Evangelho: o discípulo amado. O efeito do encontro com Jesus se torna visível na passagem do discípulo a missionário: André <i>“foi encontrar seu irmão Simão e disse: “Encontramos o Messias” (que quer dizer Cristo)”</i>(v. 41). Quem faz a experiência da comunhão de vida com Jesus, quem o vê e permanece com Ele sente a necessidade de dá-lo a conhecer, partilhando essa mesma experiência. Ao encontrar o messias-cordeiro, ele encontrou sentido para a vida, percebeu que os lobos de então (dirigentes políticos e religiosos) não tinham a palavra final, uma nova ordem e um novo tempo estavam surgindo a partir do fracos e pequenos, representados pela imagem do cordeiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">À medida em que a experiência de viver com Jesus vai sendo partilhada, o discipulado vai se dilatando: <i>“Então André conduziu Simão a Jesus. Jesus olhou bem para ele e disse: “Tu és Simão, filho de João; tu serás chamado Cefas” (que quer dizer: pedra)”</i> (v. 42). É interessante que o evangelista não concede a palavra a Simão. O entusiasmo era todo de André. Subentende-se uma admiração silenciosa e imóvel de Pedro, a ponto de ser necessário um encorajamento de Jesus com o acréscimo do nome Cefas (Pedra=Pedro). Assim, o grupo dos seguidores se ampliava quando a experiência vivida era compartilhada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Que o anúncio da palavra em nossas comunidades gere inquietações e inconformismos e, assim, possamos buscar o conhecimento de Jesus fazendo a experiência de comunhão de vida com a sua pessoa, indo onde Ele mora e levando-nos a reconhecê-lo no encontro com os irmãos e irmãs. Só Ele comunica vida em plenitude. E essa vida não pode ser experimentada pela mera repetição de fórmulas doutrinais, mas somente no encontro com a sua pessoa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 13/01/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-52084104727890933832018-01-07T10:27:00.000-02:002018-01-10T00:41:59.064-02:00Reflexão para solenidade da Epifania do Senhor ( Mateus 2,1-12)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTceZ9ibaAcP68AWLfynrio7ZXUqUtJVG-mDRTFUud6CITf8privXQ2CYnzIqJz80ZLTklpCKD4JATwLMz2n5JpAxkkvuSGa3E0V4po4j6rTYdSCTkY5v8bMjvHcTwgha_-EYhSwBnhf0/s1600/IMG_17500821479568.jpeg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="378" data-original-width="565" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjTceZ9ibaAcP68AWLfynrio7ZXUqUtJVG-mDRTFUud6CITf8privXQ2CYnzIqJz80ZLTklpCKD4JATwLMz2n5JpAxkkvuSGa3E0V4po4j6rTYdSCTkY5v8bMjvHcTwgha_-EYhSwBnhf0/s400/IMG_17500821479568.jpeg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;"><br /></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Celebramos neste domingo a solenidade da Epifania do Senhor, concluindo o tempo do Natal. Epifania quer dizer manifestação, deriva do verbo grego “epifaino” </span><span style="font-family: Georgia, serif;">(</span><span lang="EL" style="font-family: Georgia, serif;">επιφαινω</span><span style="font-family: Georgia, serif;">)</span><span style="font-family: Georgia, serif;">, cujo significado é manifestar, aparecer, resplender. Nesta solenidade celebramos, então, a manifestação de Deus em Jesus como luz, guia e Senhor de todo o universo, embora o texto evangélico proposto, Mateus 2,1-12, apresente um movimento oposto: é o mundo com sua pluralidade de raças e culturas, representado pelos magos do Oriente que manifesta sua adesão e aceitação ao senhorio de Jesus, indo ao seu encontro.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O texto evangélico referido é, além de longo, muito complexo, rico em teologia e simbologia e, sobretudo, belo e encantador. Infelizmente, ao longo da história, foi interpretado mais folcloricamente que teologicamente. Daí a dificuldade de apresentarmos uma interpretação mais fidedigna às intenções do autor, tendo em vista que as interpretações folclóricas, consolidadas pelo cristianismo oficial, estão muito enraizadas no imaginário popular. Nossa reflexão visa adentrar no texto em seu sentido teológico original.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Antes de tudo, devemos esquecer a linda e romântica imagem do presépio para compreendermos bem o texto bíblico, partindo dos primeiros versículos: <i>“Tendo nascido Jesus na cidade de Belém, na Judéia, no tempo do rei Herodes, eis que alguns magos do Oriente chegaram a Jerusalém</i>,<i> perguntando: ‘Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo”</i> (v. 1-2). Percebemos que Mateus, ao contrário de Lucas, não narra o momento do nascimento de Jesus, apenas o menciona como um fato já acontecido, dando, porém, informações importantes de tempo e espaço: nasceu em Belém, no tempo do rei Herodes.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A princípio, já é possível perceber a intenção do autor com essa informação: está surgindo uma alternativa de poder e realeza diferente do sistema vigente; há um deslocamento do centro para a periferia, ou seja, começa uma descentralização, o que vem a indicar que o poder, exercido até então na capital, está ruindo. É claro que é necessário o complemento da informação para termos clareza da oposição que o autor quer apresentar entre o poder centralizado e o projeto alternativo que surge: “<i>nasceu um rei para os judeus”</i>(v. 2), portanto, o poder ilegítimo de Herodes está sendo desmascarado. As indicações de tempo e espaço também servem para legitimar a historicidade do homem Jesus de Nazaré. Ora, os cristãos da comunidade de Mateus não tinham conhecido o Jesus terreno e, por isso, poderiam questionar a sua existência. Com esses dados, o evangelista quer reforçar que Jesus foi um homem concreto, gente de carne e osso que nasceu e viveu em um período histórico determinado.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">A outra grande novidade do relato, percebida ainda no primeiro versículo, está na peculiaridade dos personagens apresentados pelo autor: “<i>alguns magos do Oriente”</i> (v. 1); Ora, os magos, em grego “magoi” (</span><span lang="EL" style="font-family: Georgia, serif;">μαγοι</span><span style="font-family: Georgia, serif;">), eram estudiosos orientais, responsáveis pela interpretação dos sonhos e pela leitura dos fenômenos naturais, mas também eram vistos como feiticeiros e charlatões, operadores da magia e sacerdotes de cultos pagãos da Pérsia e Babilônia, portanto, pertenciam a uma categoria condenada pelo judaísmo e pelo cristianismo das origens; de fato, dois episódios nos ajudam a perceber o quanto a magia era condenada pela Bíblia: a saga de Balaão no Antigo Testamento (cf. Nm 22 – 23), e a tentativa de compra do dom do Espírito Santo pelo mago Simão no Novo Testamento (cf. At 8,9-24). Portanto, os magos eram pessoas abomináveis à luz da religião de Israel e dos primeiros cristãos.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Infelizmente, a tradição cristã revestiu os magos de características que não eram suas, ao caricaturá-lo de reis. Ao invés de ajudar na compreensão do texto, esse tratamento real aos magos distorceu completamente o sentido aplicado por Mateus ao criar personagens tão peculiares; é importante reforçar que esses personagens são fruto da inteligência e criatividade teológica do evangelista, ou seja, os magos não são personagens reais, mas simbólicos. De fato, a intenção do evangelista e de sua comunidade ao apresentar tais personagens era exatamente mostrar que também aos distantes e sem reputação Deus se revela, e são exatamente esses os que com mais sinceridade buscam o verdadeiro rosto de Deus, tão difícil de ser reconhecido na pessoa de uma frágil e pobre criança, como as elites, religiosa e política, não foram capazes de reconhecer.<o:p></o:p> Ainda sobre o revestimento dado pela tradição, é importante recordar que o texto bíblico não faz menção alguma ao número dos magos; não diz que eram três, como propagou a tradição, com base apenas no número dos dons por eles oferecidos: ouro, incenso e mirra. Além do número três, sem fundamento algum no texto bíblico, a tradição lhes deu nomes (Gaspar, Baltasar e Melchior) e meio de transporte (camelos).<o:p></o:p> Por isso, como afirmamos no início, é necessário deixar de lado a imagem fantasiosa do presépio para compreender bem o texto de Mateus.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Está mais do que clara a oposição: os magos vieram de longe para adorar ao Deus verdadeiro. Foram a Jerusalém, mas lá não era possível encontrar o verdadeiro Deus porque a elite religiosa o tinha monopolizado; como gentios, os magos eram barrados pelas paredes do templo que segregava os pagãos dos judeus piedosos.<o:p></o:p> Com a pergunta <i>“Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?” </i>(v. 2a), os magos afirmam que não reconhecem a autoridade de Herodes, ou seja, o consideram um rei ilegítimo; com a afirmação “<i>nós vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo” </i>(v. 2b), eles desafiam também a elite religiosa, mostrando que as paredes do templo já não conseguem mais conter esse Deus que se revela em todo o universo e a todos os povos. Portanto, os poderes político e religioso são ameaçados com o nascimento de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Enquanto Herodes exercia o poder pela força e a violência, Jesus exercerá a sua autoridade pelo serviço; enquanto a relação com Deus, monopolizado pela elite religiosa, era mediada por uma casta sacerdotal corrompida e através de sacrifícios e ofertas, em Jesus é Deus quem se manifesta plenamente, sendo Ele mesmo quem à humanidade se oferece, ao invés de exigir oferendas. Por isso, <i>“o rei Herodes ficou perturbado, assim como toda Jerusalém”</i> (v. 3), pois viam que um novo tempo estava surgindo, novas relações estavam sendo gestadas, uma sociedade alternativa estava nascendo, enfim, o Reino de Deus estava começando e, portanto, todos os reinos humanos deveriam desaparecer.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">As preocupações de Herodes e de “toda Jerusalém”, compreendida como a elite política, religiosa e intelectual predominantes, ou seja, sacerdotes e escribas, leva-os a um medíocre pacto (vv. 4-6), o qual se repetirá posteriormente e levará Jesus à morte de cruz, com as mesmas motivações: o medo que as autoridades tinham de um autêntico “Rei dos Judeus”. No nascimento, o pacto é feito entre Herodes e toda Jerusalém; na paixão será entre Pilatos e o sinédrio, mas são as mesmas forças, com as mesmas práticas. Como último recurso, Herodes tenta a fraude e o suborno, exigindo que os magos retornem a ele quando encontrassem o menino (vv. 7-8).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Ajudados pela Escritura e pelo próprio Herodes, os magos foram a Belém e lá, de fato, encontraram o que estavam procurando: Jesus, Deus e luz que ilumina todos os povos, inclusive eles, operadores de práticas abomináveis aos olhos do judaísmo. A reação deles não poderia ser outra: <i>“Ao verem de novo a estrela, os magos sentiram uma alegria muito grande” </i> (v. 10); a tradução do texto litúrgico, infelizmente, não consegue expressar suficientemente esse sentimento dos magos; o autor usa a expressão grega “ekaressan karan megalen” (</span><span style="font-family: Bwgrkl;">evca,rhsan cara.n mega,lhn</span><span style="font-family: Georgia, serif;">), para a qual a tradução mais adequada é <i>“alegraram-se com uma alegria muito grande”</i>; é compreensível o exagero do autor, considerando o seu esforço em mostrar que aquele Deus que parecia distante e inacessível pode, de fato, ser contemplado e visto por todos. A luz de Deus, até então sufocada por uma religião ritualista e segregadora, agora ilumina o universo inteiro e o convida a alegrar-se com isso, pois significa o fim de todas as barreiras, o desmoronamento de todos os muros e sinais de separação.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Certamente, a alegria deles aumentou ainda mais <i>“Quando entraram na casa, viram o menino com Maria, sua mãe”</i> (v. 11a). Por serem pagãos e magos, eles não podiam adentrar mais que o pátio do templo reservado para os gentios e, portanto, não podiam contemplar nem adorar verdadeiramente; agora, é tudo diferente: eles entram e vêem porque é o próprio Deus quem se deixa ver e conhecer em Jesus e na comunidade cristã, personificada em Maria, a mãe.<o:p></o:p>Essa passagem é muito importante, pois em todo o primeiro capítulo de Mateus houve uma centralidade e importância dadas à figura de José; nessa cena, ele não é mencionado, mas apenas Maria; em Lucas, <i>“os pastores encontraram Maria, José e o recém-nascido”</i> (cf. Lc 2,16). Certamente, Mateus teve uma intenção especial com esse detalhe: quis mostrar que Deus se deixa conhecer parcialmente na criação, através da estrela (vv. 2.9.10), na Escritura (vv. 4-6), mas de modo pleno, só é possível fazer uma verdadeira e autêntica experiência na comunidade reunida, personificada em Maria (v. 11).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">É necessário recordar o que o texto diz, desde o início, sobre o objetivo dos magos: <i>adorar o rei dos judeus</i> (v. 2). Tinham empreendido um longo caminho, inclusive errando a rota, pois foram primeiro a Jerusalém, mas lá não o encontraram, devido a estrutura rígida e decadente da religião oficial. Somente deslocando-se para a periferia puderam, de fato, experimentar o Deus que tanto buscavam. Aqui, está o ápice do contraste que o evangelista quer apresentar: o templo perdeu seu sentido, Deus não habita mais nele; é necessário retirar-se para a periferia, inserir-se na comunidade e, assim, adorar e experimentar a beleza desse Deus que quer apenas misericórdia e amor, e não mais sacrifícios.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Quando perceberam que encontraram aquele que tanto buscavam, <i>“ajoelharam-se diante dele e o adoraram”</i> (v. 11). Essa atitude mostra que, finalmente, saciaram-se, encontraram sentido para suas vidas e, portanto, esvaziaram-se de si, oferecendo tudo o que haviam. Não ofereceram porque lhes fora exigido, como exigia o templo, mas porque sentiram-se confortados e correspondidos. Enquanto os poderes oficiais se uniam para matar, os magos, como figuras dos marginalizados, se prostram unidos para adorar. A adoração verdadeira, ou seja, o autêntico culto, não depende mais de um espaço específico delimitado pela religião; é feita na própria casa; a única exigência é que seja feita em <i>“espírito e em verdade”</i> (cf. J 4,24).<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">É claro que os presentes oferecidos pelos magos, ouro, incenso e mirra (v. 11b) são simbólicos e revelam, por um lado a identidade de Jesus e, por outro, a nova relação entre a humanidade e Deus. O ouro, revela que Jesus é rei enquanto o recebe, mas ao mesmo tempo diz que todas as nações podem participar do seu reino, enquanto foi oferecido por pagãos; assim, o privilégio de Israel como povo escolhido perde o seu sentido, pois a pertença ao Reino de Deus não é determinada por raça ou cultura, mas pela sinceridade de coração. O incenso representa a divindade de Jesus, ou seja, é o reconhecimento de que Ele é Deus, mas a humanidade não precisa mais dos sacerdotes do templo para se comunicar com Ele, pois qualquer pessoa e em qualquer lugar pode fazer isso. A mirra é o mais ambíguo dos três presentes: é, antes de tudo, o sinal da humanidade de Jesus, uma vez que era um perfume usado pelos judeus para embalsamar os cadáveres, como acontecera com o corpo do próprio Jesus, quando morreu; porém, no Cântico dos Cânticos, em diversas passagens, a mirra é citada como o perfume da esposa amada (cf. Ct 5,5.13) e, com muita probabilidade, Mateus quis dizer que a esposa amada de Deus deixou de ser Israel e passou a ser toda a humanidade.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">O texto termina com uma afirmação de muita relevância para a comunidade cristã e para todas as pessoas de todos os tempos e lugares: os magos retornaram seguindo outro caminho (v. 12). Para viver essa nova relação com Deus, é necessário desviar-se das antigas rotas e estruturas, representadas por Herodes e o templo. Quem faz uma experiência autêntica com Deus, de fato, segue outro caminho, em grego “allés hodú” (</span><span style="font-family: Bwgrkl;">a;llhj o`dou/</span><span style="font-family: Georgia, serif;">). Eles perceberam, finalmente, que Jerusalém só oferecia exploração, ganância e violência. A experiência com Deus faz o ser humano mudar a mentalidade e, consequentemente, o caminho a percorrer. Esse caminho significa o agir, o jeito de viver.<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Concluindo, podemos deixar como reflexão permanente: uma vez que concluímos o tempo do Natal, quais os caminhos que iremos percorrer de agora em diante? Se serão os caminhos de sempre, ou seja, se continuarmos com as mesmas maneiras de pensar e compreender as coisas, principalmente a nossa relação com Deus e o próximo, Jesus não nasceu em nós... e, se não nasceu, não poderemos manifestá-lo ao próximo!<o:p></o:p></span></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm 0cm 0.0001pt; text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; margin: 0cm; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif;">Mossoró-RN, 05/01/2018, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
<div>
<span style="font-family: Georgia, serif;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-33181846557826267662017-12-31T11:33:00.000-02:002018-01-10T00:41:58.923-02:00Reflexão para a Festa da Sagrada Família- Lucas 2,22-40 (Ano B)<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioEBEYkcPUA2tmGu2WeaEcg9hZMG-x94quqE7ibKr4Tdp1m_42EjFSwVQE9hynB6dnEb-l_OskyLps6GLE6s1Q_ad3nKEWuHEBI0o4Vbl-fVF0LJOsZLYCToltoXOf2l7IApmSJIw1hdo/s1600/Lc-222-40.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="400" data-original-width="800" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEioEBEYkcPUA2tmGu2WeaEcg9hZMG-x94quqE7ibKr4Tdp1m_42EjFSwVQE9hynB6dnEb-l_OskyLps6GLE6s1Q_ad3nKEWuHEBI0o4Vbl-fVF0LJOsZLYCToltoXOf2l7IApmSJIw1hdo/s400/Lc-222-40.png" width="400" /></a></div>
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste domingo em que celebramos a festa da Sagrada Família, a liturgia nos oferece o texto de Lc 2,22-40 para o evangelho, a narrativa do episódio conhecido como apresentação de Jesus no templo de Jerusalém. É importante esclarecer, desde já, que esse texto não é um tratado sobre a família, mas uma maneira de Lucas afirmar a “normalidade” de Jesus: nasceu e criou-se no seio de uma família judaica, condicionado aos costumes e leis da sua época, embora capaz de contradizê-los e até negá-los, conforme a necessidade, como será demonstrado ao longo do Evangelho. É um texto de alta concentração cristológica, no qual são unidos diversos elementos do Antigo Testamento à novidade de Jesus como preparação para o seu reconhecimento como salvador universal, ou seja, “luz das nações” (v. 32).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Por se tratar de um texto bastante longo, não comentaremos cada versículo, mas procuraremos colher a mensagem central em seu conjunto, embora seja necessário evidenciar alguns versículos em particular. É importante, antes de tudo, perceber o contexto para melhor compreender. Esse texto faz parte do chamado “Evangelho da infância”, já em sua parte final. Após a encantadora narrativa do nascimento, com o coro dos anjos e a visita dos pastores (cf. 2,8-20), Lucas menciona a circuncisão do menino no oitavo dia (cf. 2,8,21) e, em seguida, narra a cena da apresentação do menino e a purificação da mãe, conforme o preceito legal judaico, e os testemunhos dos anciãos Simeão e Ana (2,22-40).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Conforme afirmamos anteriormente, esse texto tem uma alta concentração cristológica, ou seja, é Cristo o seu centro, e isso já pode ser percebido no primeiro versículo: <i>“Quando se completaram os dias da purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor”</i> (v. 22). O preceito de purificação era aplicado somente à mãe: quarenta dias após o parto, se a criança fosse menino, e oitenta dias se fosse menina (Lv 12,1-8). Ora, a lei exigia apenas que a mãe se apresentasse ao sacerdote; ao inserir Jesus na cena, Lucas pretende evidenciar a sua importância e centralidade. Quanto ao fato da apresentação, não havia nenhuma prescrição legal para esse gesto. A Lei determinava não prescrevia a apresentação da criança, mas apenas a consagração do primogênito: <i>“Conforme está escrito na Lei do Senhor: todo primogênito do sexo masculino será consagrado ao Senhor”</i>(v. 23 = Ex 13,2). Para essa consagração não havia necessidade de levar a criança ao sacerdote; exigia-se apenas o pagamento do seu resgate (cf. 34,19-20). Ao dizer que Jesus foi apresentado, Lucas quer enfatizar a sua pertença ao Pai.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Um dos temas mais caros ao Evangelho segundo Lucas é a atenção aos pobres. Nesse episódio, esse tema é enfatizado pela descrição da oferta de José e Maria em expiação pela purificação da mãe: <i>“Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor”</i> (v. 24). A oferta deveria ser de um cordeiro, com exceção para as famílias pobres que podiam oferecer um par de rolas ou dois pombinhos (cf. Lv 12,8), como fizeram José e Maria. Com isso, o evangelista evidencia que Jesus veio pelos pobres, para os pobres e para ficar com os pobres. Sua identificação é clara com os últimos de Israel e, consequentemente, de todo o universo: humildes, pecadores, mulheres, etc.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Para ilustrar a cena, Lucas introduz em sua narrativa dois personagens importantes para a sua criação teológica: Simeão e Ana. Ambos são personalidades corporativas, ou seja, representam uma coletividade: o povo de Israel que permaneceu fiel às promessas de Deus, sobretudo os mais pobres, e que vê em Jesus o cumprimento dessas promessas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">De Simeão, diz Lucas que ele era <i>“justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor”</i> (vv. 25-26). Com as credenciais de justo e piedoso, ele é colocado entre aqueles que se mantiveram fiéis ao Senhor, não obstante tantos momentos críticos ao longo da história de Israel e, por isso, esperavam a consolação. Ora, esperar a consolação significa reconhecer e assumir uma situação de tristeza, negação da vida. Por isso, Lucas enfatiza tanto a alegria ao longo do seu Evangelho. Israel vivia uma situação caótica e triste, na qual muitos perderam a esperança e o gosto pela vida. Simeão soube esperar e reconhecer em Jesus o consolo definitivo, a salvação de quem estava literalmente perdido, sem perspectivas, devido a opressão causada pelos poderes vigentes na época, o império romano e a religião oficial de Israel. Vivendo em situação tão adversa e caótica, somente tendo consigo o Espírito Santo, Simeão poderia sentir a libertação definitiva tão próxima. Esse dado é importante: é o Espírito Santo quem credencia o ser humano a acolher a novidade de Jesus e do Evangelho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao dizer que <i>“Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus”</i> (v. 28), Lucas quer afirmar que o velho acolheu o novo, os dois testamentos (alianças) se encontraram e podem, de agora em diante, conviver em harmonia, desde que haja abertura ao Espírito Santo da parte do antigo. O povo da antiga aliança é consolado ao participar da nova aliança, cedendo aos apelos do Espírito Santo. Isso requer um aprofundamento na vivência da fé, graças ao Espírito Santo. Conforme já profetizara Isaías (cf. Is 49,6), Simeão percebe que é preciso abrir mão de certos pensamentos hegemônicos: a glória de Israel é compatível com a luz das nações. Ora, luz é também sinal de glória. Portanto, se Israel encontra sua glória, os povos de todo o mundo são também iluminados, e não dominados, como esperavam os movimentos mais nacionalistas e radicais.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Somente com olhos e coração atentos ao Espírito Santo, era possível afirmar que a salvação foi vista, contemplada. Assim, Simeão e, nele, todo o Israel fiel, pode dizer: <i>“podes deixar teu servo partir em paz” </i>(v. 30). De fato, Antigo Testamento deu ao Novo seu lugar! Simeão, ajudado pelo Espírito Santo, antecipa a missão de Jesus e o efeito dessa: ser sinal de contradição e causa de queda e reerguimento para muitos em Israel (cf. v. 34). O Evangelho não será acolhido por todos e, portanto, a sua acolhida causará divisão, angústia e, consequentemente, queda e elevação. Na verdade, Lucas está reforçando o que já tinha apresentado no cântico de Maria: o Deus de Israel e de Jesus eleva os humildes e faz cair os soberbos (cf. Lc 1,52ss).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Quando ao que Simeão diz em relação a Maria, a mãe, não é uma profecia em relação ao drama da cruz, como muitas interpretações tradicionais afirmam. A espada é uma imagem da palavra de Deus no Antigo Testamento (cf. Is 49,2). Portanto, será a Palavra de Deus, revelada plenamente em Jesus, a atravessar Maria: o Evangelho dividirá o povo judeu; uns o acolherão, outros não; como imagem e figura de Israel, Maria viverá em si esse drama. A espada aqui é o Evangelho que dividirá o mundo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Quanto a Ana, seu papel é semelhante ao de Simeão. Ao mencioná-la, Lucas quer enfatizar a importância da mulher na nova aliança, resgatando a importância que a a antiga lhe tinha neglicenciado. Ao qualificá-la como profetisa, o evangelista lhe atribui um papel importante; poucas mulheres receberam esse título no Antigo Testamento (cf. Jz 4-5: Débora; 2Rs 22, 14: Hulda). A sua idade é bastante significativa: 84 anos, o que significa 7 vezes 12, ou seja, Israel (número 12) chegando a sua perfeição (número 7); portanto, Ana representa é o Israel ideal que encontrou em Jesus a sua razão de ser. Por isso, ela <i>“pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” </i>(v. 38). O louvor é consequência de quem se reencontra com a alegria e o gosto pela vida, algo que Lucas valoriza bastante em sua obra (Evangelho e Atos). Ana, ao louvar, se solidariza com todos aqueles que esperavam a libertação. Ora, libertação é o desejo de quem se sente na escravidão. Ela reconhece Jesus como a libertação definitiva de quem se encontrava escravizado pelo império romano e pela religião judaica.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Diante de tudo o que se dizia do menino, a reação dos seus pais não poderia ser diferente: estavam maravilhados (v. 33). Assim como Simeão e Ana, José e Maria também estavam cansados da vida com suas mazelas, exploração e desencantos. Porém, mantiveram a esperança viva; não desanimaram, esperaram no Senhor e viram a libertação e a consolação. Por isso, são para nós testemunhas autênticas de um Deus que não deixa de cumprir as suas promessas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A grande lição desse belo texto evangélico é exatamente essa: em Jesus, as promessas de Deus são realizadas, o Antigo Testamento é cumprido, porém, de modo surpreendente: a mensagem salvífica de Jesus é tão grande que Israel não é capaz de comportá-la; por isso, transcende, é luz para todos os povos!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Maravilhar-se é admirar-se, encantar-se. Somente o que é grandioso e novo pode encantar realmente. É olhando para as raízes de Jesus e, ao mesmo tempo, indo além, que somos chamados a testemunhá-lo com amor, alegria e determinação, na certeza de que n’Ele, somos consolados e libertados!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 30/12/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-57011508307566300532017-12-25T19:43:00.000-02:002018-01-10T00:41:59.113-02:00Reflexão para o IV Domingo do Advento-Lucas 1,26-38 ( Ano B)<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #3b3b3b; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-stretch: inherit; font-variant-east-asian: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #3b3b3b; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-stretch: inherit; font-variant-east-asian: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5SMRgKPtt7b3qDw3wHYqZXg050tWmCa6TqmRAw6BKlDc34OZPK0S-eXU4Me-26hnUTMv_30R0n7MsHC_WgsCyxWfEUa9fMel6I7xaod7ss4QUoUtl0OD1DnDb6sdE91HMLvdwho9muIk/s1600/12348150_1504604139869524_6522770140075630565_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="553" data-original-width="750" height="293" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5SMRgKPtt7b3qDw3wHYqZXg050tWmCa6TqmRAw6BKlDc34OZPK0S-eXU4Me-26hnUTMv_30R0n7MsHC_WgsCyxWfEUa9fMel6I7xaod7ss4QUoUtl0OD1DnDb6sdE91HMLvdwho9muIk/s400/12348150_1504604139869524_6522770140075630565_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background-color: white; border: 0px; box-sizing: border-box; color: #3b3b3b; font-family: "Helvetica Neue", Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; font-stretch: inherit; font-variant-east-asian: inherit; font-variant-numeric: inherit; line-height: inherit; margin-bottom: 20px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
<br /></div>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; font-variant-east-asian: normal; font-variant-numeric: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;">
<div class="post-body entry-content" id="post-body-5144397130112002404" itemprop="description articleBody" style="font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; font-weight: 400; line-height: 1.4; position: relative; width: 540px;">
<div dir="ltr" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A liturgia deste quarto e último domingo do advento constitui o ápice da preparação para o Natal do Senhor. Assim como nos dois últimos domingos (segundo e terceiro) fomos ajudados pelo testemunho de João Batista, hoje é a figura de Maria que nos é apresentada como testemunha exemplar de acolhida aos desígnios de Deus em sua vida. Por isso, a liturgia recorre ao Evangelho segundo Lucas, e nos oferece o texto da anunciação: Lc 1,26-38, uma vez que o evangelho do ano corrente, Marcos, não faz qualquer menção a este acontecimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Esta última etapa litúrgica de preparação para o Natal tem a função de nos introduzir diretamente no mistério da encarnação, mostrando como Deus intervém na história, vindo ao encontro da humanidade de maneira extraordinária e, ao mesmo tempo, simples, interagindo surpreendentemente com o ser humano através do diálogo, propondo ao invés de impor, escolhendo os pequenos e marginalizados ao invés dos poderosos e ricos, fazendo morada na periferia ao invés dos grandes centros. Essas pequenas pequenas observações constituem uma breve síntese do evangelho de hoje, objeto da nossa reflexão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A anunciação do nascimento de Jesus pelo anjo Gabriel a Maria não é um evento isolado no terceiro evangelho. Na verdade, esse evento é precedido por um outro anúncio: o do nascimento de João a Zacarias. Inclusive, para compreender melhor o anúncio a Maria, é necessário recordar alguns elementos do anúncio a Zacarias, como: o ambiente urbano e solene do templo de Jerusalém, um sacerdote como destinatário, a idade avançada dos personagens (Zacarias e Isabel), a incredulidade. Esses elementos são importantes para as intenções teológicas de Lucas, o qual convida o ouvinte/leitor a perceber que no anúncio a Maria acontece praticamente o contrário, como sinal de que, em Jesus, começa uma nova história da humanidade, escrita a partir dos pequenos, com uma verdadeira revolução de valores e relações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mais uma vez, a versão litúrgica do texto traz um prejuízo logo no primeiro versículo, ao trocar o indicativo temporal <i>“No sexto mês”</i>, como consta no texto bíblico, pela fórmula genérica e vaga <i>“naquele tempo”</i>. Assim é o primeiro versículo: <i>“No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré”</i> (v. 28). O sexto mês tem como referência o anúncio feito a Zacarias: seis meses após, o anjo Gabriel foi enviado a Nazaré. Aqui começa a novidade. Ora, a Galiléia era uma terra desprezada, considerada semi-pagã; embora fossem judeus de raça, seus habitantes eram vistos com desconfiança pelos líderes religiosos e políticos de Jerusalém. Nazaré era uma pequena aldeia, nunca mencionada no Antigo Testamento; aqui, Lucas a apresenta como símbolo máximo do desprezo e do anonimato, sinal das surpresas de Deus. Para onde a religião só dispensava desprezo e discriminação, Deus envia o seu mensageiro para dar uma Boa Notícia!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Além do lugar desprezível, Deus surpreende também na escolha da destinatária: <i>“a uma virgem, prometida em casamento, a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi, e o nome da virgem era Maria” </i>(vv. 27-28). Embora a tradição cristã tenha transformado a virgindade em virtude, para a mentalidade semita a mulher virgem tinha uma conotação bastante negativa; ser virgem significava não ter capacidade de atrair os desejos e olhares de um homem, e numa cultura ultra-machista de completo desprezo pela mulher, isso era lamentável, sinônimo de desgraça. No caso de Maria, menos mal que já estava <i>“prometida em casamento”</i>. É importante recordar como se dava o casamento judaico. Esse acontecia em duas fases: a primeira, chamada de “etapa da promessa”, durava cerca de um ano; nessa fase, já eram considerados casados, mas a noiva continuava morando com seus pais. Um ano após a “promessa”, acontecia a celebração de bodas, dando início a segunda fase; após cerca de uma semana de festa, os cônjugues passavam a viver juntos. O casamento era consumado na primeira noite das bodas, por isso a noiva permanecia virgem durante toda a fase da promessa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Embora uma nova história da salvação estivesse para acontecer, o evangelista faz questão de mostrar a continuidade dessa história e da ação perene de Deus em favor da humanidade, levando as antigas promessas ao seu cumprimento. Por isso, apresenta José como descendente de Davi, mostrando que a nova história começa como cumprimento da velha; as duas alianças de unem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Do versículo 28 em diante, o texto se desenvolve em forma de um surpreendente diálogo entre o enviado de Deus e Maria: <i>“O anjo entrou onde ela estava e disse: ‘Alegra-te cheia de graça, o Senhor está contigo!”</i>(v. 28). Ao dizer que o anjo entrou, o evangelista dá a entender que o anúncio foi dado dentro de casa, contrapondo ao anúncio solene a Zacarias no templo de Jerusalém. Através de seu mensageiro, Deus rompe todas as barreiras de classe e cultura, dialogando com uma mulher em uma casa de aldeia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O imperativo “alegra-te” (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">cai/re </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– kaire) que abre o diálogo sinaliza para um novo tempo: coisas boas estão para acontecer, uma nova história virá! É também uma demonstração de que Deus não se deixa condicionar pelos esquemas da religião e da cultura, substituindo a tradicional fórmula de saudação hebraica <i>“shalom”</i>. O motivo da exuberante saudação nem sempre foi bem compreendido: <i>“cheia de graça, o Senhor está contigo”. </i>Algumas práticas devocionais exageradas tende a encher Maria de méritos, a ponto de Deus tê-la premiado por isso, escolhendo-a para mãe de seu Filho. O anjo não está dando um atestado de virtudes, mas fazendo um anúncio maravilhoso: <i>“O Senhor está contigo, te enchendo de amor gratuitamente”</i>; essa seria a tradução mais justa. A escolha de Maria, portanto, não foi um prêmio por suas virtudes, mas uma demonstração da gratuidade do amor de Deus. Na Bíblia, graça e mérito são incompatíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A reação de Maria é bastante compreensível, considerando a novidade do acontecimento: ficou perturbada e pensativa (v. 29), chegando, inclusive, a ter medo (v. 30). Como a iniciativa foi de Deus, é Ele mesmo, através de seu mensageiro, o anjo, quem explica qual será a missão de Maria na nova história: <i>“Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim” </i>(vv. 31-33). A missão de Maria é de uma mulher autônoma, emancipada: conceber, dar à luz, pôr o nome. Pela tradição, quem dava o nome à criança era o pai, principalmente se o filho fosse varão. No limiar de um novo tempo, a história toma um novo rumo com o protagonismo da mulher.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Simultânea à missão de Maria, também vem explicada a do filho, começando pelo nome Jesus, o qual significa <i>“Deus salva”</i>; aqui está o sentido de todos estes acontecimentos. A ação salvífica de Deus, até então bloqueada pela religião, de agora em diante se estenderá a todas as gerações. Sendo <i>“Filho do</i> <i>Altíssimo”, </i>ninguém terá poder sobre Ele. Ocupará de uma vez por todas o trono de Davi; não terá sucessores, como acontecera no passado, inaugurando um reino novo na certeza de que não cairá nas antigas vicissitudes, como ocorrera com o finado reino de Israel. Assim, cumprem-se as promessas do Antigo Testamento, mas não conforme as antigas expectativas. <i>“Deus salva”</i> a partir dos pequenos e das margens; será essa a principal característica do Reino que está prestes a ser inaugurado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A interação de Maria com o anjo revela uma nova concepção de Deus. O Deus soberano e distante é coisa do passado. O Deus do diálogo entra em cena: vindo ao encontro da humanidade, escolhendo o lado mais fraco da história, permite ser questionado por uma jovem mulher. Maria antecipa o novo rosto da humanidade e da religião, quebrando protocolos, abandonando rituais, interagindo diretamente com o divino: <i>“Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” </i>(v. 34). Ela compreende que é possível dialogar com Deus e até questioná-lo, afinal, Ele quis ser um de nós! Mais que percepção e cognição, o verbo conhecer (em grego:</span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ginw,skw </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– guinôsko) na tradição bíblica significa intimidade, e até mesmo relação sexual; é nesse sentido que Lucas o emprega aqui. É o mesmo que afirmar que Maria disse <i>“Como isso pode acontecer, se eu não tenho relação com homem algum?”. </i>De fato, embora já fossem considerados marido e mulher, na primeira etapa do casamento não era permitido ter relação sexual. A fé autêntica não está imune a questionamentos, pelo contrário. Na pergunta de Maria, Lucas antecipa o modelo ideal de discipulado: crente, confiante, perspicaz e questionador. Com a crescente mercantilização do sagrado, o exemplo questionador de Maria se torna cada vez mais necessário no discipulado de Jesus; isso vale para todos os tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">À humanidade questionadora, Deus não responde com castigo, como muitos ainda hoje pregam. A resposta de Deus, através do anjo, é de quem acredita no ser humano e tem paciência com ele, bem típico do Deus de Jesus: <i>“O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus”</i> (v. 35). Além da capacidade de Deus agir de modo completamente novo, extraordinário e surpreendente, a concepção divina de Jesus, dispensando a intervenção masculina, marca também um rompimento com a tradição familiar patriarcal. A figura masculina deixa de ser o centro da família e da sociedade, preconizando uma sociedade marcada pela igualdade nas relações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ainda em resposta ao questionamento de Maria, o mensageiro de Deus cita o exemplo de Isabel, uma anciã considerada estéril, porém fecundada graças à intervenção divina. Os dois casos, uma anciã estéril e uma jovem virgem grávidas, ressaltam a grandiosidade de Deus, comprovam que para Ele nada é impossível (v. 37). Como é a partir das dúvidas que a fé se torna sólida, Maria chega à conclusão da veracidade do anúncio e se prontifica a colaborar decisivamente com o projeto de Deus para a construção de um mundo novo e de uma humanidade renovada: <i>“Eis aqui a serva do Senhor”</i>(v. 37a). Mais que uma prova de humildade, a resposta de Maria é uma profissão de fé, amor e confiança. Com a expressão <i>“a serva do Senhor”</i> (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">h` dou,lh kuri,ou</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – hé dulé tu kyriu), Maria não dá uma declaração de humildade, mas se apresenta como colaboradora de Deus. Ora, no Antigo Testamento, “servo do Senhor” era um título de honra, aplicado apenas a figuras masculinas, tanto síngulas quanto corporativas. Aplicando a si, Maria diz que também as mulheres podem ser colaboradoras de Deus e de seu plano salvífico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O consentimento livre e espontâneo demonstra a autonomia e a confiança de Maria: <i>“faça-se em mim segundo a tua palavra!” </i>(v. 37b). Naquelas circunstâncias sócio-históricas, a mulher não tinha nenhum poder de decisão; só o pai ou o marido poderiam decidir por ela. Ao ser consultada e responder sozinha, sem pedir permissão a nenhum homem, Maria rompe completamente com os condicionamentos culturais da época, tirando a mulher da humilhante situação de submissão. Assim, ela preconiza a total emancipação da mulher. Abrindo-se com disponibilidade para o cumprimento da palavra, ela se torna exemplo de discípula.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Podemos, então, concluir que o maior exemplo de preparação para a acolhida do Senhor é Maria. Com seu testemunho de fé no Senhor, espírito questionador, automia e coragem, ela se torna modelo e exemplo para o discipulado de todos os tempos. Para sentir os sinais da sua vinda/presença, o Senhor nos convida, através do exemplo de Maria, a olhar para as margens, ouvir os silenciados de sempre e, assim, construir uma nova história.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 23/12/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
</div>
<br />
<div style="clear: both;">
</div>
</div>
<div class="post-footer" style="border-bottom: 1px solid rgb(204, 204, 204); color: #660000; font-family: Cantarell; font-size: 12.6px; font-weight: 400; line-height: 1.6; margin: 20px -2px 0px; padding: 5px 10px;">
<div class="post-footer-line post-footer-line-1">
<br /></div>
</div>
</h3>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-14762244875599154142017-12-17T08:51:00.002-02:002018-01-10T00:41:58.731-02:00Reflexão para o III Domingo do Advento- João 1,6-8.19-28<div class="post-body entry-content" id="post-body-3244133520535131222" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; line-height: 1.4; position: relative; width: 540px;">
<div dir="ltr" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheIUOV5akq5OhCIQHmOPdWMhRw8FaBuvn55IRn1qeFcpUD0AbeJcu18cyFDsHyV8N9tcOpO6d5xJMt57sriO56rak4QmeeuR-8-Av9WFRcwqiol16Z-MRpJx2FOrPMhOIliNNJu0yU8Mc/s1600/Jo%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="591" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEheIUOV5akq5OhCIQHmOPdWMhRw8FaBuvn55IRn1qeFcpUD0AbeJcu18cyFDsHyV8N9tcOpO6d5xJMt57sriO56rak4QmeeuR-8-Av9WFRcwqiol16Z-MRpJx2FOrPMhOIliNNJu0yU8Mc/s400/Jo%25C3%25A3o.jpg" width="307" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste terceiro domingo do advento, o Evangelho nos apresenta, mais uma vez, a figura de João, o Batista, como personagem importante no caminho de preparação para o reconhecimento e acolhida do Senhor que já veio e, portanto, já está entre nós. O texto evangélico que a liturgia propõe é Jo 1,6-8.19-28. Como Marcos apresenta a missão do Batista de maneira bastante breve, a liturgia recorre ao Quarto Evangelho para continuar a apresentar sua missão de precursor de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O texto que liturgia oferece é composto de duas partes distintas: a primeira (vv. 6-8), funciona como introdução, uma vez que faz parte do rico prólogo poético-teológico, o qual funciona como introdução teológica a todo o Quarto Evangelho; a segunda parte (vv. 19-28) é o desenvolvimento da introdução, e corresponde à abertura da primeira seção narrativa do Quarto Evangelho, iniciada exatamente com a apresentação do testemunho de João, o Batista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Em seu rico prólogo, o evangelista João apresenta Jesus Cristo como “lógos”<i></i>(em grego:</span><b><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span></b><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">lo,goj</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">), palavra/verbo originário de todas as coisas (cf. 1,1-18). Se trata de um hino altamente cristológico, mas mesmo assim, o autor encontra razão e espaço para citar, nesse texto, a existência de um homem: <i>“Surgiu um homem enviado por Deus; Seu nome era João”</i> (v. 6). Ao falar de Jesus e de sua vinda ao mundo, a missão de João não pode ser ignorada. Como Deus nunca deixou de comunicar-se com a humanidade, ao enviar seu filho, envia também um mensageiro para apontá-lo, para ajudar o mundo a reconhecê-lo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como homem enviado por Deus, o precursor é figura proeminente no despertar das consciências para a luz que veio iluminar a humanidade dominada pelas trevas: <i>“Ele veio como testemunha da luz, para dar testemunho da luz, para que todos cheguem à fé por meio dele” </i>(v. 7). A luz da qual fala o evangelista é o próprio Cristo (lógos), já presente, mas ainda não reconhecido como tal; por isso, é necessário o testemunho de João apontando para Ele, para que todos cheguem a fé, sem distinção entre israelitas e gentios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Controlada e explorada politica e economicamente por Roma, religiosa e ideologicamente pela elite sacerdotal de Jerusalém, a Palestina do tempo de Jesus vivia uma situação plena de trevas; trevas como negação da vida plena e digna. Por isso, as pessoas estavam ansiosas por luz, e Jesus vem apresentado como luz. E, para que João não fosse confundido com Jesus, o messias-luz, o evangelista esclarece: <i>“Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz”</i> (v. 8). Embora tenha um papel proeminente na construção de um mundo novo, iluminado, João não pode ser confundido com Aquele que, de fato, é luz e vida por excelência; seu papel foi o testemunho, como é hoje o de todos os cristãos e cristãs. Dar testemunho da luz é a missão que João, como precursor, transmite aos seguidores de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Após introduzir a missão de João, com suas credenciais de testemunha da luz, o evangelho descreve a sua missão, sendo essa, desde o princípio, marcada pela perseguição da parte daqueles queriam manter o mundo em trevas: <i>“os judeus enviaram de Jerusalém, sacerdotes e levitas para perguntar: ‘Quem és tu?’”</i> (v. 19). É importante esclarecer que, ao mencionar os judeus, o evangelista não se refere ao povo judeu em si, mas às suas autoridades, ao núcleo do poder, aos chefes, nesse caso específico, ao sinédrio.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Certamente, a pregação de João começava a surtir efeito e espalhavam-se boatos a seu respeito. Como a luz é ameaça para as trevas, os movimentos populares são ameaças para os controladores da ordem vigente. Assim, a pregação de João preocupava os detentores de poder na sua época. Por isso, diz o texto que as autoridades enviaram uma comitiva, composta de sacerdotes e levitas, para fiscalizar a atividade de João, perguntando pela sua identidade: <i>“Quem és tu?”.</i> Mais que curiosidade, essa pergunta revela o menosprezo dos que se sentem os únicos autorizados a falar em nome de Deus. Revela também o medo da perda de privilégios.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como boa testemunha da luz, João responde, dizendo quem não é: <i>“Eu não sou o Messias”</i> (v. 20). Quem tem consciência de sua missão, não assume o lugar e a competência do outro. Além da coerência do Batista, é importante também perceber aqui a coerência teológica do evangelista: no Quarto Evangelho, a expressão <i>“Eu sou”</i> (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evgw. eivmi,</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – egô eimí) é reveladora da identidade divina, em consonância com o Êxodo (cf. Ex 3,14): somente Jesus “é” (cf. Jo 8,58). O autor do Quarto Evangelho não permite que nenhum outro personagem seu use essa expressão para si, porque ela é exclusiva de Deus. Inclusive, no próprio texto de hoje, quando na tradução litúrgica apresenta João se identificando como <i>“Eu sou a voz que grita no deserto”</i> (v. 23a), na língua original está apenas: <i>“Eu, a voz que grita no deserto” </i>(em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evgw. fwnh. bow/ntoj evn th/| evrh,mw|\</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – egô foné boontos en té erémo), porque somente Jesus pode dizer <i>“Eu sou”.<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os delegados enviados pelas autoridades do templo continuam o interrogatório: perguntam se João é Elias ou o profeta (vv. 21). Ora, segundo a profecia de Malaquias, o profeta Elias deveria voltar para preparar a vinda do Messias (cf. Ml 3,21). No Deuteronômio, Deus havia prometido suscitar um <i>“profeta”</i> como uma espécie de segundo Moisés (cf. Dt 18,18), o que alimentava bastante as expectativas do povo judeu. A resposta de João continua negativa, ou seja, ele continua afirmando que não é nenhuma destas figuras do Antigo Testamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os enviados do templo para inspecionar a atividade de João, assim como seus chefes, tinham toda a doutrina da religião memorizada, viviam em função dela e fechados nela, a ponto de não aceitarem que Deus agisse fora de seus esquemas tradicionais. O evangelista, de modo sutil, denuncia tendências de fechamento na sua comunidade, mostrando que a ação de Deus transcende a doutrina. É impossível submeter o agir de Deus a um esquema doutrinal. Não sendo o Messias, nem o sucessor de Moisés, nem Elias, quem mais João poderia ser? Por isso, a pergunta final: <i>“Quem és afinal? Temos que levar uma resposta para aqueles que nos enviaram. O que dizes de ti mesmo?” </i>(v. 22). Para os judeus, o que não fosse fundamentado pela lei e os profetas, não podia vir de Deus. A lição do evangelista serve para todas as religiões: quando se fecha na doutrina, ignora-se a ação do Espírito, e deixa-se de ver beleza e valor no outro. Por sinal, o Espírito é uma categoria muito importante para a comunidade joanina, porque Ele ilumina e conduz à verdade, gerando amor entre todos; após a ressurreição, será o condutor da comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta de João, mais uma vez, mostra a sua grandeza revelada na pequenez: assim já tinha dito que não é o Messias nem a luz, mas apenas testemunha, agora confessa que não passa de uma <i>“voz que grita no deserto para aplainar o caminho do Senhor”</i> (v. 23). O profeta é apenas voz, porque a Palavra é o próprio Cristo; a voz é passageira, ecoa por alguns segundos, a Palavra permanece, é eterna, a qual existe deste o princípio (cf. Jo 1,1). É uma voz-grito que ressoa no deserto porque as instituições, fechadas na doutrina, já não eram mais capazes de ouvir o seu apelo de conversão. A voz de Deus não era ouvida no templo, transformado em casa de comércio (cf. Jo 2,13-20).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Aplainar os caminhos do Senhor significa remover os obstáculos para que a mensagem libertadora do Evangelho prevaleça. Esses obstáculos são: o ódio, a cobiça, a violência, a corrupção, o preconceito, a indiferença, o proselitismo, enfim, tudo o que impede os homens e mulheres de viverem como irmãos e irmãs em toda a terra. Infelizmente, muitos destes obstáculos tinham sido postos no caminho pela própria religião institucionalizada. Por isso, seus dirigentes estavam preocupados com a voz forte de João, o qual anunciava em consonância com os antigos profetas, os quais também foram silenciados pela instituição religiosa (Amós, Jeremias, Isaías, Miquéias...).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">À medida em que os encarregados da religião oficial continuavam a interrogá-lo, João deixava cada vez mais clara a natureza da sua missão de preparar o caminho do Senhor, batizando com água aqueles que dele se aproximavam e, ao mesmo tempo, chamando a atenção para uma novidade:<i>“no meio de vós está aquele que vós não conheceis, e que vem depois de mim”</i> (vv. 26-27). Nessa expressão está a chave de leitura de todo o texto para a perspectiva do advento: conhecer e reconhecer quem já veio. Não buscá-lo em eventos ou intervenções extraordinárias, nem esperá-lo em longas e utópicas vigílias, mas reconhecê-lo na situação presente, na simplicidade das coisas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Depois da voz de João gritando no deserto, e do seu testemunho da luz, devemos reconhecer a presença de Jesus em nosso meio também dando testemunho da luz, ouvindo a voz que ressoa do deserto, mas também colocando-nos como vozes da Palavra por excelência, Jesus. O reconhecimento passa pela abertura de mentalidade, a conversão, desarmando-nos do fechamento e rigidez das doutrinas, e aprendendo a reconhecer a ação de Deus nos acontecimentos do dia-a-dia. A certeza de que Ele está presente torna nosso caminho para acolhê-lo mais realista!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br /><div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 16/12/2017, Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
</div>
<br />
<div style="clear: both;">
</div>
</div>
<div class="post-footer" style="background-color: white; border-bottom: 1px solid rgb(204, 204, 204); color: #660000; font-family: Cantarell; font-size: 12.6px; line-height: 1.6; margin: 20px -2px 0px; padding: 5px 10px;">
<div class="post-footer-line post-footer-line-1">
<br /></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-73917569173621068212017-11-19T01:15:00.002-02:002018-01-10T00:41:59.258-02:00Reflexão para o XXXIII Domingo do Tempo Comum- Mateus 25,14-30( Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf9tfUJwsRuKnWKhL2XyaMEMl1Qc_UeR7mN3EfJHdRMR9CezZozHTds8zqQyRNKfIAcn8mZjuABAJEeqqXC32N8hOmgd683aZJYh71MVb65yOEM2zSxZP2ofZjA69Ajpn1cVlC5Zd_w2M/s1600/Par%25C3%25A1bola-dos-Talentos.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhf9tfUJwsRuKnWKhL2XyaMEMl1Qc_UeR7mN3EfJHdRMR9CezZozHTds8zqQyRNKfIAcn8mZjuABAJEeqqXC32N8hOmgd683aZJYh71MVb65yOEM2zSxZP2ofZjA69Ajpn1cVlC5Zd_w2M/s400/Par%25C3%25A1bola-dos-Talentos.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative; text-align: start;">
<br /></h3>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste trigésimo terceiro domingo do tempo comum, o penúltimo do ano litúrgico, continuamos a leitura do discurso escatológico de Jesus no Evangelho segundo Mateus. O texto de hoje compreende a chamada “parábola dos talentos”, Mt 25,14-30. Essa é uma das parábolas mais difíceis e complexas de Mateus, por isso, muito passível de distorção em sua interpretação. Nela, continua em evidência o tema da vigilância, embora de maneira menos explícita que na parábola das dez virgens (cf. Mt 25,1-13), refletida no domingo passado.<o:p></o:p></span><br /><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Localizada entre a parábola das dez virgens e a cena do julgamento final, a parábola dos talentos tem um significado relevante em todo o Evangelho segundo Mateus e, portanto, seu ensinamento é de fundamental importância para o bem da comunidade cristã em todos os tempos. Certamente, a comunidade de Mateus vivia um momento de relaxamento e desânimo na vivência das bem-aventuranças, núcleo central da mensagem cristã. Ora, os cristãos esperavam um retorno imediato do Senhor e, como isso não acontecia, começavam a desanimar, abandonando a fé ou vivendo-a de modo superficial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com essa parábola, o evangelista quis animar aqueles cristãos, mostrando que o tempo de espera não é perdido; pelo contrário, é o tempo oportuno para a comunidade fazer crescer e multiplicar os dons que o Senhor lhe confiou. Assim, essa parábola assume um papel importante para os processos de discernimento dos cristãos a respeito da espera pelo Senhor, ensinando que a melhor maneira de esperá-lo é trabalhando para que o seu Reino se realize no cotidiano, fazendo render o amor, o talento por excelência, que foi confiado a cada um e cada uma na comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Olhemos, então, para a parábola: <i>“Um homem ia viajar para o estrangeiro. Chamou seus empregados e lhes entregou seus bens. A um deu cinco talentos, a outro deu dois, e ao terceiro, um; a cada um de acordo com a sua capacidade. Em seguida viajou”</i> (vv. 14-15). Antes de tudo, recordemos que parábola é um gênero literário que apresenta uma mensagem por meio de comparação. É, portanto, com essa imagem apresentada que o evangelista compara a situação da sua comunidade em espera pelo retorno do Senhor. Embora o texto litúrgico empregue a palavra empregados, o correto seria servos, por corresponder com mais fidelidade ao termo grego “dúlos” usado pelo evangelista. O homem viaja, mas não se ausenta, pois continua presente, de modo implícito, nos bens confiados aos servos. Também o Senhor ressuscitado não se ausentou da comunidade; continua presente à medida em que seus servos são capazes de fazer o seu projeto se desenvolver, cultivando os dons que lhes foram confiados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Embora distribuídos em quantidades diferenciadas, ninguém ficou desprovido de bens; cada um recebeu de acordo com a sua capacidade. Esse detalhe é importante para o evangelista. Se todos recebem, todos tem algo a partilhar, a plantar e fazer frutificar. A quantidade diferenciada de bens recebidos por cada um pode ser uma alusão à diversidade de dons e carismas existentes na comunidade. Os talentos não são emprestados, são entregues, verdadeiramente doados. Talento (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ta,lanton </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– talenton)</span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">era uma medida de peso usada para pesar metais preciosos como ouro e prata; um talento equivalia a aproximadamente trinta quilos de ouro, o que correspondia a seis mil denários; um denário era o salário de um dia de trabalho braçal (cf. Mt 20,2). Assim, até mesmo aquele recebeu apenas um talento, ainda recebeu uma grande fortuna. Isso significa a benevolência e liberalidade do Senhor, bem como a perenidade dos bens que ele doa à comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao receber os talentos ou dons, cada um é livre para usá-los como quiser. A viagem do dono evoca a liberdade dada àqueles que receberam os talentos para usá-los. Como o dono não estava presente para vigiar os servos, eles poderiam multiplicar, extraviar ou apenas conservar os talentos recebidos. A parábola diz qual foi a atitude de cada um: <i>“o que havia recebido cinco talentos saiu logo, trabalhou com eles, e lucrou outros cinco. Do mesmo modo o que recebeu dois lucrou outros dois. Mas aquele que havia recebido um só, saiu, cavou um buraco na terra, e escondeu o dinheiro do seu patrão”</i> (vv. 16-18). Os dois primeiros servos trabalharam até duplicarem o que haviam recebido. Embora o texto não indique como eles fizeram isso, o certo é que não ficaram parados, nem tiveram medo. Foram ousados e criativos. O terceiro, simplesmente pensou na conservação; escondendo o talento, o conservou de modo íntegro e fiel.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A aparente ausência do Senhor pode levar os membros da comunidade a diferentes posturas: para uns, é oportunidade de crescimento, para outros é motivo de medo e insegurança. A comunidade de Mateus vivia esse drama: o que fazer enquanto o Senhor não retorna? O evangelista aconselha que cada um desenvolva os dons recebidos, procurem multiplicar, transformando as realidades com amor e justiça. O Senhor nunca se ausentou; deixou seus dons como forma de continuar presente e operante. Desse modo, o convite à vigilância não visa um momento final específico, mas uma vida toda vigilante, praticando o amor e a justiça, ou seja, vivendo segundo a dinâmica das bem-aventuranças.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="line-height: 16.478px;"><span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">A liberdade de cada um no uso dos talentos não os isenta da responsabilidade, pelo contrário. Por isso, diz o texto que </span></span><i><span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">“depois de muito tempo, o patrão voltou e foi acertar as contas com os </span>empregados<span style="font-size: 12pt;">”</span></span></i><span style="font-family: georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;"> (v. 19). Ora, se os talentos entregues aos servos equivalem aos dons confiados aos membros da comunidade para a sua edificação, é justo que o Senhor se interesse pelo uso que cada um fez deles. Na comunidade não pode haver individualismo, indiferença nem omissão. Quem recebeu dons e não os fez frutificar, colocando-os a serviço dos demais, obviamente, não está apto a integrar a comunidade. É esse o sentido do acerto de contas mencionado na parábola. O Senhor quer saber o que fazemos com o seu evangelho a nós confiado. Quem multiplicou os talentos, gerou vida, edificou o Reino. Quem o manteve intacto como recebeu, foi omisso, cruzou os braços; na comunidade cristã, responsável pela edificação do Reino, não há espaço para pessoas assim.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os servos que souberam colocar os dons a serviço da comunidade, multiplicando-os, ou seja, fazendo-os frutificar, são tratados, em tom de elogio, como <i>“servo bom e fiel”</i> (vv. 21-23), (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">dou/le avgaqe. kai. piste, </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– dúle agathé kai pisté). Embora o texto não descreva o que estes servos fizeram precisamente, o certo é que agiram, não ficaram acomodados. O Senhor quer que os dons confiados sejam usados em prol da justiça e do amor, tornando o mundo mais humanizado e parecido com o Reino. Não se trata de um convite ao acúmulo, o que seria contrário à lógica do Reino. É uma mensagem de esperança e perseverança, um convite a perder o medo e arriscar tudo, inclusive a vida, para que as sementes do Reino se multipliquem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao contrário dos dois primeiros servos, o terceiro foi repreendido como<i>“servo mau e preguiçoso”</i> (v. 26), (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ponhre. dou/le kai. ovknhre, </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– poneré dule kai okneré). É interessante que o texto não menciona nenhuma ação malvada desse servo; pelo contrário, menciona sua precaução em não estragar o talento recebido, o que poderia render-lhe um reconhecimento de prudente. Ora, na lógica do Reino, lógica que a comunidade cristã deve assumir, não basta cometer delitos para ser tratado como mau: basta ser omisso, indiferente e medroso. Não basta não fazer o que é mal, basta deixar de fazer o bem para ficar fora da comunidade e, consequentemente, do Reino. O medo paralisa a comunidade e impede a instauração do Reino. De todos os medos, o mais perigoso é o medo de mudança. É esse medo que leva muitos grupos e movimentos a simplesmente conservarem rigidamente certas tradições, ignorando a ação criativa e constante do Espírito Santo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Podemos, finalmente, identificar o sentido da vigilância nessa parábola: a autêntica vigilância não é espera passiva, mas é atitude, é serviço em prol do Reino, através da multiplicação dos dons confiados pelo Senhor à comunidade. Quem pensa apenas em conservar a doutrina, os costumes e tradições, trai a confiança depositada pelo Senhor. O Reino exige decisão, ousadia, criatividade e liberdade para o uso dos dons recebidos. Ser vigilante é, portanto, não ter medo de arriscar, é colocar-se a serviço da comunidade, expondo os dons recebidos, mesmo correndo riscos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Uma vez que os talentos não foram confiados para serem conservados, mas para frutificarem, a atitude do dono é completamente compreensível: <i>“tirar do que tem pouco para dar ao que tem muito”</i> (v. 28). Ora, o que já tinha dez talentos, passando a onze, poderia fazer multiplicar cada vez mais, e quem mais ganharia com isso seria a comunidade, ou seja, o Reino. Com essa afirmação <i>“a todo aquele que tem será dado mais, e terá em abundância, mas aquele que não tem, até o pouco que tem lhe será tirado”</i>(v. 29), o evangelho não propõe a perpetuação das desigualdades, mas acentuando a natureza da comunidade cristã: só pode participar dela quem produz e multiplica o que lhe foi confiado. Quem recebe o dom e o retém somente para si, não pode entrar em um projeto de vida comunitário como o Reino de Deus.</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O destino final de quem se auto-excluiu da comunidade enfatiza a privação total de vida e amor: <i>“choro e ranger de dentes”</i> (v. 30). Essa expressão significa o grau máximo de despero para um ser humano, equivalente a uma vida privada de sentido. Isso não é castigo, mas consequência. De fato, é sem sentido a vida de quem não vive a lógica das bem-aventuranças. Viver para si é um mal. No Reino, só vive quem sabe viver a serviço do bem de todos; só se vive asssim com coragem e amor!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 18/11/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-57782459623863352972017-10-29T15:55:00.001-02:002018-01-10T00:41:59.137-02:00Reflexão para o XXX Domingo do Tempo Comum- Mateus (22,34-40 (Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKA6bGa6zoeC25kATeNhs497I1Anc14NvP7oxr4zXL8Mi2FUbtTiwLsRUvjF4rrXP9mbT9BJ-1Eil1ZQU70wpa31aRE_JSIhBYO-_lSAxSFmGbvqwa4UYZb8W4GmMSwb6PRBZsvJLGD5A/s1600/wp-1463102907678.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="249" data-original-width="400" height="248" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjKA6bGa6zoeC25kATeNhs497I1Anc14NvP7oxr4zXL8Mi2FUbtTiwLsRUvjF4rrXP9mbT9BJ-1Eil1ZQU70wpa31aRE_JSIhBYO-_lSAxSFmGbvqwa4UYZb8W4GmMSwb6PRBZsvJLGD5A/s400/wp-1463102907678.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt;">A liturgia deste trigésimo domingo do tempo comum oferece Mateus 22,34-40 para o Evangelho. É mais uma controvérsia de Jesus com os seus tradicionais adversários, os fariseus, como parte da ofensiva final das autoridades religiosas de Jerusalém com o intuito de desmoralizá-lo e antecipar a sua condenação. O local da cena é, mais uma vez, o templo de Jerusalém, espaço bastante hostil a Jesus, uma vez que sua mensagem era de reprovação total à religião oficial sediada naquele templo.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os administradores do sagrado – sacerdotes, doutores da lei, saduceus, anciãos, fariseus – sentiam-se ameaçados pela mensagem emancipadora e contestadora de Jesus e, por isso, procuravam incansavelmente uma maneira de deslegitimá-lo. Para isso, formaram uma coalizão de forças. A primeira tentativa foi encabeçada pelos próprios sumos sacerdotes e anciãos do povo, aos quais Jesus respondeu com uma série de três parábolas (cf. Mt 21,28 – 22,14).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Tendo fracassado a tentativa dos sumos sacerdotes e anciãos, entraram em cena os fariseus, com a pergunta sobre a legitimidade do imposto a César (cf. Mt 22,15-21), os saduceus, com a pergunta sobre a ressurreição (cf. Mt 22,23-33), e novamente os fariseus com a pergunta sobre o maior dos mandamentos, no Evangelho de hoje. Trata-se de uma série de tentativas para pôr Jesus em dificuldade e até levá-lo à morte, como de fato acontecerá.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A frase inicial é muito importante para a compreensão de todo o texto: <i>“Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito calar os saduceus”</i> (v. 34a). Ora, como Jesus tinha vencido a controvérsia com os fariseus sobre o imposto, os saduceus também entraram em cena com uma pergunta embaraçante sobre a ressurreição. Porém, também aos saduceus Jesus vencera, deixando-os calados, ou seja, sem argumentos. Como havia um verdadeiro consórcio de morte entre os grupos hegemônicos, intelectual e economicamente, à medida que um desses era vencido, outro apresentava a sua investida. Como Jesus já estava em Jerusalém e no templo, seus adversários não podiam mais esperar; a oportunidade de tirar-lhe a vida tinha chegado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como Jesus se sobressaíra na questão do imposto e da ressurreição, os fariseus armavam uma nova cilada, como atesta o texto<i>: “Então eles se reuniram em grupo e um deles perguntou a Jesus, para experimentá-lo”</i>(vv. 34b-35). A intenção é muito clara, conforme diz o texto. O objetivo é tentá-lo, pô-lo a prova, ação própria de inimigo. Inclusive, o evangelista emprega aqui o mesmo verbo empregado no episódio das tentações, para definir a ação de satanás (cf. Mt 4,1): </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">peira,zw </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– peirazo = tentar. Assim, os religiosos assumem um papel satânico diante do medo de perderem seus privilégios com a mensagem libertadora de Jesus.</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Um dos fariseus, escolhido pelo grupo, faz uma pergunta bastante maliciosa:<i>“Mestre, qual é o maior mandamento da lei?”</i> (v. 36). A maldade dos fariseus já é perceptível pela introdução da pergunta: chamam a Jesus de mestre (</span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">dida,skaloj </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– didáskalos) sem reconhecê-lo como tal. Por sinal, quem costuma chamar Jesus de mestre no Evangelho de Mateus são os seus adversários; seus discípulos nunca o chamam assim. Os adversários o chamam por agirem por pura conveniência. Também o conteúdo da pergunta demonstra ironia e malícia. A especialidade dos fariseus era exatamente o estudo minucioso da lei e dos mandamentos. Com essa pergunta eles não pretendem aprender, mas encontrar motivo para condená-lo, pois consideravam-se autossuficientes em matéria da lei.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os fariseus consideravam a observância do sábado como o maior dos mandamentos, e já tinham assistido Jesus relativizá-lo, ao colocar o homem e suas necessidades acima do preceito sabático (cf. Mt 12,1-13). A alegação para a primazia do sábado sobre os demais mandamentos na concepção dos fariseus era fundamentada no fato de que até Deus observava o sábado (cf. Gn 2,2-3; Ex 20,8-11; Dt 5,12-15). Eram muito comuns as perguntas sobre uma certa hierarquia entre os mandamentos, uma vez que esses eram muitos: 613, divididos entre 365 proibições e 248 preceitos. Sendo tantos assim, os fariseus tinham a necessidade distinguir quais eram os mais importantes e, portanto, inegociáveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Até então, Jesus tinha demonstrado muita liberdade ao interpretar os mandamentos, por isso, os fariseus imaginavam que com essa pergunta teriam argumentos para eliminá-lo por completo. Como sempre, ao invés de incompleta, a resposta de Jesus vai muito além do que fora pedido: <i>“Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento!”</i> (v. 37). Jesus encontra uma resposta que transcende o decálogo. De fato, a fórmula do primeiro mandamento como nos foi ensinado <i>“amar a Deus sobre todas coisas”</i> não faz parte de nenhuma das versões do decálogo (cf. Ex 19,3-17; Dt 5,6-21), mas é apenas uma adaptação das tradições cristãs.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta de Jesus encontra seu fundamento no credo de Israel, o <i>Shemá: “Ouve ó Israel: O senhor é nosso Deus e único Senhor! Por isso, amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua força”</i> (cf. Dt 6,4-5). Com pequenas modificações, Jesus confirma que o ser humano deve amar a Deus com o máximo de si. Como Ele mesmo diz,<i>“esse é o maior e o primeiro mandamento”</i> (v. 38), qualificando-o com dois adjetivos absolutizantes: maior (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">mega,lh </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– megále) e </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">primeiro (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">prw,toj </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– protos), </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> significando aquilo que é essencial e irrenunciável. Porém, a resposta de Jesus não visa uma hierarquização dos mandamentos, mas uma denúncia: enquanto os fariseus buscavam classificar os mandamentos, Jesus diz que basta viver a genuína fé israelita. O <i>Shemá </i>era proclamado duas vezes ao dia, ao amanhecer e ao anoitecer pelos fariseus, mas na verdade eles não viviam aquilo que proclamavam. Se vivessem em comunhão com Deus, não ficariam preso a preceitos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como é praxe, Jesus responde mais do que lhe é perguntado: <i>“o segundo é semelhante a esse: “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo”</i> (v. 39). Também aqui Jesus ignora o decálogo e faz uma citação do livro do Levítico (cf. Lv 19,18b), do contexto das recomendações morais. É importante perceber a introdução: é semelhante (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">o`moi,oj </span><span style="font-family: arial, sans-serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">homoíos), quer dizer, é equivalente, está no mesmo nível. Para Jesus, o amor a Deus não pode ser separado do amor às pessoas; aqui está a singularidade do seu ensinamento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Enquanto os fariseus procuravam classificar os mandamentos, focando em minuciosidades, Jesus toma o todo da lei e dos profetas e faz a sua própria síntese, conforme relata o evangelista<i>: “Toda a lei e os profetas dependem desses dois mandamentos” </i>(v. 40). Os fariseus queriam distinguir preceitos, e Jesus mostrou a unidade e coerência da lei e dos profetas. Sem essa visão de conjunto, a religião excluía e até matava. Ao mostrar que o amor a Deus é inseparável do amor ao próximo, Jesus prega a unidade, coesão e coerência na comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus dá um passo muito importante com essa resposta. Ele conhecia bem a devoção que seus compatriotas tinham por esses duas partes da Escritura, a lei e os profetas. Ao mesmo tempo, conhecia a exterioridade e esterilidade com que se aproximavam delas. Por isso, respondeu de modo tão enfático, sobretudo, no que diz respeito ao próximo: o ser humano é colocado em uma tríade, cujo centro é o próximo, conforme a ordem da resposta: Deus – Próximo – Eu. Essa relação tríade deve ser guiada por um amor semelhante, para ser verdadeiro. Com isso, Jesus deixa claro que só há uma maneira de demonstrar que amamos a Deus e a nós mesmos: quando o próximo ocupa o centro da nossa vida!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 28/10/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-8335657574574995472017-10-14T20:21:00.000-03:002018-01-10T00:41:59.375-02:00Reflexão para o XXVIII Domingo do Tempo Comum-Mateus 22,1-14 ( Ano A) <div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN_LGGrLMO3rpVZvA7ISbejK8t_tG_hSJs-jSOhQedDCzeSHRFEwPuzub6_IZ6rHGi2Xe5nT-8a0Fbr6HLHRzTK6jxW7FjG6V7iDB8Svw9f97FDWty5cFrM4xYhsUK4FOsfRDrSLgf_wk/s1600/22447412_1182489445216983_61803705_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="451" data-original-width="800" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjN_LGGrLMO3rpVZvA7ISbejK8t_tG_hSJs-jSOhQedDCzeSHRFEwPuzub6_IZ6rHGi2Xe5nT-8a0Fbr6HLHRzTK6jxW7FjG6V7iDB8Svw9f97FDWty5cFrM4xYhsUK4FOsfRDrSLgf_wk/s400/22447412_1182489445216983_61803705_n.jpg" width="400" /></a></div>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative; text-align: start;">
<br /></h3>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A liturgia deste vigésimo oitavo domingo do tempo comum nos oferece Mateus 22,1-14 para o Evangelho, texto composto pela última da série de três parábolas consecutivas de Jesus, em seu primeiro conflito direto com as autoridades religiosas no templo de Jerusalém. Trata-se de mais uma parábola de apresentação do Reino dos céus, em resposta ao questionamento dos sumos sacerdotes e anciãos do povo a respeito da autoridade com que Jesus ensinava (cf. Mt 21,23-27).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">À medida que Jesus respondia, sempre através de parábolas, a sua rejeição aumentava naqueles que, achando-se os legítimos representantes de Deus, não admitiam que alguém falasse do Reino com tanto conhecimento e liberdade. Além de apresentar o Reino dos céus com características tão diferentes do que a religião oficial pregava, Jesus decretava a falência e inutilidade daquela religião e, consequentemente, dos seus chefes. Por isso, de adversários, seus interlocutores passarão a algozes, uma vez que não aceitavam ser contrariados.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A parábola de hoje se destaca sobre as outras duas da série, lidas na liturgia dos dois últimos domingos: a de “um pai que tinha dois filhos e uma vinha” (cf. Mt 21,28-32) e a dos “vinhateiros homicidas” (cf. Mt 21,33-43). Na de hoje, o Reino dos céus é comparado a uma festa de casamento que um rei preparou para o seu filho. Enquanto a imagem da vinha, predominante nas duas primeiras, possuía um significado mais restrito para o mundo semita oriental, a imagem de um banquete possui um significado bem mais universalista, podendo ser compreendida com mais facilidade também em outras culturas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O primeiro versículo nos insere diretamente no contexto, e nos faz perceber que essa parábola é a continuidade de um discurso já iniciado, embora a tradução do texto litúrgico não expresse bem isso: <i>“Jesus voltou a falar em parábolas”</i> (v. 1). Essa expressão dá a entender que houve uma interrupção no discurso. Conforme a língua original do texto, o grego, a tradução mais adequada seria <i>“Jesus continuou falando em parábolas”. </i>O auditório é o mesmo das duas parábolas anteriores: os sumos sacerdotes e anciãos do povo, ou seja, a elite religiosa de Jerusalém.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É surpreendente a imagem com a qual o Reino é comparado: <i>“O Reino dos Céus é como a história do rei que preparou a festa de casamento do seu filho”</i> (v. 2). Aqui, Jesus dispensa a linguagem litúrgico-religiosa. Não faz menção a sacrifício, nem a culto, nem a peregrinações, nem a um templo, mas a uma festa. E a festa por excelência na antiguidade, era a festa de casamento, sobretudo no mundo oriental. Era uma festa que durava em média sete dias, podendo ser ainda prolongada, a depender das condições dos noivos. Dessa imagem usada por Jesus, evocamos, de imediato, duas das mais importantes características do Reino: a alegria, o amor e a perenidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A festa em si, é sinônimo de alegria, ainda mais preparada por um rei. É certa a abundância de comida e bebida, música e muita alegria entre os convivas. O fato de ser uma festa de casamento, lembra o amor, elemento indispensável para a vida da comunidade. Sendo uma festa com duração de sete dias, lembra a perenidade: um tempo completo, perfeito e eterno. Por isso, a festa de casamento (em grego:</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ga,moj </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– gamos) era a mais bela de todas as festas, inclusive sonhada por tanta gente. As pessoas, na antiguidade, aguardavam com ansiedade um convite para uma festa assim. Era o momento de exagerar, inclusive na bebida (cf. Jo 2,1-12), como atesta a própria Bíblia. É surpreendente que seja com esse tipo de festa que Jesus comparou o Reino, ao invés de uma reunião litúrgica ou vigília.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Além de um ensinamento para o presente, com essa parábola Jesus dá uma verdadeira aula sobre a história da salvação aos seus interlocutores. Diz ele que o rei <i>“mandou os seus empregados para chamar os convidados para a festa, mas estes não quiseram vir”</i> (v. 3). Aqui, Jesus recorda aos seus interlocutores que foi Israel o destinatário predileto de Deus, a quem foram enviados os profetas, os quais não foram ouvidos. A recusa ao convite de um rei equivale a uma rebelião. Nesse caso, Jesus enfatiza a rebelião de Israel aos apelos de seu Deus. Um povo fechado, de coração duro, que não escuta o seu Senhor. Como Deus não desiste do seu povo, nem da humanidade, eis que o convite continuou sendo feito até que, aborrecidos pela insistência do rei, os primeiros convidados passaram da indiferença à violência, chegando a matar os emissários do rei (vv. 4-5). Com a insistência do convite e a recusa dos destinatários, Jesus apresenta uma síntese de toda a história da salvação, denunciando Israel e advertindo os seus seguidores de outrora e de sempre.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O versículo sétimo é, certamente, um acréscimo da comunidade de Mateus, uma vez que o mesmo não consta na versão desta parábola no Evangelho de Lucas (cf. Lc 14,15-24). Na época da redação do Evangelho de Mateus, Jerusalém já tinha sido destruída pelas tropas romanas e, no auge do conflito da comunidade de Mateus com a sinagoga, a destruição da cidade e do templo servia como resposta e explicação para a rejeição dos judeus à mensagem cristã. A própria lógica temporal interna da parábola não comporta tal atitude da parte do rei: se todo o reino estava concentrado e voltado para a festa, e a comida já estava à mesa, como parar tudo de repente para guerrear e depois recomeçar a festa?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A parábola continua seu curso normal no versículo oitavo: <i>“Em seguida, o rei disse aos empregados: a festa de casamento está pronta, mas os convidados não foram dignos dela”.</i> A conclusão do rei é uma acusação ao fechamento de Israel à conversão. De fato, é notório que, ao longo da história, a mensagem profética foi rechaçada em Israel, sobretudo pelas autoridades religiosas. A falta de dignidade dos convidados fora comprovada pela indiferença e violência com que trataram os enviados do rei. Porém, a rejeição de Israel não inibe os propósitos salvíficos de Deus para com a humanidade inteira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A nova determinação do rei corresponde à insistência de Deus e à continuidade de sua oferta de vida para toda a humanidade: <i>“Portanto, ide até às encruzilhadas dos caminhos e convidai para a festa todos os que encontrardes” </i>(v. 9). Podemos considerar esse o versículo central de toda a parábola. Aqui está o embrião de uma Igreja-comunidade em saída! A expressão <i>“encruzilhadas” </i>significa o encontro com as periferias. A expressão usada na língua original do texto (</span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">diexo,doj</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – diecsódos) significa a saída da cidade. Era lá onde ficavam todas as pessoas de atividades “vergonhosas”, ou seja, o que era considerado escória da sociedade, como prostitutas, mendigos, assaltantes e doentes considerados impuros. Esse versículo é um convite claro para que os seguidores e seguidoras de Jesus se voltem para as margens. Aqui, de modo definitivo, é apresentada a nova dinâmica do Reino, destacando seu aspecto inclusivo: todos os que forem encontrados devem ser convidados! Acabou o tempo das distinções, dos rótulos, das separações.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Finalmente, o convite tornou-se efetivo: quando foi endereçado a todos, a maus e bons, sem distinção. O resultado foi a sala cheia de convidados (v. 10). Enquanto os enviados dirigiam-se a uma elite privilegiada e indiferente, a sala permaneceu vazia. Somente quando saíram para as margens o convite encontrou adesão. Aqui está um alerta da comunidade de Mateus para as comunidades de todos os tempos. O convite, ou seja, o anúncio, deve ser feito a todos e todas, sem distinção alguma. Porém, aceitar o convite-anúncio requer compromissos da parte do convidado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ninguém é excluído do Reino, mas alguém pode se auto excluir, ao não fazer comunhão com os demais. É esse o sentido do convidado que não portou o<i>“traje de festa”</i> (v. 11). Caso se tratasse de uma veste real, nenhum dos convidados estaria apto, afinal, todos foram pegos de surpresa com o convite feito de última hora. A percepção do rei, notada pelo evangelista, é uma investida para a sua comunidade: não basta estar na sala, participar de reuniões e atos litúrgicos, receber sacramentos, sem disposição para a vida comunitária. O traje é, aqui, o sinal de unidade entre os convivas do banquete, e portanto, os membros da comunidade cristã: a prática das bem-aventuranças, o conteúdo programático do discipulado no Evangelho de Mateus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A reação do rei à falta do traje em um dos convidados não significa castigo, mas auto exclusão do próprio convidado (v. 12). Não aceitar participar do banquete com alegria, amor e justiça é privar-se da vida em plenitude. Ter os pés e as mãos amarrados, chorar e ranger os dentes (v. 13), é a imagem do desespero último do ser humano. Só é desesperado quem não aceita participar do banquete da vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O evangelista ensina, com tudo isso, que o simples fato de alguém participar de uma comunidade ou igreja não é sinal de nenhuma garantia de vida. Só vive plenamente quem aceita fazer comunhão e pratica o programa de vida de Jesus. A parábola é concluída com uma nota proverbial explicativa:<i>“Porque muitos são os chamados, e poucos são os escolhidos” </i>(v. 14). Mesmo dentro da comunidade, há risco de alguém ficar privado de vida plena. O evangelista enfatiza exatamente isso: não basta ter sido convidado ou convidada, afinal, todos foram. O importante é, ao sentir o chamado, conduzir a vida segundo o programa daquele que chama.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Que ninguém sinta-se seguro por estar na Igreja. Todos são chamados, mas só participa plenamente da festa, ou seja, do Reino, quem porta o traje das bem-aventuranças, sinal único e distintivo dos cristãos e cristãs. O certo mesmo é que Deus quer a sala cheia; para as igrejas e comunidades eclesiais precisam ir às encruzilhadas.</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;" />
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 14/10/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-28510348231116917612017-10-08T09:28:00.000-03:002018-01-10T00:41:58.898-02:00Reflexão para o XXVII Domingo do Tempo Comum- Mateus 21,33-43 ( Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; font-size: 14px; margin-bottom: 6px;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5GuLHwJm6uq6Us2YVa0a9AzTKogd8NUnJa7lemzSToSsuLBFAABfO0QsGoQkX2L79IEETsoAlmqdmNw2cM7Gg13ukQcDOAG26LhHKQr3Zmular3_jJObmxHG6giqtSmRzhVx3d57Ox4/s1600/1102014706_univ_lsr_lg.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="430" data-original-width="860" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEio5GuLHwJm6uq6Us2YVa0a9AzTKogd8NUnJa7lemzSToSsuLBFAABfO0QsGoQkX2L79IEETsoAlmqdmNw2cM7Gg13ukQcDOAG26LhHKQr3Zmular3_jJObmxHG6giqtSmRzhVx3d57Ox4/s400/1102014706_univ_lsr_lg.jpg" width="400" /></a></div>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="background-color: white; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative;">
<br /></h3>
<div style="background-color: white; font-family: Helvetica, Arial, sans-serif; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
</div>
<div style="color: #1d2129; text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">O Evangelho deste vigésimo sétimo domingo do tempo comum (Mateus 21,33-43) apresenta a continuidade do confronto direto e decisivo de Jesus com as autoridades religiosas de Jerusalém, dentro do próprio templo. Jesus estava ensinando nas dependências do grande templo e foi questionado pelos sumos sacerdotes e anciãos do povo: </span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">“Com que autoridade fazes isso? Quem te deu essa autoridade?”</i><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;"> (Mt 21,23). Esse questionamento se deu porque o ensinamento de Jesus ia de encontro ao que a religião da época ensinava e praticava. Jesus não ensinava doutrinas, mas denunciava a religião vigente ao apresentar o seu programa, o Reino de Deus.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O ensinamento corajoso e verdadeiro de Jesus se tornava uma ameaça àquela religião. Como as autoridades religiosas não aceitavam ser questionadas nem perder seus privilégios, logo elegeram Jesus como seu inimigo. Ao questionamento das autoridades, Jesus respondeu com três parábolas, das quais a de hoje é a segunda: a chamada “Parábola dos vinhateiros homicidas”. A primeira, a dos “Dois filhos chamados a trabalhar na vinha” (Mt 21,28-32), fora lida no domingo passado, e a terceira, a do “Banquete de casamento” (Mt 22,1-14), será lida no próximo domingo. É importante recordar que, embora os interlocutores diretos de Jesus nessas parábolas sejam os sacerdotes e anciãos do povo, ou seja, as autoridades religiosas, o ensinamento do texto evangélico é destinado aos cristãos e às cristãs da comunidade de Mateus, inicialmente, e de todos os tempos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Passada a contextualização, olhemos agora diretamente para o texto do Evangelho: <i>“Escutai esta outra parábola” </i>(v. 33a). Essa fórmula introdutória deixa claro que essa parábola é a continuidade de um discurso: se essa é “outra parábola” (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">:Allhn parabolh.n</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – alen parabólen), uma ou mais já fora contada antes, como já acenamos na contextualização. A sucessão de parábolas em um mesmo discurso e com um mesmo tema é sinal de importância do que está sendo ensinado. Recordemos, por exemplo, a série de parábolas do Reino (cf. Mt 13), a série de parábolas da misericórdia (cf. Lc 15) e, ainda, a série de parábolas escatológicas (cf. Mt 24 – 25). Portanto, as denúncias de Jesus às autoridades religiosas de seu tempo foi um elemento de fundamental importância na sua pregação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ainda sobre a introdução da parábola, é importante recordar o imperativo<i>“escutai”</i> (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">avkou,sate </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– akússate). Esse é mais um indicativo de importância do que está sendo ensinado. Mais que um exercício da audição, escutar na Bíblia é um convite à conversão, significa acolher no coração, aceitar e praticar o ensino proposto. Considerando as peculiaridades de seu auditório, Jesus o convidava a olhar para a história de Israel e para Escritura. Isso se evidencia pela apresentação da parábola: “<i>Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas, e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro”</i> (v. 33). Não temos dúvidas de que Jesus tinha em mente o “Cântico da vinha” do profeta Isaías (cf. Is 5,1-7) ao propor esta parábola. Como já sabemos, a vinha é a uma imagem privilegiada do povo de Deus, usada principalmente na tradição profética (cf. Is 5,1-7; 27,2-3; Jr 2,21; Ez 15,2-8; Os 9,10; etc). Os cuidados do proprietário acenam para uma grande expectativa dele em relação à produtividade e retorno daquela vinha: ele mesmo a plantou e a cercou. O lagar para esmagar as uvas significa a expectativa de bom retorno: uvas boas e em abundância para produzir vinho; a torre de guarda construída significa o cuidado e o quanto a vinha é preciosa para o seu dono. A ausência do dono é sinal de muita responsabilidade confiada aos trabalhadores, os quais devem ter sido escolhidos sob muito cuidado e critério.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É óbvio que quem planta deposita expectativa na colheita. Assim, aconteceu com o dono da vinha da parábola: <i>“Quando chegou o tempo da colheita, mandou seus empregados para receber seus frutos” </i>(v. 34). É interessante perceber que, embora ele mesmo tenha plantado, ele não vai receber os frutos pessoalmente, mas envia seus “servos”; o texto litúrgico usa o termo empregados, mas o correto é “servos” (em grego:</span><b><span style="font-family: "Times New Roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span></b><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">dou,loj</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – dúlos). Isso tudo é sinal de confiança desse patrão em seus servos e empregados. Surpreende a reação dos vinhateiros aos servos enviados pelo dono: agarraram, espancaram, mataram e apedrejaram. Uma série de ações de violentas é anunciada como obra dos vinhateiros. Isso tudo é consequência do abuso de poder da parte dos vinhateiros, os quais se apossaram da vinha indevidamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A sequência do texto mostra a paciência e tolerância do proprietário da vinha: <i>“mandou de novo outros empregados, em número maior que os primeiros” </i>(v. 36). O dono que ama a sua vinha não desiste dos frutos. Infelizmente, aconteceu o mesmo com a segunda comitiva de servos, ou seja, foram tratados com violência como os primeiros. É praticamente consenso entre os estudiosos que os servos enviados duas vezes à vinha para receber os frutos são os profetas anteriores e posteriores, conforme a divisão tradicional da Bíblia Hebraica. Essa interpretação ajuda a identificar os vinhateiros, aqueles que se apossaram da vinha, fazendo do que é de Deus, propriedade particular: as autoridades e instituições políticas e religiosas de Israel, ou seja, a monarquia e o templo. Ao invés de facilitar os devidos frutos ao único dono da vinha, a religião de Israel tinha se tornado o maior obstáculo para a colheita. Um simples olhar na história já seria suficiente para essa conclusão: a rejeição aos profetas, de Samuel a João Batista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A paciência do dono da vinha é mais uma vez evidenciada e, como diz o texto: <i>“Finalmente, o proprietário enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’!” </i>(v. 37). Porém, a reação dos vinhateiros se torna ainda mais violenta com o filho. Tendo já tomado posse da vinha, não permitindo mais que o dono recebesse seus frutos, os falsos proprietários viam o filho do dono como ameaça, por isso procuram eliminá-lo de uma vez: <i>“Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança” </i>(v. 38). Ao relatar a violência sofrida pelo filho do dono da vinha, Jesus chega ao ápice do ensinamento da parábola: os chefes que lhe interrogam são os vinhateiros que se apossaram da vinha. Eles que hostilizaram os profetas do Antigo Testamento, rejeitaram a pregação de João Batista, e agora estão quase matando o filho! Aqui, Jesus faz um novo anúncio da paixão, dessa vez implícito, uma vez que já havia feito os três anúncios explícitos (cf. Mt 16,21-18; 17,22-23; 20,17-19). Os três anúncios anteriores foram feitos aos discípulos, agora é aos próprios algozes que Ele anuncia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="line-height: 16.478px;"><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">Ao concluir a parábola descrevendo o tratamento dado ao filho do dono da vinha pelos vinhateiros, </span></span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">“agarraram-no, jogaram-no para fora da vinha e o mataram” </i><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">(v. 39), Jesus deixa novamente os sumos sacerdotes e anciãos do povo em más lençóis: </span></span><i style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt;">“Quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?” </i><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">(v. 40). A resposta deles é uma sentença de auto-condenação: </span></span><i><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">“Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e </span>arrendará<span style="font-size: 12pt;"> a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo.” </span></span></i><span style="font-family: Georgia, serif;"><span style="font-size: 12pt;">(v. 41). Os sumos sacerdotes e anciãos parecem não perceber que Jesus está falando deles. Continuam ignorando e insistindo em não acatar o ensinamento de Jesus, exatamente porque tomaram posse indevidamente, estavam movidos por orgulho, mentira, violência e, por isso, fechados ao que Jesus ensinava.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Em reação à resposta dos seus interlocutores, Jesus não fala em momento algum de vingança ou violência da parte do dono da vinha; apenas evidencia, com base na Escritura, que rejeitar a si é rejeitar ao próprio Deus, o Pai (v. 42), e que a atitude do dono da vinha será apenas destituir os vinhateiros de poder: <i>“o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”</i> (v. 43). Os sumos sacerdotes e anciãos do povo, na verdade todo o sinédrio, já não estão mais autorizados a falar em nome de Deus, uma vez que, ao tomarem posse da vinha, eles contrabandearam o rosto e o nome de Deus; ao invés de conceber Deus como um pai que ama e cuida, eles preferiram um Deus que pune e castiga. Deturbando a imagem de Deus, eles nem produziram frutos nem permitiram que outros produzissem. Por isso, Jesus decretou a sua falência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao ler essa parábola e, quase de imediato, perceber que Jesus aplica o dono da vinha ao seu Pai, os vinhateiros à elite religiosa de Jerusalém e o filho rejeitado a si mesmo, corremos o risco de imaginar também uma simples passagem do Reino, saindo das mãos do judaísmo para a Igreja nascente. É importante perceber que o Reino de Deus não é transferido de uma religião para outra; é apenas confiado a quem produzir frutos. Os frutos que caracterizam alguém a participar do Reino são as bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Produz frutos e participa do Reino aquele que faz a vontade do Pai que está nos céus (cf. Mt 7,21), vivendo segundo as bem-aventuranças. Toda vez que alguém quer controlar o agir de Deus, determinando quem está salvo e quem está condenado, está agindo como os vinhateiros homicidas. O fato de alguém pertencer a uma comunidade/igreja cristã não garante participação no Reino de Deus. Por isso, mais que uma ameaça ao judaísmo, essa parábola é uma séria advertência ao cristianismo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: black; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-35445059171327032592017-09-24T11:51:00.000-03:002018-01-10T00:41:58.969-02:00Reflexão para o XXV Domingo do Tempo Comum- Mateus 20,1-16 ( Ano A)<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaVtxuRlhusRkw8WR6k_awo58mOOPJfQIgysBAJZzXR2eq7wxkmlkWrLkmmGrLQLFuJVJcVw0nHo22YgPPLiM5IFIBOvslJi-64bYVVIDd0wpI2WUTm6PTmzH7_IHzGPC3NkXGTxqszGo/s1600/laboring-in-the-vineyard_1456725_inl.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="338" data-original-width="450" height="300" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaVtxuRlhusRkw8WR6k_awo58mOOPJfQIgysBAJZzXR2eq7wxkmlkWrLkmmGrLQLFuJVJcVw0nHo22YgPPLiM5IFIBOvslJi-64bYVVIDd0wpI2WUTm6PTmzH7_IHzGPC3NkXGTxqszGo/s400/laboring-in-the-vineyard_1456725_inl.jpg" width="400" /></a></div>
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative; text-align: start;">
<br /></h3>
</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A liturgia deste vigésimo quinto domingo do tempo comum propõem o texto de Mateus 20,1-16 para o Evangelho. É um texto rico e complexo, exclusivo do Evangelho segundo Mateus, e contém uma das mais belas e difíceis parábolas sobre o Reino. A primeira dificuldade gira em torno do título mais adequado a ser atribuído a essa parábola: <i>“Parábola dos trabalhadores da vinha”</i> ou <i>“Parábola do patrão generoso”</i>? Talvez seja melhor não atribuirmos nenhum título, pelo menos inicialmente, e percebermos a sua riqueza ao longo da leitura. O certo é que se trata de mais uma parábola do Reino dos céus, como prefere Mateus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Antes de adentrarmos diretamente no texto, é justo e necessário que o contextualizemos, tendo em vista uma compreensão mais adequada do mesmo. O contexto geral é o da viagem de Jesus com seus discípulos para Jerusalém (cf. Mt 19 – 20). É importante recordar que, quanto mais Ele se aproximava de Jerusalém, mais necessidade tinha de instruir seus discípulos sobre a natureza do Reino que estava propondo. Ora, os discípulos e as multidões que o seguiam sonhavam com a restauração do reino davídico-salomônico e, por isso, tinham dificuldades de compreender e aceitar a sua proposta de Reino. Com isso, Jesus procurava cada vez mais apresentar as particularidades do Reino dos céus e a mudança de mentalidade que esse exigia, com suas novas relações, sobretudo, no que diz respeito à religião, ao mundo do trabalho, à prática da justiça e, enfim, a todos os âmbitos da vida humana.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os episódios que antecedem o nosso texto no Evangelho são: o encontro de Jesus com o jovem rico (cf. 19,16-22) e a reação dos discípulos ao desfecho desse encontro (cf. 19,23-30). A parábola que estamos tentando compreender é, portanto, a resposta de Jesus a essas duas situações, principalmente à pergunta de Pedro, em nome do grupo: <i>“E nós que deixamos tudo e te seguimos, que recompensa teremos?”</i> (19,27). Ora, Pedro aproveitou a falta de coragem ao despojamento do jovem rico para tirar vantagem da situação. Jesus lhe assegura que não ficarão sem recompensa, mas não garante privilégios, uma vez que <i>“Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos serão primeiros” </i>(19,30). Essa expressão proverbial que antecede a parábola é a mesma que a conclui, de modo que a longa parábola nada mais é que a explicação dessa máxima:<i>“Os últimos serão os primeiros, e os primeiros serão os últimos” </i>(19,30; 20,16).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Podemos, agora, voltar a nossa atenção diretamente para o texto, recordando que, por ser uma parábola, não nos deteremos em cada um dos versículo, uma vez que o mais importante é a mensagem geral, embora seja necessário observar alguns pormenores. Eis o início do texto: <i>“O Reino dos Céus é como a história de um patrão que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha”</i> (v. 1). Jesus está introduzindo uma parábola do Reino dos Céus (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">h` basilei,a tw/n ouvranw/n</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – hé basiléia ton uranón), e isso confere ao texto um grau de importância considerável, considerando a centralidade do Reino em sua pregação. As parábolas apresentam imagens comparativas, jamais descritivas, do Reino. Como o Reino consiste em um mundo novo, uma sociedade alternativa, completamente diferente das sociedades humanas até então experimentadas, ele não pode ser descrito, uma vez que ainda não fora experimentado. O texto litúrgico erra ao apresentar a figura de um patrão; na língua original, o texto fala de pai de família ou dono de casa (em grego:</span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">oivkodespo,th|j</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – oikodespótes), uma imagem bem mais suave e mais próxima do Deus que Jesus quis revelar do que a de um patrão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Desde o Antigo Testamento, Deus é apresentado como o dono de uma vinha (cf. Is 5,1-7). A vinha (em grego: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">avmpelw/n </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– ampelón) é, portanto, imagem clássica do povo de Deus e, nessa passagem, passa a ser imagem da comunidade cristã, embrião do Reino dos céus. Chama a atenção o fato de ser o próprio proprietário a sair em busca de operários para a vinha. Ele não manda um encarregado, mas vai pessoalmente. Com isso, Jesus ensina que o antigo sacerdócio do templo e toda a hierarquia religiosa da época está descartada e vencida. Os chefes religiosos do seu tempo não estavam mais autorizados a falar em nome de Deus Pai, por isso, apresentavam um Deus patrão e castigador. O Deus Pai de Jesus, pelo contrário, ao invés de castigar, apenas ama, sai ao encontro, inclui e, por isso, salva!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O proprietário demonstra um zelo ímpar para com a sua vinha: sai diversas vezes durante o dia em busca de trabalhadores: pela madrugada (v. 1), às nove da manhã (v. 3), ao meio dia (v. 5), às três (v. 5) e às cinco da tarde (v. 6). O contato interpessoal do proprietário com os operários contratados deixa ainda mais clara as novas relações entre a humanidade e o Deus da vida que Jesus revelou. Um Deus presente, realmente “Conosco”, como apresenta Mateus ao longo de todo o seu Evangelho (cf. 1,23; 18,20; 28,20). Um Deus que apenas chama, não pede currículo algum, porque sua intenção é a inclusão: Ele não quer que ninguém fique fora do seu Reino, ao contrário da religião que segrega e exclui, ao classificar as pessoas entre justos e pecadores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao contrário do sistema vigente na época de Jesus e no período da redação do Evangelho segundo Mateus, no Reino por Ele anunciado, não havia lugar para a competitividade, nem para a meritocracia. É claro que nem todos conseguiam assimilar com facilidade essa nova mentalidade inclusiva: a passagem da religião da lei para a da misericórdia. Essa dificuldade é demonstrada na parábola pela reação dos primeiros contratados à lógica do patrão no momento do pagamento. Ora, ao pagar primeiro aos últimos contratados, e dar-lhes o mesmo valor dado aos contratados ainda na madrugada, o patrão inverteu completamente a lógica da economia e do mundo do trabalho, fez uma reviravolta total nas relações: ao invés de agir conforme a lei, ele agiu com misericórdia e bondade, deixando furiosos aqueles que tinham sido contratados primeiro, como diz o texto: <i>“ao receberem o pagamento, começaram a resmungar contra o patrão: ‘Estes últimos, trabalharam uma hora só, e tu os igualaste a nós, que suportamos o cansaço e o calor o dia inteiro’” </i>(vv. 11-12). O patrão tinha duas opções: agir conforme a lei e, assim, perpetuar a desigualdade, ou agir pela bondade e, assim, promover a igualdade. Como preferiu a segunda opção, foi contestado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com a reação dos primeiros contratados, Jesus denuncia a mentalidade competitiva entre os discípulos e, ao recordar isso, Mateus também denuncia a situação da sua comunidade, composta predominantemente por cristãos provindos do judaísmo. Esses, reivindicavam vantagens e privilégios sobre os cristãos convertidos do paganismo. Assim como os primeiros contratados alegavam ter suportado cansaço e calor, os cristãos de origem judaica alegavam conhecer e observar a lei e os profetas, imaginando que isso lhes daria privilégios dentro da comunidade, por serem os verdadeiros herdeiros das antigas promessas. Esse comportamento se assemelha ao do filho mais velho na parábola do “Pai misericordioso” ou “Filho pródigo” de Lucas (cf. Lc 15,11-31), de modo que podemos equipará-las na ênfase à misericórdia do Pai revelada por Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A reação do patrão ao murmúrio dos primeiros contratados é a clara denúncia de Jesus e de Mateus às pessoas religiosas que queriam controlar o agir de Deus, prendendo-o a doutrinas e normas: <i>“Por acaso não tenho o direito de fazer o que quero com aquilo que me pertence? Ou estás com inveja porque estou sendo bom?” </i>(v. 15). O desconforto de uma religião sustentada pela mentalidade meritocrática, retributiva e legalista é grande quando se descobre que o Deus verdadeiro é um Pai que ama, perdoa, vai pessoalmente ao encontro das pessoas afastadas e promove a igualdade. Jesus contesta radicalmente a religião que se propõe a determinar a maneira de Deus agir. Para Ele, isso é um verdadeiro atentado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Certamente, a denúncia de Jesus e do evangelista continua válida também para os dias atuais. Pois, como sabemos, ainda hoje, muitas pessoas religiosas ainda tem dificuldade de aceitar um Deus misericordioso que age com liberdade e doa seu amor a todos, sem distinção. Na verdade, esse Deus continua sendo negado por essas pessoas. É inadmissível um Deus que não premia os bons e castiga os malvados! Para essas pessoas, a salvação é um prêmio, e não um dom; Deus é um soberano, e não um Pai; o outro é um concorrente, e não um irmão; a Igreja é um tribunal, e não uma família. Infelizmente, essa mentalidade prevalecido em muitas comunidades, grupos e movimentos nos dias atuais!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Assim, chegamos à conclusão da conclusão e síntese da parábola: <i>“<span class="tabnum3"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;">Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos”</span></span></i><span class="tabnum3"><span style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial;"> (v. 16). Como tínhamos afirmado na introdução, a parábola em si é a explicação para essa máxima proverbial. Não se trata de uma exclusão aos que chegaram primeiro no grupo de discípulos ou na comunidade, mas uma demonstração de que, o fato de chegarem primeiro, não lhes dá privilégios nem supremacia sobre os que vierem depois. Essa expressão é apenas um modo de enfatizar que aqueles que forem chamados por último terão os mesmos direitos que os primeiros e, principalmente, que na comunidade do Reino não há distinção entre os seus membros, uma vez que o Reino é família e, em família, todos são irmãos e irmãs.<o:p></o:p></span></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<br style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;" />
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 23/09/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div>
<span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-75331007076791495222017-09-10T15:28:00.000-03:002018-01-10T00:41:59.328-02:00Reflexão para o XXIII Domingo do Tempo Comum-Mateus- 18,15-20 (Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEietbFpEwACMw8_eyvUhJL-Jme11kA69ywGmA2SuxTgdZsrdh4xtmKBfiNoZV2cm7Vh0OrLOeCTiYK9R-XQpIGHTvMiWpx5FFw92RvAsOopYgk-pe7GFlcynw3LtkCQ55YriJnZ9do9lyE/s1600/eu_estou_meio.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="395" data-original-width="299" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEietbFpEwACMw8_eyvUhJL-Jme11kA69ywGmA2SuxTgdZsrdh4xtmKBfiNoZV2cm7Vh0OrLOeCTiYK9R-XQpIGHTvMiWpx5FFw92RvAsOopYgk-pe7GFlcynw3LtkCQ55YriJnZ9do9lyE/s400/eu_estou_meio.jpg" width="302" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A liturgia deste vigésimo terceiro domingo do tempo comum nos propõe Mateus 18,15-20 para o Evangelho. O capítulo dezoito do Evangelho segundo Mateus é composto pelo quarto dos cinco grandes discursos de Jesus apresentados nesse Evangelho. Esse discurso é dirigido especialmente aos discípulos, e trata das relações entre os membros da comunidade, por isso é comumente chamado de “discurso comunitário” ou “discurso eclesial”. O ensinamento de Jesus nesse discurso tem como primeiro objetivo apresentar a comunidade cristã como uma comunidade de iguais, marcada pelo amor, humildade e perdão recíprocos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como o texto que a liturgia oferece não compreende o início do discurso, convém retornarmos ao início para contextualizá-lo e, assim, compreendermos melhor. Ora, o discurso é a resposta de Jesus a uma pergunta absurda dos discípulos, conforme o primeiro versículo do capítulo:<i>“Os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: ‘Quem é o maior no Reino dos céus?” </i>(18,1). A pergunta é absurda para Jesus porque ela revela que os discípulos ainda não haviam compreendido quase nada do Reino dos céus. Desde o início da sua pregação, Jesus tinha apresentado o Reino dos céus como uma sociedade alternativa ao sistema vigente, sem relações de poder, nem hierarquia entre os seus membros. Se os discípulos ainda perguntavam quem era o maior, é porque ainda não haviam compreendido nem aceitado essa proposta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Além da introdução ao discurso, é importante recordar também que, pouco antes, Jesus havia feito o segundo anúncio da paixão (cf. Mt 17,22-23). Por incrível que pareça, quanto mais Jesus falava em cruz, perseguição e sofrimento, mais os discípulos alimentavam seus sonhos de grandeza e poder (cf. Mt 20,20-28), demonstrando que não estavam ainda vivendo segundo as bem-aventuranças (cf. Mt 5,1-12). Sem dúvidas, essa era também a crise da comunidade de Mateus, cerca de quatro décadas após a morte de Jesus. A tendência hierarquizante era cada vez mais forte, por isso o evangelista faz questão de recordar às palavras de Jesus contrárias a essa tendência.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Voltando para o discurso em si, convém ainda recordar que o trecho proposto pela liturgia é precedido pela parábola da ovelha perdida (cf. 18,10-14). Assim, podemos dizer que o nosso texto é uma espécie de explicação da parábola, uma vez que, ao tratar da correção fraterna, o texto evidencia o esforço da comunidade para que o perdão e a reconciliação aconteçam. Os membros da comunidade devem esforçar-se ao máximo para refletirem em suas vidas o esforço do Pai: <i>“Vosso Pai, que está nos céus, não quer que se perca nenhum destes pequeninos” </i>(18,14). Ora, para que nenhum dos pequeninos se perca, a comunidade não pode medir esforços; deve empenhar-se com todos os meios disponíveis para que prevaleça o amor, o perdão e haja a reconciliação.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Feita a devida contextualização, voltamos a nossa atenção para o nosso texto específico (18,15-20), o qual funciona como uma expécie de explicação da parábola que o precede, como afirmamos antes. Eis o primeiro versículo: <i>“Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.” </i>(v. 15). A possibilidade do pecado e da ofensa já deixa muito claro que a comunidade não é perfeita, pois seus membros também não são perfeitos. Não obstante as imperfeições, a comunidade é, antes de tudo, um espaço fraterno, pois seus membros são todos irmãos. De fato, uma das informações e ensinamentos mais importantes desse versículo é o uso da palavra irmão (em grego: </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">avdelfo,j </span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– adelfós). Independentemente da falta cometida, a fraternidade, como regra básica da comunidade cristã, deve ser buscada em todas as circunstâncias. A correção em particular é o primeiro recurso: nada de exposição e humilhação; entre irmãos, deve haver liberdade para perceber juntos o erro e a necessidade de correção para o bem da comunidade. Não é a posição de um superior para com um subalterno, mas de um irmão que busca outro irmão para recompor a unidade da comunidade. Ganhar o irmão significa recuperá-lo para a comunidade, ou seja, reatar com ele os laços de fraternidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Caso essa primeira tentativa não funcione, novos meios devem ser buscados:<i>“Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas testemunhas para que a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas” </i>(v. 16). O cuidado com o irmão continua muito evidente: nada de expô-lo publicamente. Contudo, para que não se perca, é necessário continuar buscando a sua reconciliação e seu retorno à fraternidade. Tendo falhado a primeira tentativa, busca-se uma segunda. Nessa, recorre-se ao princípio judaico do testemunho, ao aconselhar que se tome uma ou mais testemunhas, para que o testemunho seja válido (cf. Dt 19,15). Aqui, no entanto, não se trata de um recurso jurídico, mas sim da ajuda mútua. Mais do que mostrar o erro, o esforço da comunidade deve ser um convencimento para que o irmão não se aparte dela.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mesmo que a segunda tentativa funcione, ainda há outros recursos e meios, como sugere Jesus<i>: “Se ele não vos der ouvidos, dize-o à Igreja” </i>(v. 17a). A terceira tentativa para que o irmão não se perca da comunhão fraterna é levá-lo à comunidade, ou seja, à Igreja. Essa, não como instância jurídico-institucional, mas como espaço de comunhão e fraternidade, deve ser comunicada e ficar a par de todas as situações que envolvam seus membros. A Igreja aqui, como já falamos, não é uma instituição nem um grupo hierárquico, mas a comunidade reunida, a assembleia (</span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evkklhsi,a|</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – ekklesia). Esse conselho de Jesus é mais um sinal da sinceridade e transparência com que os irmãos e irmãs da comunidade cristã devem viver. Como um corpo que é a comunidade, seus membros tem direito de saber como andam as relações entre os demais membros, afinal, o bom funcionamento do corpo depende da saúde e do bem de todos os membros. A comunidade reunida, como espaço de comunhão e oração, deve também fazer da celebração uma oportunidade de crescimento com a reconciliação de seus membros.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">É possível que até mesmo a comunidade reunida não seja suficiente para convencer o irmão da necessidade da reconciliação. Assim como é espontâneo o ingresso na comunidade, também deve ser o afastamento, o que muitas vezes ocorre até por falta de compreensão e acolhida. Por isso, Jesus previne: pode ser que nem mesmo o conselho da assembleia reunida seja suficiente para o retorno do irmão: “</span><i><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Se nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público” </span></i><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">(v. 17b). Muitos interpretam, equivocadamente, que após todas as tentativas de conversão, a Igreja pode e deve excomungar, abandonar e excluir o membro pecador. É claro que esse pensamento distorce completamente o pensamento de Jesus. Contradiz, inclusive, a parábola que antecede o nosso texto, aquela da ovelha perdida. O real significado dessa expressão é: se aquele irmão não se convenceu da necessidade de viver em paz com outro, se ele não se deixou mais convencer pela beleza da vida fraterna e comunitária e, por isso, depois de várias tentativas, ele precisa refazer o caminho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ser tratado como pagão ou publicano é ser, de novo, destinatário do Evangelho. Embora o texto litúrgico use a expressão “pecador público”, é mais correto usar “<i>publicano”</i> ou “<i>cobrador de impostos”</i> (em grego:</span><span style="font-family: "times new roman", serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span style="font-family: bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">telw,nhj</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– telónes)</span><span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> por uma questão de fidelidade ao texto original. Ora, ao longo de todo o Evangelho, os cobradores de impostos e os pagãos são destinatários do interesse de Jesus e, portanto, do Evangelho. Essas duas categorias de pessoas eram desprezíveis para os fariseus, mas jamais para Jesus. A comunidade cristã não pode ser pautada pelos mesmos princípios dos fariseus, e sim pelo amor de Jesus e do Pai, por Ele revelado. Por isso, deve ter coragem de voltar atrás e recomeçar seu caminho formativo para o discipulado, quantas vezes for necessário, indo ao encontro daqueles e daquelas que se afastaram. Portanto, como comunidade inclusiva, a Igreja deve buscar todos os meios para que nenhum pequenino se perca.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O que já dissera aos discípulos no episódio de Cesaréia de Felipe, Jesus agora reforça: <i>“Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” </i>(v. 18). É claro que não se trata de uma delegação de poderes, mas de responsabilidade. A comunidade que vive, de fato, as bem-aventuranças é reflexo do céu. As relações fraternas de amor e perdão são os distintivos da comunidade cristã. Não é necessário ter poder para que as coisas da terra sejam confirmadas pelo céu; basta coerência, testemunho e, sobretudo, amor! Ao Pai, importa apenas amor, concórdia e fé (v. 19). São esses os requisitos para tornar válida a oração. Antes de dobrar os joelhos e abrir os lábios para dirigir uma prece ao Pai, a comunidade deve viver a concórdia interna, respeitando as diferenças, obviamente.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A autêntica comunidade cristã, reconciliadora e orante, é o lugar privilegiado da presença de Jesus: <i>“onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou ali, no meio deles”</i> (v. 20). Aqui, o evangelista retoma um dos temas principais de todo o seu Evangelho: a presença do Senhor no meio da comunidade (cf. Mt 1,23; 18,20; 28,20). Aqui está também a justificativa para que a comunidade nunca se canse de buscar o retorno daqueles que se afastam: é a presença do irmão que gera comunhão, e essa comunhão garante a presença de Jesus. Na época da redação do Evangelho, como o templo já havia sido destruído, os judeus afirmavam que Deus estava presente onde dois ou mais estivessem reunidos para estudar a Lei. Com essas palavras, Jesus diz que não é o estudo da lei que garante a presença divina, mas é o seu nome. O evangelista entende que reunir-se no nome de Jesus não é apenas pronunciar palavras juntos, mas viver de acordo com o seu ensinamento. Com isso, ele combate as tendências individualistas que começavam a aparecer na sua comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Uma comunidade só é autenticamente cristã quando é possível perceber e sentir nela a presença de Jesus. Essa presença só se manifesta quando há amor, perdão, reconciliação e compreensão. Havendo esses elementos, independente do número de membros, mesmo que sejam só dois ou três, o Senhor estará presente. Por isso, a comunidade deve empenhar-se ao máximo possível para recuperar um irmão ou irmã afastado; mesmo que seja somente um, a sua ausência pode comprometer a presença do Senhor!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 09/09/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-22779147849409445182017-08-27T09:51:00.001-03:002018-01-10T00:41:58.780-02:00 Reflexão para o XXI Domingo do Tempo Comum – Mateus 16,13-20 (Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcx1PbvDb48c6-5B9ptLeuNHeI3w4aAKk8uoIo9KAShiUljogRvio9BhYqLVitOcX4pHMUwoMxKwjcYwpqHtwwY9o_18BCJva62a_eG4hHBZEIQ_a54ydFTzCqEbo6iNbhpcFYYiopY4o/s1600/%2527Ordination%2527_by_Nicolas_Poussin%252C_1630s.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="640" data-original-width="956" height="267" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcx1PbvDb48c6-5B9ptLeuNHeI3w4aAKk8uoIo9KAShiUljogRvio9BhYqLVitOcX4pHMUwoMxKwjcYwpqHtwwY9o_18BCJva62a_eG4hHBZEIQ_a54ydFTzCqEbo6iNbhpcFYYiopY4o/s400/%2527Ordination%2527_by_Nicolas_Poussin%252C_1630s.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste vigésimo primeiro domingo do tempo comum, a liturgia nos oferece Mateus 16,13-20 para o Evangelho, texto que contém a famosa confissão de fé de Pedro na região de Cesaréia de Filipe. Esse mesmo texto já fora usado há quase dois meses atrás, por ocasião da solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo. Se trata de um relato comum aos três Evangelhos Sinóticos (cf. Mt 16,13-19; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21), embora a versão mateana apresente certos elementos próprios, o que lhe rendeu uma supervalorização na reflexão teológica ao longo dos séculos, sobretudo, no cristianismo católico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Antes de entrarmos na reflexão do texto em si, é necessário fazer algumas considerações a respeito do contexto do relato no conjunto do Evangelho. É importante que esse trecho abre uma série de acontecimentos importantes da vida de Jesus e dos seus seguidores, como a transfiguração (cf. 17,1-7) e os dois primeiros anúncios da paixão (cf. 16,21-23; 17,22). Na verdade, podemos dizer que tais acontecimentos são consequência do episódio narrado no Evangelho de hoje, pois tanto a transfiguração quanto os anúncios da paixão são tentativas de Jesus revelar a sua verdadeira identidade, tendo em vista que os discípulos ainda não tinham tanta clareza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Recordamos o que sucede o nosso texto no conjunto do Evangelho, mas também não podemos deixar de recordar o que o antecede: uma controvérsia com os fariseus, os quais pediam sinais a Jesus (cf. 16,1-4), e uma séria advertência aos discípulos para não se deixarem contaminar pelo<i>“fermento dos fariseus e saduceus”</i> (cf. 16,5-12). Esse fermento era a mentalidade equivocada sobre Deus e o futuro messias e, principalmente, a hipocrisia em que viviam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mateus recorda tudo isso porque, certamente, a sua comunidade passava por uma crise de identidade: por falta de clareza da identidade de Jesus e falta de experiência autêntica com o Crucificado-Ressuscitado, o <i>“fermento dos fariseus”</i>, quer dizer a influência da sinagoga, estava atrapalhando a vivência das bem-aventuranças, e impedindo a realização do Reino dos céus naquela comunidade. É claro que esse cuidado continua válido ainda para os dias atuais, uma vez que são cada mais perigosos os fermentos farisaicos de hoje: retorno ao ritualismo, indiferença às necessidades do próximo, fundamentalismo, espiritualismos vazios e tantos outros. Isso se dá por falta de clareza da identidade de Jesus e carência de experiência verdadeira com Ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Agora podemos, portanto, direcionar nosso olhar para o texto que liturgia nos oferece: <i>“Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do homem?’”</i> (v. 13). O texto começa com um indicativo geográfico de grande importância: Cesaréia de Filipe, cidade que estava localizada no extremo norte de Israel, portanto, muito longe de Jerusalém. Como o próprio nome indica, era um centro do poder imperial e, portanto, lugar de culto ao imperador romano. Certamente o evangelista e sua comunidade tinham um propósito muito claro ao narrar esse episódio e recordar a sua localização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Longe de Jerusalém, os discípulos estariam isentos de qualquer influência da tradição religiosa judaica, ou seja, livres do fermento dos fariseus e, portanto, aptos a confessarem e professarem livremente a fé em Jesus, fora dos esquemas tradicionais da religião. Ao mesmo tempo, estando em uma região de culto ao imperador, a confissão da fé em Jesus seria um sinal de convicção e adesão ao projeto do Reino dos céus e uma demonstração da coragem que deve marcar a vida da comunidade cristã, chamada a testemunhar a Boa Nova e continuar a obra de Jesus, mesmo em meio às hostilidades impostas pelo poder imperial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Podemos dizer que professar a fé em Jesus é distanciar-se dos esquemas religiosos do judaísmo e, ao mesmo tempo, desafiar qualquer sistema que não coloque a vida e o bem do ser humano em primeiro lugar, como o império romano. Em outras palavras, é optar por uma sociedade alternativa, como é o Reino de Deus. E, para que a confissão de fé seja autêntica é necessário ter clareza da identidade daquele em quem se crê, Jesus. Ora, Jesus estava prestes a iniciar sua viagem definitiva para Jerusalém, onde sofreria a paixão e morte, isso exigiria cada vez mais clareza de si na mentalidade dos discípulos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A pergunta de Jesus sobre o que dizem a respeito de si, ou seja, do Filho do Homem, não é demonstração de preocupação com sua imagem pessoal, mas com a eficácia do anúncio da comunidade. Até então, Jesus já tinha realizado muitos sinais entre o povo e ensinado bastante, mas pouca gente o conhecia verdadeiramente. Muitos o seguiam pela novidade que Ele trazia, uns pelo seu jeito diferente de acolher os mais necessitados e excluídos, outros para aproveitarem-se dos sinais que Ele realizava. Ele percebia isso, por isso fez essa pergunta: <i>“Que dizem os homens ser o Filho do Homem?”</i>(v. 13b).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta dos discípulos à pergunta de Jesus revela a falta de clareza que se tinha a respeito da sua identidade e, ao mesmo tempo, a boa reputação da qual Jesus já gozava entre o povo, certamente o povo simples, com quem Ele interagia e por quem mais lutava. Eis a resposta: <i>“alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”</i> (v. 14). Sem dúvidas, Jesus estava bem-conceituado pelo povo, pois era reconhecido como um grande profeta. De fato, os personagens citados foram grandes profetas, homens que acenderam a esperança de libertação, anunciando, denunciando e testemunhando. Mas Jesus é muito mais. Embora continuem sempre atuais, os profetas de Israel são personagens do passado. A comunidade cristã não pode ver Jesus como um personagem do passado que deixou um grande legado a ser lembrado. Isso impede a comunidade de fazer sua experiência com o Ressuscitado, presente e atuante na história. Foi esse risco que Mateus quis combater ao recordar esse episódio da vida de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A pergunta sobre o que as outras pessoas diziam a seu respeito foi apenas um pretexto. Na verdade, Jesus queria saber mesmo era o que seus discípulos pensavam de si. Por isso, lhes perguntou: <i>“E vós, quem dizeis que eu sou?”</i> (v. 15), uma vez que longe do “fermento dos fariseus”, os discípulos poderiam dar uma resposta sincera, isenta e livre. O texto afirma <i>que “Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”</i> (v. 16). Não resta dúvida que também os demais discípulos, componentes do grupo dos doze, também responderam. O evangelista enfatiza a resposta de Pedro por ser uma síntese do pensamento dos doze. Essa é a resposta do grupo e, portanto, da comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta é complexa e profunda: Jesus é Messias e Filho do Deus vivo. É muito significativo que Ele seja reconhecido e acolhido como o Messias esperado, ou seja, o Cristo, o enviado de Deus para libertar o seu povo e a humanidade inteira. Como circulavam muitas imagens de messias entre o povo, principalmente a de um messias guerreiro e glorioso, o segundo elemento da resposta de Pedro é de extrema profundidade e importância: o Filho do Deus vivo (em grego </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">o` ui`o.j tou/ qeou/ tou/ zw/ntoj </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– hó hiós tú Theú tú zontos). Além de definir a qualidade e especificidade do messianismo de Jesus, essa expressão serve também para denunciar a falsidade do culto ao imperador romano, o qual exigia ser reverenciado como filho de uma divindade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com a resposta de Pedro, a comunidade cristã é chamada a proclamar que Jesus é, de fato, o Cristo (termo mais fiel ao texto grego que Messias), é o Filho do Deus vivo, ou seja, seu Deus é o Deus da vida, enquanto os deuses pagãos cultuados no império romano e até mesmo o Deus oferecido pelo templo de Jerusalém eram privados de vida e agentes de morte, sobretudo para o povo simples e excluído. A convicção de que Jesus é o Filho do Deus vivo compromete a comunidade a denunciar e desafiar todos os sistemas, religiosos e políticos, que não favoreçam a promoção da liberdade e da vida plena e abundante para todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus se alegra com a resposta de Pedro e o proclama bem-aventurado:<i>“Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”</i> (v. 17). Não se trata de um elogio por um mérito particular de Pedro, até porque o conhecimento não é dele, mas do Pai que lhe revelou. O que Jesus faz é uma constatação: as coisas parecem começar a funcionar na comunidade, pois a voz do Pai está sendo ouvida; como o Pai só revela seus desígnios aos pequeninos (cf. 10,21), e Pedro está falando a partir do que o Pai lhe sugere, ele está demonstrando adesão plena ao projeto do Reino! O Reino de Deus ou dos céus, como Mateus prefere, é um projeto alternativo de mundo que só tem espaço para quem aceita a condição de pertencer ao mundo dos pequeninos. Parece que os discípulos começam, realmente, a pôr os pés no chão!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Na continuidade, Jesus declara: <i>“Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”</i> (v. 18a). com essa afirmação, Jesus está declarando que Pedro está apto a participar da construção da sua comunidade, por estar aberto às intuições do Pai. Ao contrário da antiga religião judaica que precisava de um templo de pedras, a comunidade cristã é uma construção sim, mas pela sua coesão e unidade, por isso, na sua construção são necessárias pedras vivas. Pedro é uma destas pedras escolhidas por Jesus. A pedra fundamental da construção é a fé da comunidade. A força, o equilíbrio e a perseverança da comunidade dependem da solidez da sua fé. Por isso, é necessário que essa fé seja forte como uma rocha, comparável a fé que Pedro tinha acabado de professar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Não podemos esquecer que muitas controvérsias já foram geradas a partir desse versículo. Por isso, é importante perceber e esclarecer que Mateus usa duas palavras gregas muito parecidas, mas diferentes, para designar Pedro e pedra: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe,troj </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– <i>Petros</i> e </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">pe,tra| </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">- <i>petra</i>. Embora muito próximas, é possível distingui-las: <i>Petros, </i>transformado no nome próprio Pedro, designa pedra, pedregulho ou tijolo, uma pedra pequena e removível usada em construções;<i>petra</i> designa a superfície rochosa, base ideal para os fundamentos de uma construção sólida. Enquanto apóstolo e membro da comunidade, Pedro, juntamente com os demais, é apenas um elemento da ampla edificação proposta por Jesus, e não o fundamento dessa. A rocha ou superfície rochosa é a fé sólida e convicta em Jesus, professada por Pedro em nome de todo o grupo. São estas as bases necessárias para a edificação da Igreja enquanto comunidade do Reino. Vale lembrar que essa é a primeira ocorrência da palavra Igreja no Evangelho (em grego </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evkklhsi,a </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– eclesía), cujo significado é assembleia convocada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao contrário do templo de Jerusalém e dos templos pagãos que haviam na região de Cesaréia de Filipe, construídos com pedras concretas e visíveis e, portanto, passíveis de destruição, a comunidade cristã não correrá esse risco se for edificada conforme Jesus pensou, ou seja, tendo a fé por fundamento. Por isso, Ele declara: <i>“e o poder do inferno nunca poderá vencê-la”</i> (v. 18b). Aqui Ele se refere às hostilidades que a comunidade irá enfrentar em seu longo percurso até a realização plena do Reino aqui na terra. São as forças de morte manifestadas nos diversos sistemas de dominação, tanto políticos quanto religiosos. A comunidade precisa de uma fé muito consistente para resistir a tudo isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No penúltimo versículo temos mais uma declaração significativa de Jesus a Pedro e à comunidade dos discípulos: <i>“Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será desligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus”</i> (v. 19). Não se trata de uma delegação de superpoderes à Igreja como muitos propagam. Mais que conferindo poderes, Jesus está responsabilizando a comunidade para fazer o Reino dos céus acontecer já aqui na terra. A comunidade recebe <i>“as chaves do Reino dos céus”</i> porque é nela que se faz a experiência da fé e da comunhão profunda com Deus através da prática das bem-aventuranças (cf. 5,1-12), e é isso que torna alguém apto para entrar Reino dos céus. Qualquer um que professa convictamente a fé em Jesus e vive seu programa de vida expresso nas bem-aventuranças tem a chave de acesso ao Reino. <i>“Ligar e desligar”</i> é, portanto, responsabilidade e não poder: se a comunidade cristã viver profundamente o que Jesus ensinou, não haverá diferença entre o céu e a terra!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Infelizmente, ao longo história, muitos abusos já foram praticados devido as más interpretações aplicadas a esse texto. Jesus não instituiu nenhum poder monárquico. Com essas imagens tão fortes (chaves – ligar – desligar) Jesus convida a sua Igreja, comunidade do Reino, a viver sempre em perfeita sintonia com Ele mesmo e com o Pai, de modo que, aquilo que a comunidade experimentar será referendado pelos céus! Ele dá as chaves para a sua comunidade abrir para todos o Reino que os escribas e fariseus tinham trancado (cf. 23,13), devido a hipocrisia em que viviam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O último versículo apresenta uma proibição de Jesus aos discípulos: <i>“Jesus, então, ordenou aos discípulos que eles não dissessem a ninguém que Ele era o Messias” (v. 20). </i>A princípio, parece uma contradição, uma vez que a comunidade tem a missão de anunciar Jesus e sua boa nova. Ora, Jesus conhecia muito bem os seus discípulos e suas fragilidades. Essa confissão de Pedro já foi um grande passo, mas sabia ainda continuavam vulneráveis e aquela fé não se manteria tão sólida com o passar do tempo, como o próprio Evangelho vai mostrar na sua sequência. Espalhar que Jesus era o Messias seria muito arriscado para a continuidade do seu projeto, pois a ideia de Messias que circulava na época era completamente diferente do tipo de messianismo que estava revelando. Certamente, muitos mal entendidos surgiriam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Essa ordem para que os discípulos não contassem a ninguém que Ele era o Messias reforça na comunidade a necessidade que cada um tem de fazer uma experiência autêntica com Ele, seguindo cada passo da sua vida para, de fato, perceber a especificidade do seu messianismo e da sua vida: servir e amar, até dar a própria vida.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<div>
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-23587478042019282122017-08-13T10:22:00.001-03:002018-01-10T00:41:58.804-02:00Reflexão para o XIX Domingo do Tempo Comum-Mateus 14,22-33( Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXJDquJsN_bIw6vSMCSOSRSfrRRxKlqR6ouKjb9xABvjtDeWtmPN2T0Nr9s82EqmHJG9cJqr1fX-tfiPOSLlbUkh5EJFB2F7j-ExpUeme-n8hjwRG-hK77KJioi0l1-oYExKq7pFEbscs/s1600/jesus-pedro-anda-sobre-o-mar.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="360" data-original-width="500" height="287" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhXJDquJsN_bIw6vSMCSOSRSfrRRxKlqR6ouKjb9xABvjtDeWtmPN2T0Nr9s82EqmHJG9cJqr1fX-tfiPOSLlbUkh5EJFB2F7j-ExpUeme-n8hjwRG-hK77KJioi0l1-oYExKq7pFEbscs/s400/jesus-pedro-anda-sobre-o-mar.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<h3 class="post-title entry-title" itemprop="name" style="font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 16px; font-stretch: normal; line-height: normal; margin: 0.75em 0px 0px; position: relative; text-align: start;">
Neste décimo nono domingo do tempo comum, a liturgia nos propõe o texto evangélico de Mateus 14,22-33. É um texto bastante conhecido e importante para a vida da comunidade cristã em todos os tempos. Esse texto relata Jesus andando sobre as águas em direção aos discípulos em perigo no alto mar. De modo antecipado, já podemos concluir que, mais que o relato de um fato, esse texto pretende ser uma imagem da comunidade cristã, a qual deve colocar-se sempre em situações arriscadas para que o Evangelho seja anunciado e, assim, o Reino dos céus seja edificado ainda aqui na terra.</h3>
</div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O contexto do nosso texto é de crise na comunidade dos discípulos e no próprio Jesus. O capítulo quatorze de Mateus começa relatando a morte de João, o Batista, decapitado a mando do rei Herodes (cf. Mt 14,1-12). Embora fossem muito diferentes em mentalidade, sobretudo a respeito do Reino e seus sinais, Jesus e João eram muito próximos afetivamente. Certamente, a morte trágica do Batista abalou profundamente a Jesus e seus seguidores, tanto pelo afeto que os unia, quanto pela certeza de que Ele tinha tudo para ser a próxima vítima da fúria imperial.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Diante disso, Jesus sentiu a necessidade de um momento sozinho para rezar, meditar e, talvez, até chorar; por isso, <i>“foi a um lugar deserto para estar a sós”</i> (cf. Mt 14,13). Porém, não conseguiu logo esse desejado momento de solidão porque as multidões o seguiam e até chegavam antes dele ao destino, pela ânsia que tinham de libertação e já tinham percebido que Jesus, de fato, era sinal de libertação e esperança. O drama é total: comovido pela morte do seu mentor, o Batista, sabendo que em breve também Ele seria condenado e morto, encontra-se no deserto diante de uma grande multidão faminta que foi ali somente para vê-lo e ouvi-lo. Seu sentimento não poderia ser outro: <i>“teve compaixão” </i>(cf. Mt 14,13). A compaixão em Jesus não era um mero sentimento, era motivação para uma ação concreta que restabelecesse a dignidade e a vida em plenitude; essa vida em plenitude pressupõe a saúde do corpo e da alma.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Disso, surgiu um pequeno desentendimento entre Jesus e os discípulos: as multidões sentiram fome, os discípulos, por comodismo, sugeriram que Jesus as despedissem; Jesus, pelo contrário, diz que são os discípulos que devem providenciar o alimento: <i>“Dai-lhes vós mesmos de comer” </i>(cf. Mt 14,16); os discípulos reclamam que o que eles têm é muito pouco, apenas cinco pães e dois peixes; Jesus mostra que é exatamente daquilo que é pouco e pequeno que a mudança pode acontecer (cf. Mt 14,21). Quando o pouco é colocado em comum, surge a abundância. Por isso, o milagre aconteceu. Certamente, o clima entre Ele e os discípulos ficou pesado e o momento de solidão se tornou cada vez mais necessário. É esse o contexto do Evangelho de hoje: crise pessoal em Jesus, crise na sua relação com os discípulos e, sobretudo, crise nos discípulos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Terminada a contextualização, olhamos para o nosso texto: <i>“Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despedia as multidões” </i>(v. 22). Nossa primeira observação é a respeito da tradução do texto litúrgico: ao invés de “Jesus mandou”, é mais correto e mais fiel ao texto original “Jesus obrigou” (verbo grego </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">avnagkazw </span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– anankazô). Jesus </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">não está dando uma sugestão, mas impondo uma condição para a comunidade: ir “<i>para o outro lado do mar”</i>, ou seja, para a outra margem (em grego: </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">pe,ran </span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– péran = outra margem). </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ora, ir para a outra margem significa abandonar o comodismo e expor-se ao perigo, aos riscos. A outra margem do mar da Galileia era o território dos pagãos, e essa ordem de Jesus significa a universalidade do seu Evangelho. A barca é a imagem da comunidade cristã, ou seja, da Igreja, a qual só tem razão de existir se estiver em estado de travessia, enfrentando perigos, mas levando a mensagem de Jesus a todos os lugares, sem distinção. A uma situação de crise na comunidade, Jesus responde com novos desafios, não suavizando nem enganando. Ser Igreja é estar sempre em saída!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus não renunciou ao seu momento de oração pessoal, por isso, tendo despedido as multidões e os discípulos, <i>“subiu ao monte para orar a sós”</i> (v. 23). A oração é um tema bem menos frequente em Mateus, comparando-o a Lucas, mas indispensável. O monte é, na tradição bíblica, o lugar do encontro com Deus, da intimidade com o Criador. Nesses dois primeiros versículos do Evangelho de hoje, Jesus apresenta duas posturas indispensáveis para a comunidade cristã: o cultivo da vida de oração e o colocar-se em estado de saída. Subir ao monte sem descer depois para enfrentar os mares da vida é inútil, bem como é inevitável o naufrágio quando se arrisca no mar sem ter feito antes a experiência do monte.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Quando a barca já estava longe da terra, ou seja, em alto mar, ela “<i>era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário” </i>(v. 24). É essa a situação da Igreja em saída em todos os momentos da história. O termo vento (em grego: </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">a;nemoj </span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– ánemos), </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">merece uma consideração especial: ele aparece três vezes no texto de hoje (vv. 24. 30. 32), e representa os três principais obstáculos que atrapalhavam a comunidade cristã no anúncio do Reino: 1) a oposição da sinagoga (judaísmo oficial), 2) as forças do império romano, 3) o medo dos discípulos. Três obstáculos a serem enfrentados para o Evangelho alcançar a outra margem, ou seja, chegar no mundo inteiro. Desses, o principal era o medo dos discípulos, ou seja, a resistência e a tentação do comodismo ou mesmo da desistência. Isso quer dizer que a comunidade é desafiada constantemente por forças externas e internas, sendo as internas as mais perigosas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Quando a comunidade está prestes a sucumbir, eis que Jesus se manifesta e vai ao seu encontro <i>“andando sobre o mar”</i> (v. 25). O mar, na mentalidade bíblica, evoca perigo, morte, domínio do mal, é sinônimo de caótico, algo que o ser humano não tem força para controlar. Porém, conforme essa mesma mentalidade, Deus tem o controle de tudo e pode, de fato, controlar até o mar, como fizera outrora, ao libertar o seu povo da escravidão do Egito (cf. Ex 14,24ss; Sl 77,16-20). Essa cena é um recado para a comunidade de Mateus, sufocada pelos três ventos mencionados anteriormente, e para a Igreja em todos os tempos: em Jesus, o Reino dos céus em pessoa, é possível superar o mal e todas as forças contrárias. Porém, só é possível vencer as hostilidades do mundo se enfrentá-las. Só vence o mar quem se arrisca nele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com a falta de confiança e convicção, a hostilidade só faz crescer na comunidade, como aconteceu com os discípulos: <i>“Quando avistaram Jesus andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: ‘É um fantasma!’. E gritaram de medo” </i>(v. 27). O medo (em grego: </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">fo,boj </span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– fóbos) tem sido o maior </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">obstáculo da Igreja em todos os tempos. O medo constrói fantasmas e gera terror. Foi esse medo que fez a Igreja criar ‘inimigos’ para si ao longo da história. É o vento que mais impede a Igreja de alcançar a outra margem, ou seja, de chegar onde ninguém chega, onde estão os excluídos e marginalizados. Por isso, ao medo dos discípulos, Jesus responde com uma declaração e um imperativo: <i>“Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” </i>(v. 27). É preciso coragem e confiança no Deus que, simplesmente, é! De fato, com a afirmação <i>“Sou eu”</i> (em grego </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evgw, eivmi </span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– egô eimí), Jesus recorda </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">e atualiza ação do Deus libertador do Êxodo (cf. Ex 3,14), o qual também fez o seu povo passar para a outra margem do mar, conquistando a libertação da escravidão. A libertação só pode ser alcançada quando o medo for superado.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pedro assume o papel de porta-voz do grupo e se manifesta: <i>“Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água” </i>(v. 28). O protagonismo de Pedro aqui é completamente negativo. Sua proposta é a mesma do diabo no episódio das tentações (cf. Mt 4,1-11), e dos zombadores no calvário (cf. Mt 27,40). Assim, como o demônio e os zombadores, Pedro quer pôr Jesus à prova com a expressão típica das tentações: <i>“se tu és...” </i>(em grego:</span><span style="font-family: "times new roman" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">eiv su. ei=</span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – ei si ei); </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ao pedir um sinal, “<i>manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”, </i>ele se comporta como os escribas e fariseus, classificados por Jesus como geração perversa e malvada (cf. Mt 12,38ss). Mais tarde, no episódio de Cesaréia de Filipe, Jesus irá desmascarar Pedro chamando-o diretamente de satanás (cf. 16,23). Essa atitude de Pedro é mais um alerta de Mateus à sua comunidade: o medo por um lado, e o desejo de poder e triunfalismo do outro, são os maiores perigos que a Igreja enfrenta.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta de Jesus ao pedido absurdo e tentador de Pedro é muito clara:<i>“Vem!” </i>(v. 29). É uma resposta-convite para o próprio Pedro perceber a sua falta de fé e convicção. Jesus não chamou Pedro para dar uma prova do seu poder, mas para mostrar o quanto aquele discípulo estava equivocado. Caminhar sobre as águas era, para Pedro, prova de poder sobre o mal e vitória sobre os obstáculos, uma ideia de triunfalismo, pois ele queria vencer sem lutar, como se a palavra de Jesus fosse mágica. Ao convidar Pedro a andar sobre a água, Jesus queria que ele se conscientizasse de sua vulnerabilidade, como, de fato, aconteceu: <i>“Quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: ‘Senhor, salva-me’!” </i>(v. 30). Pedro ainda estava incapacitado para enfrentar os ventos contrários. Eis o paradoxo no qual ele se encontra: de chamado a ser pescador de homens (cf. Mt 4,18-19), a homem pescado por Jesus!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Os momentos de Jesus a sós com os discípulos são sempre ocasião para catequese e aprofundamento. E essa oportunidade não poderia passar desperdiçada. Por isso, ao ver Pedro afundar em sua falta de fé, <i>“Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e lhe disse: ‘Homem fraco na fé, porque duvidaste?” </i>(v. 31). A repreensão de Jesus a Pedro, como homem de “pouca fé” ou “fraco na fé” (em grego: </span><span lang="EN-US" style="font-family: "bwgrkl"; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ovligo,pistoj </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– oligopistos), não foi porque ele começou a afundar enquanto caminhava, pois era impossível não afundar, mas pela mesquinhez de necessitar de um sinal para crer. </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> A dúvida de Pedro não o fez afundar, o fez tentar Jesus como satanás. Jesus repreende a Igreja e seus membros quando não se esforçam para contornar situações adversas, ou seja, quando se recusam a ir em direção à outra margem por medo e comodismo. Quando a comunidade valoriza mais os sinais extraordinários e milagres do que a luta pela justiça, a inclusão, e a superação das desigualdades, ela está, como Pedro, revelando seu lado satânico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao subirem no barco, Jesus e Pedro, diz o texto que <i>“O vento se acalmou” </i>(v. 32). É a confiança que foi recuperada, a certeza de que, com Jesus, seguindo a sua palavra, a comunidade pode superar os obstáculos, vencer as barreiras e conseguir chegar à outra margem. <i>“Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”</i> (v. 33). É uma atitude importante que mostra a necessidade de uma conversão contínua na vida da comunidade cristã, marcada pela renovação das convicções.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">As situações de perigo e provação devem levar à Igreja à autocrítica e, assim, perceber qual é o seu verdadeiro papel no mundo e qual o rumo que Jesus quer que ela tome. Com essa confissão comunitária, a qual será retomada por Pedro no episódio de Cesaréia de Filipe (cf. 16,16), Mateus está mostrando um progresso na fé da sua comunidade: em um episódio anterior, quando também Jesus e os discípulos estavam num barco e foram ameaçados pela tempestade, Jesus agiu, salvou-os do perigo, e os discípulos, admirados, perguntaram: <i>“Quem é este a quem até os ventos e o mar obedecem? </i>(cf. 8,27)<i>.</i> A resposta foi dada seis capítulos depois: é o Filho de Deus!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> O Evangelho interpela a Igreja a tomar atitudes que podem colocá-la em perigo, mas essa é a razão da sua existência. É preciso alcançar outras margens, as periferias existenciais, os lugares onde só é possível chegar se perder o medo. Para isso, é necessário ter muita convicção da presença de Jesus em seu meio, mesmo que seja difícil reconhece-lo, muitas vezes; e, na certeza dessa presença, enfrentar os mares com seus ventos, buscando uma fé madura para não se contentar com sinais ou espetáculos, mas buscar sempre a construção do Reino de Deus, que também é nosso!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12pt; text-align: right;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-84822622362922252522017-07-29T22:27:00.000-03:002018-01-10T00:41:59.398-02:00Reflexão para o XVII Domingo do Tempo Comum- Mateus- 13,44-52<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_d4N_HYgRCGenNesorlnnOuoOdrP3hyphenhyphentvdrXNmOMWfEvb5iwqm2KBjJ3WQ_EVJhPuUIHW0yBvkpxIDIMrrxaGd-UMFoDtjVCZeujDEGV36RmRA4svVH512y40JinuHX0Em7uEHpv2Tbg/s1600/image022.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="255" data-original-width="566" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_d4N_HYgRCGenNesorlnnOuoOdrP3hyphenhyphentvdrXNmOMWfEvb5iwqm2KBjJ3WQ_EVJhPuUIHW0yBvkpxIDIMrrxaGd-UMFoDtjVCZeujDEGV36RmRA4svVH512y40JinuHX0Em7uEHpv2Tbg/s400/image022.jpg" width="400" /></a></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Com a liturgia deste décimo
sétimo domingo do tempo comum, concluímos a leitura do terceiro dos cinco
discursos de Jesus no Evangelho segundo Mateus, o chamado “Discurso em
Parábolas”. Nesse discurso, o Reino dos céus é apresentado a partir de sete
parábolas contadas por Jesus às margens do mar da Galileia, para um auditório
composto pelos discípulos e a multidão. O texto específico que a liturgia
oferece para esse domingo é Mateus 13,44-52, o qual contém as últimas três das
sete parábolas, uma vez que as quatro primeiras já foram apresentadas na
liturgia dos dois últimos domingos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Tendo já apresentado as diversas
características do Reino dos céus por meio das parábolas anteriores, nas de
hoje, o objetivo parece ser motivar a comunidade a fazer opção pelo Reino,
preferindo-o a qualquer outra realidade ou bem. Isso se evidencia nas duas
primeiras, principalmente, a do tesouro e a da pérola (vv. 44-46),
respectivamente. Iniciamos, assim, o nosso olhar para o texto, dispensando a
contextualização, uma vez que essa já foi feita nos dois domingos anteriores e
vale ainda para o texto de hoje. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O nosso texto inicia-se com a
fórmula “O Reino dos céus é como”. Na verdade, seria mais fiel ao texto original
o uso da expressão “O Reino dos céus é semelhante”</span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">. Como já acenamos anteriormente, as duas
primeiras parábolas de hoje são mais uma motivação para a acolhida do Reino do
que uma mera descrição comparada desse. O encontro com o Reino e seus valores
exige uma decisão e tomada de posição radicais e inadiáveis. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Eis a
primeira parábola: <i>“O Reino dos céus é como um tesouro escondido no campo.
Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende
todos os seus bens e compra aquele campo” </i>(v. 44). Um tesouro no contexto
da época, era um vaso de argila cheio de moedas valiosas e joias que os
proprietários enterravam em suas propriedades quando percebiam perigo de
guerras, invasões ou saques. Quando um proprietário de terras tinha que fugir
às pressas por causa de uma invasão, enterrava seu tesouro, imaginando um dia
voltar. Dificilmente retomava a posse da terra; essa passava para outros
proprietários que não sabiam do tesouro escondido. Geralmente, esses tesouros
eram encontrados muito tempo depois de enterrados, por pessoas que não sabiam
da sua existência; daí a ideia de surpresa subentendida no texto, seguida da
mencionada alegria. Por sinal, uma palavra chave no Evangelho de hoje é,
exatamente, alegria</span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">, </span><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">como uma característica essencial
de quem encontrou o Reino e a ele aderiu plenamente.</span><span lang="EN-US" style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;"> <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
respeito do homem que encontra o tesouro, o texto não diz muita coisa. Não
sabemos o que fazia antes, se estava no campo por acaso ou trabalhando.
Provavelmente, era um camponês sem-terra, pois não era proprietário do campo. O
que sabemos é que ele encontrou um motivo para mudar a sua vida. Encontrou algo
pelo qual valia a pena abrir mão de tudo o que possuía para ficar somente com o
bem precioso que tinha acabado de encontrar. A chamada de atenção de Jesus para
os discípulos e a multidão, e de Mateus para a sua comunidade, visa deixar
ainda mais claro que o Reino deve ser a primeira opção de quem o encontra. O Reino desestabiliza a normalidade das
coisas, é reviravolta, subversão, é o revés da ordem estabelecida, tanto a
política quanto a religiosa.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">O
homem encontrou o tesouro por acaso, ou seja, sem fazer esforço algum. Essa é
uma das possibilidades de encontro com o Reino, pois como já tinha dito o
próprio Jesus, <i>“o Reino dos céus está próximo” </i>(cf. Mt 10,17), embora
sejam feitas exigências para experimentá-lo: <i>“convertei-vos” </i>(cf. Mt
10,17)<i>. </i>A decisão do homem da parábola foi o retorno às
bem-aventuranças: <i>“Bem-aventurados os que são pobres em espírito, porque
deles é o Reino dos céus”</i> (cf. Mt 5,3). Não basta contemplar nem saber que
o Reino dos céus chegou, é necessário fazer esforço para nele entrar; esse
esforço consiste em deixar de lado tudo o que não é compatível com ele, como
fez o homem da parábola.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
segunda parábola tem muita semelhança com a primeira. Também nela se evidencia
a necessidade de uma tomada de decisão radical, e apresenta o Reino como algo
precioso, pelo qual vale a pena fazer renúncias: <i>“O Reino dos céus é como um
comprador de pérolas preciosas. Quando encontra uma pérola de grande valor, ele
vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola” </i>(vv. 45-46). Também
nessa, as informações sobre o homem envolvido são poucas. Tudo indica que se
trata de um homem experiente e inquieto, capaz de distinguir o valioso do
vulgar. Assim como o da parábola anterior, também esse homem encontra algo que
lhe faz tomar uma decisão radical. É claro que Jesus não faz uma apologia ao
comércio, nem compara o Reino a um negócio. O importante aqui é a decisão
tomada ao encontrar algo que pode mudar o sentido da vida. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">As
duas parábolas mostram com muita clareza que o Reino não é conquistado por
imposição, mas por decisões livres e conscientes. É importante o discernimento
para perceber no que consiste realmente a vida em plenitude que só pode ser
alcançada na comunidade do Reino. Não se trata de uma vida no além, mas da vida
presente, carente de sentido porque os sistemas vigentes, religioso e
político-econômico, lhe negaram. Esse Reino pode ser encontrado por busca e
esforço, mas também por acaso, no cotidiano. O importante não é a forma como
foi encontrado, mas a decisão tomada para inserir-se nele ou possui-lo,
conforme a linguagem das parábolas. O que conta é viver uma vida pautada pelos
valores do Reino: justiça, amor, solidariedade, acolhimento, sinceridade,
alegria e coragem para lutar contra tudo o que impede o seu crescimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
terceira parábola é aquela da rede jogada ao mar: <i>“O Reino dos céus é ainda
como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está
cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes
bons em cestos e jogam os que não prestam” </i>(vv. 47-48). Muitos estudiosos
insistem em relacioná-la com aquela do joio e do trigo, refletida no domingo
passado (cf. Mt 13,24-30). É certo que existem semelhanças entre as duas, mas
as diferenças são bem maiores. Naquela do joio e do trigo, quem semeou a
semente nociva foi um inimigo, enquanto o dono do campo e da semente boa
dormia. Nessa da rede os peixes bons e ruins têm uma mesma origem, não são
frutos da ação de dois personagens diferentes. Essa diferença é muito
importante, como veremos a seguir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Desde
a comunidade apostólica, havia na Igreja a tendência equivocada de querer ser
uma comunidade de santos, justos ou eleitos, ou seja, uma comunidade separada e
isolada. Essa tendência era e é um entrave para a concretização do Reino. Com
essa parábola da rede, bem mais que com a do joio e o trigo, Jesus apresenta o
universalismo do Reino, marcado pela diversidade e inclusão, e sua exposição
aos perigos. Como as parábolas respondem a uma situação de crise da comunidade,
é interessante retornar às origens, ao primeiro chamado: <i>“Vinde, segui-me, e
eu farei de vós pescadores de homens” </i>(v. 4,19). Essa parábola é, portanto,
um convite para os discípulos retornarem às origens do chamado. Ora, Jesus não
os chamou para irem à procura de pessoas boas e santas, mas simplesmente para
“pescar seres humanos”, ou seja, ir ao encontra da humanidade inteira, sem
distinção nem classificação. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Com a
parábola do joio e o trigo, pedia-se tolerância e paciência. Com essa da rede,
Ele vai além: pede inclusão, aceitação e abertura constante, pois a rede
envolve, junta, mistura tudo. A semente era jogada em um terreno conhecido,
previamente preparado. O mar, ao contrário, é sempre imprevisível, ninguém pode
prepará-lo antes. É um desafio para a comunidade e uma advertência a qualquer
tendência separatista e segregadora. Não existe comunidade de pessoas
perfeitas. Uma vez recolhida a rede, exige-se a prudência e o discernimento
para a comunidade tirar de si os sinais de morte. O que deve ser jogado fora
não são necessariamente os peixes, ou seja, não são as pessoas. A comunidade
deve acolher a todos; à medida que a convivência vai fluindo, tudo o que não
tem vida deve ser trabalhado e descartado, mas não as pessoas em si. Na
comunidade cristã não pode ter juízes, mas apenas pessoas que, entre si, se
ajudando mutuamente, contribuem para que os sinais de vida se sobreponham aos
sinais de morte. Isso se dá à medida em que vão sendo tomadas decisões livres e
conscientes pelo Reino e seus valores.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">No
final, Jesus faz uma pergunta simples, mas profunda, aos discípulos: <i>“Compreendestes
tudo isso?” </i>(v. 51). Jesus apresentou o Reino dos céus em sete parábolas;
como o número sete tem a ver com perfeição e totalidade, é como se Jesus
dissesse que já não tinha mais o que dizer sobre o Reino, tinha dito tudo. O
que importa de agora em diante é viver e reconhecer os sinais desse Reino. A
resposta dos discípulos é positiva, mas a história e o próprio Evangelho de
Mateus m0stram que na verdade ainda não tinham compreendido, tudo, uma vez que
compreender no sentido bíblico vai além de uma apreensão de conteúdo ou
informações, mas implica numa adesão à uma proposta, nesse caso, o Reino dos
céus. A própria trajetória da comunidade dos discípulos, desde os doze
primeiros, é uma demonstração da rede jogada ao mar e recolhida com sinais de
vida e morte, bem e mal, amor e ódio. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">A
comunidade precisa admitir a coexistência dessas oposições e diversidades,
lutando, obviamente, para a vida vencer e, assim, a alegria do Evangelho ser
plenamente vivida. Para isso, é necessário discernimento e prudência para que,
entre coisas novas e velhas (cf. v. 52), o Reino e seus valores sejam
reconhecidos, valorizados e acatados, a partir de decisões corajosas e ousadas!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: 12.0pt; line-height: 107%;">Mossoró-RN,
28/07/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span><o:p></o:p></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-74218670146397945732017-07-23T10:15:00.001-03:002018-01-10T00:41:59.281-02:00Reflexão para o XVI domingo do tempo comum – Mateus 13,24-43 (ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGfpNDqsIBRhMmhAx5ymUcBCFUFJtj8lSi1uvWWiNXYKXNpky64pwE3E0_zCg-8cjcfapbDA83q_jHNg_rYPFce3Ua8oyCpjIZv3rUMSP-6bl9dKrcpgdcyGEVDqyvbDjEh7KMoExmWaE/s1600/o-joio-e-o-trigo-sera-que-voce-entendeu-direito-960x250.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="250" data-original-width="960" height="164" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjGfpNDqsIBRhMmhAx5ymUcBCFUFJtj8lSi1uvWWiNXYKXNpky64pwE3E0_zCg-8cjcfapbDA83q_jHNg_rYPFce3Ua8oyCpjIZv3rUMSP-6bl9dKrcpgdcyGEVDqyvbDjEh7KMoExmWaE/s640/o-joio-e-o-trigo-sera-que-voce-entendeu-direito-960x250.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
<span style="font-size: 14.4px;">Neste décimo sexto domingo do tempo comum, continuamos a leitura do discurso em parábolas de Jesus, no capítulo treze do Evangelho segundo Mateus. Esse é o terceiro dos cinco discursos de Jesus nesse Evangelho, e tem como tema principal o Reino dos Céus, o qual vem apresentado a partir de sete parábolas. O texto específico que a liturgia propõe para esse domingo, Mateus 13,24-43, contém três parábolas: do joio e o trigo (vv. 24-30), do grão de mostarda (vv. 31-32), e do fermento (v. 33). Além das três parábolas, o texto contém ainda a explicação de uma das parábolas, a do joio e o trigo (vv. 36-43). Essa explicação é um acréscimo posterior da comunidade de Mateus, provavelmente para amenizar um pouco o impacto causado pela mensagem provocativa das parábolas.</span></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Como já contextualizamos nos domingos anteriores, desde que iniciamos a leitura do capítulo treze de Mateus, esse discurso em parábolas é uma resposta de Jesus à rejeição sofrida pela sua pregação na Galiléia, tendo sido desacreditado até mesmo pelo seu mentor, João, o Batista (cf. Mt 11,2-19). Além, da rejeição, havia também a falta de compreensão da sua mensagem, principalmente da parte dos discípulos, uma vez que o modelo de Reino anunciado e proposto por Jesus não correspondia às expectativas e esperanças alimentadas na época. Mateus retoma esse momento da vida de Jesus para responder também ao contexto de crise vivido pela sua comunidade.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A crise vivida pela comunidade de Mateus, respondida pelas três parábolas de hoje, girava em torno de três grandes problemas ou tentações incompatíveis com a mensagem Jesus: 1) puritanismo (querer ser uma comunidade separada de santos e justos); 2) grandeza (desej0 de poder e sobreposição sobre os demais grupos); 3) desânimo (vontade de desistir por não ver resultados nem efeitos gerados pela pregação e a forma de vida cristã). Mesmo incompatíveis com a Boa Nova do Reino, essas três tendências têm marcado a história da comunidade cristã, desde as suas origens com os doze, até os dias atuais.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Ao primeiro problema, Jesus, e posteriormente Mateus, responderam com a parábola do joio e o trigo: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“O Reino dos céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio e foi embora” </em>(vv. 24-25). A introdução da parábola apresenta o Reino em uma realidade de tensão e hostilidade. Essa tensão é marcada pela presença simultânea da semente boa e da semente nociva, o mal e o bem, o amor e o ódio, a vida e a morte. Essa forma de conceber o Reino não agradava a muitos cristãos, inclusive aos discípulos, os quais imaginavam o Reino como uma comunidade separada, formada apenas por pessoas santas e justas. Jesus mostra o contrário: quem adere ao seu projeto de vida deve estar preparado para conviver com o diferente e até mesmo com o mal, sem compactuar com ele, obviamente.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O joio semeado pelo inimigo enquanto todos dormiam (v. 25), era uma planta muito parecida com o trigo, cujos grãos são tóxicos, capazes de provocar sérios danos à saúde de quem os consumir. É obra das trevas, por isso, <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">semeado enquanto todos dormiam</em>, ou seja, à noite. É um sinal de perigo e, portanto, uma ameaça à colheita da boa semente semeada no mesmo campo. Por isso, a ideia dos servos zelosos é arrancar o quanto antes: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Queres que vamos arrancar o joio?”</em> (v. 28b). A esses servos, correspondem as pessoas muito religiosas de todos os tempos, dos fariseus dos tempos de Jesus aos cristãos-católicos piedosos de hoje, e de outras religiões também. Por causa da intolerância, se pode colocar em risco todo o Reino.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A resposta prudente do dono do campo revela a atitude que Jesus quer de seus seguidores: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Não! Pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. Deixai crescer um e outro até a colheita”</em> (vv. 29-30a). Jesus quer mostrar que, antes de tudo, o cristão não pode apresentar-se como juiz de ninguém. Julgar é prerrogativa de Deus apenas, e esse não julga pelas aparências, sem antes ver os frutos. Enquanto não chegar o tempo da colheita, não é possível distinguir o bem do mal, o saudável do nocivo. Somente pelos frutos é possível conhecer a árvore. A pressa daqueles servos em arrancar logo o joio poderia comprometer toda a colheita. Isso revela extremismo, intolerância, falta de capacidade para conviver com as diferenças. Essa tendência continua presente ainda em muitos seguimentos da religião cristã, infelizmente. O Reino dos céus proposto por Jesus não é uma sociedade de pessoas perfeitas, alheia à história e às contradições da existência, não é uma comunidade de puros. O Reino só pode ser construído no meio do conflito. Por isso, exige capacidade de diálogo, respeito às diferenças e paciência.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A segunda parábola, ainda relacionada ao mundo agrícola, a do grão de mostarda (vv. 31-32) é a resposta de Jesus aos desejos de grandeza e poder na sua comunidade. Diante da estrutura imperial e da força da sinagoga, o projeto de Jesus era praticamente invisível. Os discípulos, sedentos de poder, não se conformavam com aquela situação. A resposta de Jesus foi desconcertante: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“O Reino dos céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo”</em> (v. 31). É necessário que a comunidade dos discípulos aceite a condição de pequenez em que se encontra e reconheça essa pequenez como necessidade para compreender a dinâmica do Reino. Esse, o Reino, não pode impor-se por sinais de grandeza nem de espetáculo. O importante é que esse seja cultivado, mesmo como uma semente pequena, e colocar-se no mundo para servir, como acontece com a mostarda: depois que a planta cresce <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“os pássaros vêm e fazem ninhos em seus ramos”</em> (v. 32b). A única preocupação dos que lutam pelo Reino é se estão sendo abrigo e serviço para os mais necessitados.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
À terceira tentação ou problema, o desânimo e falta de paciência, Jesus dá como resposta a parábola do fermento, a mais difícil de ser aceita e compreendida entre as três, pelos discípulos de então: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“O Reino dos céus é como o fermento que uma mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado”</em> (v. 33). Essa é uma das parábolas mais revolucionárias de Jesus porque apresenta o Reino dos céus sendo comparado a um elemento considerado impuro pela tradição judaica, o fermento, e como a atividade de uma mulher. Ora, para a cultura e tradição da época, a mulher pouca teria a contribuir com um projeto de sociedade como era o Reino dos céus.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O fermento era símbolo da subversão, porque tinha a capacidade de, mesmo em pequena quantidade, transformar a massa, dando-lhe nova forma e fazer crescer. O uso do pão fermentado era, inclusive, proibido para o uso litúrgico dos judeus (cf. Ex 12,19; 13,7; Dt 16,3). Além de adulterar a massa, ainda exigia bastante paciência até que seu efeito se tornasse visível no pão. E era exatamente a paciência que estava acabando nos discípulos e levando-os ao desânimo. Como não viam efeito algum na pregação deles e de Jesus, pois o mundo continuava do mesmo jeito, estavam propensos a desistir, à medida em que aumentavam as exigências de coragem e disposição. Com uma parábola como essa, Jesus quis injetar ânimo e perseverança neles e, ao mesmo tempo, desconstruir a imagem distorcida de um Reino marcado pela grandeza e pelos sinais exteriores. O Reino de Deus, pelo contrário, se constrói no anonimato e na simplicidade. Ninguém vê o fermento agindo dentro da massa. Uma vez que ele é injetado, se torna invisível ao misturar-se com a massa. No entanto, quem tiver paciência de esperar o seu efeito, o verá, e até de modo surpreendente.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A comunidade cristã tem o papel do fermento: de modo subversivo, ou seja, mesmo contra a legalidade, irradiar um jeito alternativo de viver, a partir de relações de solidariedade, igualdade, justiça e amor, até contagiar toda a massa, ou seja, as sociedades com seus padrões convencionais de comportamento. Esse trabalho de injetar fermento na massa é inclusivo, deve ser feito por todos e todas, mas começa pelos mais excluídos e desprezados da história, como as mulheres, conforme o exemplo da parábola.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Com essas três parábolas, de modo brilhante, Mateus respondeu aos questionamentos da sua comunidade, recordando como Jesus também reagia às crises do grupo dos doze. Certamente, essas respostas são válidas para todos os momentos da história. É preciso reforçar sempre que no Reino dos céus não há espaço para classificação entre bons e maus, puros e impuros, porque é uma comunidade de iguais, cujos distintivos são apenas os frutos; é uma comunidade pequena, mas acolhedora e servidora e, sobretudo, transformadora, para aqueles que aceitam ser subvertidos pelo Evangelho!</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Padre Francisco Cornelio</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-72858786978473428852017-07-16T21:53:00.000-03:002018-01-10T00:41:59.209-02:00Reflexão para o XV Domingo do Tempo Comum – Mateus 13,1-23 (ANO A)<div class="post-body entry-content" id="post-body-2118490070882204013" itemprop="description articleBody" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; line-height: 1.4; position: relative; width: 540px;">
<div dir="ltr" trbidi="on">
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIxrWXg_SSIrCe3EX03pHQGhxAM6fxpV772d9YUjdrBkPK38AyZ12QZAQrqK_Wnid7je1fjN-ZYeAf71gnocLrE7jYvGK3kWsg9At4B4eebAucs8tCMboc7aN4lzAllON92HJC9J3ycl8/s1600/a-parabola-do-semeador.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="361" data-original-width="501" height="230" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIxrWXg_SSIrCe3EX03pHQGhxAM6fxpV772d9YUjdrBkPK38AyZ12QZAQrqK_Wnid7je1fjN-ZYeAf71gnocLrE7jYvGK3kWsg9At4B4eebAucs8tCMboc7aN4lzAllON92HJC9J3ycl8/s320/a-parabola-do-semeador.jpg" width="320" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Com a liturgia deste décimo quinto domingo do tempo comum, iniciamos a leitura do terceiro dos cinco discursos de Jesus no Evangelho segundo Mateus, o chamado “Discurso em Parábolas”. Nesse, o Reino dos céus é apresentado a partir de sete parábolas, ocupando praticamente todo o capítulo treze do Evangelho. A liturgia propõe a leitura desse capítulo por três domingos consecutivos. O texto proposto especificamente para esse domingo é Mt 13,1-23. Se trata de um texto bastante extenso, o qual contém a primeira parábola do discurso (vv. 1-9), as motivações do discurso em parábolas (vv. 10-17), e a explicação da parábola para os discípulos (vv. 18-23). Considerando a extensão do texto, não comentaremos versículo por versículo. Procuramos colher a mensagem geral do texto em seu conjunto.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Para uma compreensão mais adequada do texto, é necessário fazer uma pequena contextualização introdutória, sobretudo por se tratar de uma nova fase na vida e no ministério de Jesus com uma nova metodologia. Essa mudança faz parte da reação de Jesus às rejeições sofridas pela sua mensagem em algumas cidades da Galileia após o discurso missionário (cf. Mt 11 – 12). Tinha ficado nítido que nem todos tinham se interessado pelo anúncio da Boa Nova do Reino. Diante disso, Jesus apresenta o Reino e seus mistérios a partir de uma série de sete parábolas distribuídas ao longo do capítulo treze. Certamente, diante do aparente fracasso da missão de Jesus, seus discípulos lhe questionaram a respeito da eficácia e até mesmo da utilidade do seu anúncio: <i>porque anunciar, se poucos escutam, e dos que escutam, poucos compreendem e acreditam? Porque o anúncio da Boa Nova do Reino não causa praticamente efeito algum? Vale a pena continuar?<o:p></o:p></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><i><br /></i></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Não temos dúvidas de que as parábolas do capítulo treze, e principalmente a de hoje, são tentativas de Jesus responder a questionamentos desse tipo. Daí a necessidade de apresentar uma série de parábolas que mostram a dinâmica do Reino dos céus, uma vez que por trás dos prováveis questionamentos dos discípulos estava também uma ideia distorcida de messianismo, já que o perfil de Jesus fugia dos padrões das expectativas mais convencionais do judaísmo da época: ao invés de um messias potente e guerreiro, Jesus se apresenta simples, manso e humilde de coração (cf. Mt 11,29). Ao invés de reconstruir o antigo reino de Davi, Ele propõe o Reino dos Céus. Com as parábolas, o Reino pode ser melhor compreendido pelos discípulos, desde que aceitem a condição de <i>pequeninos </i>(cf. Mt 11,25), essencial para conhecer a mensagem de Jesus. Além dos mistérios do Reino em si, as parábolas também ajudam a compreender a dinâmica de aceitação e rejeição, o que mais inquietava os discípulos naquele momento de crise vivido pelo grupo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Assim, voltamos a nossa atenção diretamente para o texto: <i>“Naquele dia, Jesus saiu de casa para sentar-se às margens do mar da Galiléia”</i> (v. 1). Jesus já estava radicado em Cafarnaum, cidade localizada no lago da Galiléia, chamado de mar pelo evangelista por motivos teológicos. O mar evoca perigo e hostilidade, é onde habitavam as forças do mal, segundo a mentalidade da época. As margens do mar significam lugar de movimento, fluxo de pessoas, abertura, contato com o diferente e exposição aos perigos. Permanecer em casa é sinal de segurança, fechamento e comodismo. Mesmo em um contexto de hostilidades à pregação do anúncio do Reino, a comunidade cristã não pode fechar-se em si nem buscar seguranças. Pelo contrário, deve lançar-se, colocar-se em saída e ir às margens. Com essa atitude de sair de casa e ir às margens do mar, Jesus convida a Igreja de todos os tempos a ser uma Igreja em saída!</span><span lang="EN-US" style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Se permanecesse em casa, somente os discípulos ouviriam a pregação de Jesus. Uma vez que saiu de casa, <i>“uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso, Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé na praia. E disse muitas coisas em parábolas”</i> (vv. 2-3). Para romper as bolhas e chegar às multidões é necessário colocar-se em saída e assumir os riscos de tal opção. Embora já tivesse contado várias parábolas (cf. Mt 7,24-27; 9,15; 12,43-45), essa é a primeira vez que o evangelista usa o termo mesmo “parábola” (em grego </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">parabolh. </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">– parabolê), cujo significado é pôr lado a lado, ou seja, fazer uma comparação. Ele vai, portanto, apresentar o Reino a partir de comparações com elementos do cotidiano das pessoas, o que não significa que, necessariamente, será melhor compreendido por isso, mas pelo menos instigará a reflexão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">A primeira das parábolas que compõe o discurso é aquela que o Evangelho de hoje nos apresenta: <i>“o semeador saiu para semear” </i>(v. 3b). Conforme vem descrito, esse semeador lança a semente em quatro tipos diferentes de terrenos: caminho, pedra, espinho e terra boa (vv. 4-8), sem distinção. Certamente há, aqui, uma grande discrepância com as práticas agrícolas modernas. Na antiga Palestina, a terra não era preparada com antecedência para a plantação. Jogava-se a semente na terra e só se começava a prepará-la quando as plantas nasciam e cresciam, a ponto de distinguir a planta boa da árvore daninha (cf. Parábola do joio e do trigo, Mt 13,24-30). Perder sementes jogadas em terrenos duvidosos era visto como natural. O importante era a confiança e a certeza de que em algum lugar, haveria de nascer, crescer e frutificar em abundância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Mesmo tendo a multidão como auditório, o público alvo da parábola é o grupo dos discípulos de outrora e a comunidade cristã de todos os tempos. A comunidade anunciadora do Reino não pode escolher a quem anunciar, assim como o semeador não escolhe o terreno antes de lançar a semente. Diante dos fracassos recentes na missão evangelizadora de Jesus com os doze, a tendência nos discípulos era selecionar melhor os destinatários do anúncio e não perder mais tempo. Jesus está, com essa parábola, advertindo a Igreja de todos os tempos que na sua missão, estará mais presente o fracasso que o sucesso, afinal, de quatro tipos de terreno, somente em um a semente frutificou. A comunidade deve confiar na eficácia da Palavra, e ao mesmo tempo conscientizar-se das diversas oposições que essa recebe e que podem impedir o seu crescimento.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">De uma coisa a comunidade não pode duvidar: a Palavra tem força transformadora incrível! Quando <i>“cai em terra boa, é capaz de produzir à base de cem, sessenta e de trinta frutos por semente”</i> (v. 8). Essa imagem exageradamente abundante dos frutos é importante: convencionalmente, o máximo que se esperava de um cacho (ou espiga) de trigo era trinta grãos. Aqui está uma demonstração da vida em plenitude que receberão aqueles que aderirem ao projeto do Reino. O que parecia ser muito (trinta frutos) passa a ser mínimo diante da beleza que é a vida de quem se deixou conduzir pelos frutos do Reino. A colheita surpreendente (cem frutos por semente) só é possível para quem confia na Palavra e se abre completamente aos valores do Reino. O que parecia muito fora da mentalidade nova proposta por Jesus, é o mínimo na dinâmica do Reino.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Após contar a primeira das sete parábolas, <i>“os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: porque falas ao povo em parábolas?” </i>(v. 10). A resposta de Jesus é bastante longa e enigmática (vv. 11-17), usando, inclusive, o profeta Isaías (cf. Is 6,9-10). Assim como havia níveis diferente de adesão à pregação de Jesus, também havia diferenças no modo de compreender a sua Palavra. Nem toda a multidão estava apta a compreender porque isso não é possível sem uma experiência autêntica com Ele. Não há conhecimento superficial de Jesus: ou se conhece profundamente ou não se conhece nada d’Ele!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">A Palavra transforma, cria raízes no coração, por isso <i>“aquele que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem, será tirado até o pouco que tem” </i>(v. 12). É claro que Jesus não está falando de bens ou riquezas, mas do conhecimento de si e dos mistérios do Reino. Quem o conhece superficialmente, na verdade não o conhece; quem o conhece verdadeiramente, o conhecerá ainda mais. No coração onde a Palavra apenas tocou sem criar raízes, ela logo desaparecerá. Mas, onde ela de fato frutificou, os frutos serão cada vez mais abundantes. O desejo de Jesus é que a Palavra seja acolhida por todos, mas a experiência estava mostrando que não era possível. Nem todos a acolhiam, uns faziam de conta, ou seja, ouviam, mas não se deixavam transformar por Ela. A apresentação do Reino em parábolas era um convite à reflexão: através das imagens usadas, as pessoas poderiam refletir com mais calma depois da pregação e, assim, decidir aderir ou não.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">A explicação da parábola aos discípulos (vv. 18-23) é um acréscimo da comunidade mateana, como forma de manter a mensagem de Jesus sempre atualizada. Não basta recordar o que o Mestre falou, é necessário ler a realidade atual à luz da sua mensagem e aplicá-la. Nessa explicação, Mateus adverte sua comunidade e as comunidades de todos os tempos para a importância de saber lidar com as diferenças e a paciência no modo de anunciar e acolher a Palavra. Mais que descrever quatro categorias de pessoas, os quatro terrenos da parábola são advertências e indicações de que cada discípulo e discípula pode comportar em si as quatro situações de acolhida ou resistência à Palavra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Estrada, pedra, espinhos e terra boa está no coração de um. Que isso não impeça a Igreja a sair constantemente de si mesma e lançar as sementes do Reino, a Palavra, em todas as circunstâncias! O importante é ter coragem de deixar a casa e assumir as margens sem medo!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 16.96px;">Mossoró-RN, 16/07/2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
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<br /></div>
</div>
<br />
<div style="clear: both;">
</div>
</div>
<div class="post-footer" style="background-color: white; border-bottom: 1px solid rgb(204, 204, 204); color: #660000; font-family: Cantarell; font-size: 12.6px; line-height: 1.6; margin: 20px -2px 0px; padding: 5px 10px;">
<div class="post-footer-line post-footer-line-1">
<span class="post-author vcard" style="margin-left: 0px; margin-right: 1em;">E</span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-26004081883061674322017-07-09T17:21:00.002-03:002018-01-10T00:41:58.850-02:00Reflexão para o XIV domingo do Tempo Comum – Mateus 11,25-30 (ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3aOHpgpLuXFZGhfIHBYlcdiTOms1mDWpoODxsIo5rMsW2FMv-LzjYJ0OHaYG_OpAM8ViTF5rQfv7Bt2M7VPiXVRcXXAq8vp6lBypTgfqv6Id3K-RUBD30ao8xlXThyAEszkA3CpAAsJk/s1600/pesca_alto-960x250.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="250" data-original-width="960" height="103" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh3aOHpgpLuXFZGhfIHBYlcdiTOms1mDWpoODxsIo5rMsW2FMv-LzjYJ0OHaYG_OpAM8ViTF5rQfv7Bt2M7VPiXVRcXXAq8vp6lBypTgfqv6Id3K-RUBD30ao8xlXThyAEszkA3CpAAsJk/s400/pesca_alto-960x250.jpg" width="400" /></a></div>
<br />
<br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
</div>
<span style="background-color: white; color: #444444; font-family: ruluko, arial, helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; text-align: justify;">O Evangelho deste décimo quarto domingo do tempo comum (Mateus 11,25-30) nos apresenta a resposta de Jesus à insensibilidade dos seus conterrâneos galileus aos seus ensinamentos, após proferir o discurso missionário. É um texto pequeno, porém muito profundo e significativo para a comunidade cristã de todos os tempos. Nele, Jesus faz importantes revelações. Mais que qualquer outro, esse texto não pode ser compreendido sem antes observarmos o seu contexto. E é partindo desse que iniciamos a nossa reflexão.</span><br />
<div style="-webkit-text-stroke-width: 0px; color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium; font-style: normal; font-variant-caps: normal; font-variant-ligatures: normal; font-weight: normal; letter-spacing: normal; orphans: 2; text-align: justify; text-decoration-color: initial; text-decoration-style: initial; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; widows: 2; word-spacing: 0px;">
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Os discursos de Jesus sempre foram seguidos de muito trabalho e ação em prol da implantação do Reino dos céus na terra. Assim como aconteceu após o discurso da montanha (cf. 8,1ss), também ao concluir o discurso missionário, Jesus mesmo saiu em missão, conjugando discurso e práxis, como nos relata o evangelista Mateus: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Quando Jesus terminou de dar instruções aos seus doze discípulos, partiu dali para ensinar e pregar nas cidades deles” </em>(cf. Mt 11,1). Essas instruções foram dadas no décimo capítulo, em forma de discurso. Eram recomendações práticas sobre o conteúdo e o modo de proceder no anúncio.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Jesus não se contentou em enviar os discípulos, mas Ele mesmo, como enviado do Pai, foi o primeiro a sair levando a mensagem libertadora do Reino. Porém, as respostas dos seus destinatários não foram positivas. Pelo contrário, houve rejeição e hostilidade, a começar pelo próprio João Batista que, já prisioneiro, desconfiou da autenticidade do ministério de Jesus, a ponto de enviar seus discípulos para tirar algumas dúvidas, afinal o comportamento de Jesus não correspondia às suas expectativas (cf. Mt 11,2-19). Ora, João tinha anunciado um messias juiz e vingador, alguém que vinha ao mundo para premiar os bons e condenar os pecadores (cf. Mt 3,7-12), enquanto Jesus se misturava com os pecadores, bebendo e comendo com eles (cf. Mt 11,18).</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Além das dúvidas de João, o evangelista registra o desgosto de Jesus com as cidades que Ele escolheu como destinatárias do seu anúncio: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Então começou a recriminar as cidades onde tinha realizado a maioria dos seus milagres, porque elas não tinham se convertido”</em> (cf. Mt 11,20-24). Essas cidades eram Corazaim, Betsaida e Cafarnaum, escolhidas a dedo para o anúncio da chegada do Reino dos céus! Com a sua reputação posta em dúvidas pelo seu próprio mentor, o Batista, e a rejeição de seus compatriotas galileus, Jesus tinha tudo para decretar a falência do seu projeto. É esse o contexto do Evangelho de hoje.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Feita a devida contextualização, voltamos nossa atenção para o texto de hoje, que apresenta a resposta de Jesus a tudo isso: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Naquele tempo, Jesus respondendo, disse: Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra”</em> (v. 25a). Antes de prosseguirmos na reflexão, fazemos duas observações importantes: a expressão <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Naquele tempo”</em>, dessa vez, faz parte mesmo do texto bíblico, e tem uma importância relevante. Como a liturgia praticamente banalizou essa expressão, colocando-a sempre como introdução ao Evangelho, corremos o risco de não perceber seu real significado no texto de hoje. Ora, ao precisar temporalmente o episódio, “Naquele tempo”, o evangelista praticamente obriga seu leitor a lê-lo dentro do seu contexto. Isso quer dizer que se trata de uma continuidade entre o que o diz o texto de hoje e o que lhe antecede. A outra observação diz respeito a uma omissão grave no texto litúrgico: a omissão da expressão verbal “respondendo”, presente no texto original e, por sinal, muito significativa, porque nos dá a certeza de que as palavras de Jesus no texto de hoje são uma resposta precisa a uma situação concreta de rejeição à sua mensagem.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
E qual foi a resposta de Jesus? Uma oração de louvor e ação de graças ao Pai: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Eu te louvo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondestes estas coisas aos sábios e entendidos e as revelastes aos pequeninos”</em> (v. 25)! Ao invés de sentir-se falido em seu projeto, surpreendentemente, Jesus sente-se realizado porque, de fato, os propósitos de Deus, o Pai, estão começando a concretizar-se: o mundo novo só pode ser construído a partir da adesão dos pequenos!</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O Reino dos céus, que é ameaça para os grandes, os detentores de poder político e religioso, só tem sentido e só é possível se o programa de vida de Jesus for abraçado. Esse programa consiste na vivência das bem-aventuranças” (cf. Mt 5,1-12). Os pequeninos que estão conhecendo “estas coisas” são: os pobres, os mansos, os aflitos, os famintos e sedentos de justiça, os misericordiosos, os puros de coração, os promotores da paz e os perseguidos, ou seja, os bem-aventurados.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Quanto aos “sábios e entendidos”, os valores do Reino permanecem ocultos devido à soberba, orgulho, avareza, legalismo e uso da força e da violência da parte deles. Esses são os dirigentes, a elite política e religiosa, principalmente. São aqueles que não tem coragem de tornar-se pequenos e, por isso, não entrarão no Reino dos céus (cf. Mt 18,3). Quem assume o poder como meio de dominação, seja econômica ou ideológica, tende a rejeitar um projeto de sociedade igualitária, como é o Reino dos céus.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Não resta dúvida de que a crítica de Jesus aqui se aplica mais ao campo religioso: os “sábios e entendidos” que não conhecem “as coisas do Pai” são os representantes oficiais da doutrina e da lei, aqueles que passam a vida impondo normas e vigiando para saber quem as está cumprindo ou não. Esses, como representantes de um Deus juiz, severo e vingativo, não estão aptos a aceitar os propósitos de um Deus-Pai, o Deus de Jesus, que não impõe nenhuma lei, senão aquela do amor.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Diante disso, Jesus não se desespera, pois compreende que <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“assim foi do agrado do Pai”</em> (v. 26), ou seja, Jesus entende que o rechaço ao seu projeto não é coisa de se estranhar. Não é que o Pai queira que o Reino seja rechaçado, mas Jesus lê os acontecimentos – inclusive a rejeição ao Reino – pela ótica da comunhão com Deus. Ele sabe que a observância da lei e o apego à doutrina não garantem essa comunhão, nem a adesão ao projeto do Reino. Ninguém pode ter acesso ao Reino dos céus pela observância das prescrições da lei. Ninguém pode conhecer o Pai e seus desígnios a partir de códigos e doutrinas, mas somente amando e sentindo-se amado, fazendo-se pequeno para sentir a grandeza do amor do Pai. Então, quem quer fazer parte do Reino pela via legal e doutrinária fica decepcionado e v se opõe ao projeto de Deus. É neste sentido que é do agrado do Pai o rechaço do Reino: melhor o Reino ser rechaçado por essa gente legalista que ser deturpado por ela.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Jesus fala do seu Deus-Pai com propriedade porque é o Filho. Por isso, Ele pode dizer: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Tudo me foi entregue por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai, e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”</em> (v. 27). Essa declaração reforça sua intimidade com o Pai e ao mesmo tempo denuncia a ilegitimidade da religião vivida pelos considerados grandes da sua época, os fariseus, mestres da lei e sacerdotes. Aquela religião era falsa porque anunciava sem conhecer, pois baseava-se em códigos legais e doutrinais e, assim, ao invés de revelar, escondia o rosto do verdadeiro Deus.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Consciente de que aquela religião só distanciava as pessoas do amor do Pai, e querendo que esse amor se tornasse conhecido e experimentado por todos, principalmente os explorados e marginalizados, Jesus faz um belo e ousado convite: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso” </em>(v. 28)<em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">. </em>A ousadia de Jesus aqui consiste em convidar à ruptura com todos os sistemas de negação da vida plena e da liberdade. E era exatamente a religião quem mais deixava o povo cansado e fatigado, impondo fardos que nem mesmo os chefes religiosos conseguiam carregar (cf. Mt 23,4).</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Além da opressão do império romano, o povo ainda era submetido à coerção de uma religião vazia e hipócrita. Daí o convite de Jesus para a verdadeira libertação: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Vinde a mim… e eu vos darei descanso”. </em>É claro que o descanso que Jesus promete não é uma vida cômoda e fácil, mas sim uma vida livre das prescrições da lei e do peso da doutrina. Em outras palavras, esse descanso é a liberdade e a capacidade de amar e sentir-se amado, é sinal de realização do Reino dos céus, pois evoca a perfeição e a completude de uma obra boa, como a criação (cf. Gn 2,2).</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
O convite é ampliado: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso” </em>(v. 29)<em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">. </em>Tomar o jugo de Jesus é trocar a observância da lei pela prática das bem-aventuranças. É preciso aprender de Jesus porque somente Ele, como Filho, pode revelar plenamente o rosto amoroso do Pai, e somente fazendo uma experiência profunda de amor-comunhão, é possível libertar-se do jugo imposto pelos guardiões da lei e da doutrina.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Se as bem-aventuranças em si resumem o perfil de Jesus, as duas que Ele cita aqui constituem a síntese máxima da sua personalidade: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">manso e humilde de coração!</em> É importante ressaltar que a mansidão vivida por Jesus não pode ser confundida com resignação, nem comodismo. Pelo contrário, essa consiste na coragem de lutar pelo Reino mesmo na adversidade, sem, no entanto, recorrer aos mecanismos do opressor, como a violência e o ódio. Obviamente, ninguém consegue fazer isso se não aprender com Jesus.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Ao contrário do peso das prescrições legais impostas pela religião do seu tempo, Jesus dá uma garantia aos seus seguidores: <em style="background: transparent; border: 0px; font-size: 14.4px; margin: 0px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">“O meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (v. 30). </em>É claro que Jesus não está prometendo facilidades na vida para aqueles que abraçarem o seu projeto. O seu fardo consiste exatamente na vivência das bem-aventuranças, o que implica muitas dificuldades e desafios. Inclusive, o principal critério para reconhecer se alguém está vivendo as bem-aventuranças é exatamente a perseguição (cf. Mt 5,11-12).</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: 14.4px; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; vertical-align: baseline;">
Portanto, o jugo e o fardo de Jesus são suave e leve porque não consistem em regras a cumprir, mas em um amor a ser experimentado. Esse amor só pode ser acolhido por quem abrir mãos de todos os fardos impostos pela religião e por qualquer sistema de dominação. Por isso, o Reino dos céus é uma proposta de mundo novo, de uma sociedade alternativa fundada em relações de igualdade, justiça, solidariedade… enfim, é uma sociedade guiada por uma única lei: o amor!</div>
<div>
<span style="background-color: white; font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-align: right;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
<div>
<span style="background-color: white; font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-align: right;"><br /></span></div>
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<span style="background-color: white; font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-align: right;"><br /></span></div>
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<span style="background-color: white; font-family: "georgia" , serif; font-size: 16px; text-align: right;"><br /></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-86260434273239353572017-07-01T17:50:00.001-03:002018-01-10T00:41:59.422-02:00Reflexão para a solenidade de São Pedro e São Paulo- Mateus 16,13-19<div>
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32w035dahHNfSRGXnNMd5tNE2dM9ypFOh_jrphRPQcIO3wlcK7MaCo7x36XLsfMYRoXdpspZa468Lk2mmn197HRRhGlIWbYXdg9x_BCfrDezGG_9T7y_6ZUWjcdKz-1Itfbxo67Kx2AA/s1600/2.%252BJesus%252Bresponde%252B%25C3%25A0%252Bconfiss%25C3%25A3o%252Bde%252Bf%25C3%25A9.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="566" data-original-width="959" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg32w035dahHNfSRGXnNMd5tNE2dM9ypFOh_jrphRPQcIO3wlcK7MaCo7x36XLsfMYRoXdpspZa468Lk2mmn197HRRhGlIWbYXdg9x_BCfrDezGG_9T7y_6ZUWjcdKz-1Itfbxo67Kx2AA/s400/2.%252BJesus%252Bresponde%252B%25C3%25A0%252Bconfiss%25C3%25A3o%252Bde%252Bf%25C3%25A9.jpg" width="400" /></a></div>
<div>
<br /></div>
<br /><div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste domingo em que celebramos a solenidade dos apóstolos Pedro e Paulo, a liturgia nos oferece Mateus 16,13-19 para o Evangelho, texto que contém a famosa confissão de fé de Pedro na região de Cesaréia de Filipe. Esse é um relato comum aos três Evangelhos Sinóticos (cf. Mt 16,13-19; Mc 8,27-30; Lc 9,18-21), embora a versão mateana apresente certos elementos próprios, o que lhe rendeu uma supervalorização na reflexão teológica ao longo dos séculos, sobretudo, no cristianismo católico.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Antes de entrarmos na reflexão do texto em si, é necessário fazer algumas considerações a respeito do contexto do relato no conjunto do Evangelho. Esse trecho abre uma série de acontecimentos importantes da vida de Jesus e dos seus seguidores, como a transfiguração (cf. 17,1-7) e os dois primeiros anúncios da paixão (cf. 16,21-23; 17,22). Na verdade, podemos dizer que tais acontecimentos são consequência do episódio narrado no Evangelho de hoje, pois tanto a transfiguração quanto os anúncios da paixão são tentativas de Jesus revelar a sua verdadeira identidade, tendo em vista que os discípulos ainda não tinham tanta clareza.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Recordamos o que sucede o nosso texto no conjunto do Evangelho, mas também não podemos deixar de recordar o que o antecede: uma controvérsia com os fariseus, os quais pediam sinais a Jesus (cf. 16,1-4), e uma séria advertência aos discípulos para não se deixarem contaminar pelo fermento dos fariseus e saduceus (cf. 16,5-12). Esse fermento era a mentalidade equivocada sobre Deus e o futuro messias e, principalmente, a hipocrisia em que viviam.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mateus recorda tudo isso porque, certamente, a sua comunidade passava por uma crise de identidade: por falta de clareza da identidade de Jesus e falta de experiência autêntica com o Crucificado-Ressuscitado, o “fermento dos fariseus”, quer dizer a influência da sinagoga, estava atrapalhando a vivência das bem-aventuranças, e impedindo a realização do Reino dos céus naquela comunidade. É claro que esse cuidado continua válido ainda para os dias atuais, uma vez que são cada mais perigosos os fermentos farisaicos de hoje: retorno ao ritualismo, indiferença às necessidades do próximo, fundamentalismo, espiritualismos vazios e tantos outros. Isso se dá por falta de clareza da identidade de Jesus e carência de experiência verdadeira com Ele.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Agora podemos, portanto, direcionar nosso olhar para o texto que liturgia nos oferece: “Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: ‘Quem dizem os homens ser o Filho do homem?’” (v. 13). O texto começa com um indicativo geográfico de grande importância: Cesaréia de Filipe estava localizada no extremo norte de Israel, portanto, muito longe de Jerusalém. Como o próprio nome indica, era um centro do poder imperial e, portanto, lugar de culto ao imperador romano. Certamente o evangelista e sua comunidade tinham um propósito muito claro ao narrar esse episódio e recordar a sua localização.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Longe de Jerusalém, os discípulos estariam isentos de qualquer influência da tradição religiosa judaica, ou seja, livres do fermento dos fariseus e, portanto, aptos a confessarem e professarem livremente a fé em Jesus, fora dos esquemas tradicionais da religião. Ao mesmo tempo, estando em uma região de culto ao imperador, a confissão da fé em Jesus seria um sinal de convicção e adesão ao projeto do Reino dos céus e uma demonstração da coragem que deve marcar a vida da comunidade cristã, chamada a testemunhar a Boa Nova e continuar a obra de Jesus, mesmo em meio às hostilidades impostas pelo poder imperial. Podemos dizer que professar a fé em Jesus é distanciar-se dos esquemas religiosos do judaísmo e, ao mesmo tempo, desafiar qualquer sistema que não coloque a vida e o bem do ser humano em primeiro lugar, como o império romano. Em outras palavras, é optar por uma sociedade alternativa, como é o Reino de Deus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A pergunta de Jesus sobre o que dizem a respeito de si, ou seja, do Filho do Homem, não é demonstração de preocupação com sua imagem pessoal, mas com a eficácia do anúncio da comunidade. Até então, Jesus já tinha realizado muitos sinais entre o povo e ensinado bastante, mas pouca gente o conhecia sua verdadeiramente. Muitos o seguiam pela novidade que Ele trazia, uns pelo seu jeito diferente de acolher os mais necessitados e excluídos, outros para aproveitarem-se dos sinais que Ele realizava. Ele percebia isso, por isso fez essa pergunta: “Que dizem os homens ser o Filho do Homem?” (v. 13b).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta dos discípulos à pergunta de Jesus revela a falta de clareza que se tinha a respeito da sua identidade e, ao mesmo tempo, a boa reputação da qual Jesus já gozava entre o povo, certamente o povo simples, com quem Ele interagia e por quem lutava. Eis a resposta: “alguns dizem que é João Batista; outros, que é Elias, outros, ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas” (v. 14). Sem dúvidas, Jesus estava bem-conceituado pelo povo, pois era reconhecido como um grande profeta. De fato, os personagens citados foram grandes profetas, homens que acenderam a esperança de libertação, anunciando, denunciando e testemunhando. Mas Jesus é muito mais. Embora continuem sempre atuais, os profetas de Israel são personagens do passado. A comunidade cristã não pode ver Jesus como um personagem do passado que deixou um grande legado a ser lembrado. Isso impede a comunidade de fazer sua experiência com o Ressuscitado, presente e atuante na história. Foi esse risco que Mateus quis combater ao recordar esse episódio da vida de Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A pergunta sobre o que as outras pessoas diziam a seu respeito foi apenas um pretexto. Na verdade, Jesus queria saber mesmo era o que seus discípulos pensavam de si. Por isso, lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” (v. 15), uma vez que longe do “fermento dos fariseus”, os discípulos poderiam dar uma resposta sincera, isenta e livre. O texto afirma que “Simão Pedro resp0ndeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (v. 16). Não resta dúvida que também os demais discípulos componentes do grupo dos doze também responderam. O evangelista enfatiza a resposta de Pedro por ser uma síntese do pensamento dos doze. Essa é a resposta do grupo e, portanto, da comunidade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A resposta é complexa e profunda: Jesus é Messias e Filho e do Deus vivo. É muito significativo que Ele seja reconhecido e acolhido como o Messias esperado, ou seja, o Cristo, o enviado de Deus para libertar o seu povo e a humanidade inteira. Como circulavam muitas imagens de messias entre o povo, principalmente a de um messias guerreiro e glorioso, o segundo elemento da resposta de Pedro é de extrema profundidade e importância: o Filho do Deus vivo (em grego </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">o` ui`o.j tou/ qeou/ tou/ zw/ntoj </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– hó hiós tú Theú tú zontos). Além de definir a qualidade e especificidade do messianismo de Jesus, essa expressão serve também para denunciar a falsidade do culto ao imperador romano, o qual exigia ser reverenciado como filho de uma divindade.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Com a resposta de Pedro, a comunidade cristã é chamada a proclamar que Jesus é, de fato, o Cristo (termo mais fiel ao texto grego que Messias), é o Filho do Deus vivo, ou seja, seu Deus é o Deus da vida, enquanto os deuses pagãos cultuados no império romano e até mesmo o Deus oferecido pelo templo de Jerusalém eram privados de vida e agentes de morte, sobretudo para o povo simples e excluído. A convicção de que Jesus é o Filho do Deus vivo compromete a comunidade a denunciar e desafiar todos os sistemas, religiosos e políticos, que não favoreçam a promoção da liberdade e da vida plena e abundante para todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Jesus se alegra com a resposta de Pedro e o proclama bem-aventurado: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu” (v. 17). Não se trata de um elogio por um mérito particular de Pedro, até porque o conhecimento não é dele, mas do Pai que lhe revelou. O que Jesus faz é uma constatação: as coisas parecem começar a funcionar na comunidade, pois a voz do Pai está sendo ouvida; como o Pai só revela seus desígnios aos pequeninos (cf. 10,21), e Pedro está falando a partir do que o Pai lhe sugere, ele está demonstrando adesão plena ao projeto do Reino! O Reino de Deus ou dos céus, como Mateus prefere, é um projeto alternativo de mundo que só tem espaço para quem aceita a condição pertencer ao mundo dos pequeninos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Na continuidade, Jesus declara: “Por isso eu te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (v. 18a). Jesus está declarando que Pedro está apto a participar da construção da sua comunidade, por estar aberto às intuições do Pai. Ao contrário da antiga religião judaica que precisava de um templo de pedras, a comunidade cristã é uma construção sim, mas pela sua coesão e unidade, por isso, na sua construção são necessárias pedras vivas. Pedro é uma destas pedras escolhidas por Jesus. A pedra fundamental da construção é a fé da comunidade. A força, o equilíbrio e a perseverança da comunidade dependem da solidez da sua fé. Por isso, é necessário que essa fé seja forte como uma rocha, comparável a fé que Pedro tinha acabado de professar.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Muita controvérsia já foi gerada a partir desse versículo. É importante esclarecer que Mateus usa duas palavras gregas muito parecidas para designar Pedro e pedra: </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe,troj </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– <i>Petros</i> e </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">pe,tra| </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">- <i>petra</i>. Embora muito próximas, é possível distingui-las: <i>Petros, </i>transformado no nome próprio Pedro, designa pedra, pedregulho ou tijolo, uma pedra pequena e removível;<i>petra</i> designa a superfície rochosa, base ideal para os fundamentos de uma construção sólida. São estas as bases necessárias para a edificação da Igreja enquanto comunidade do Reino. Vale lembrar que essa é a primeira ocorrência da palavra Igreja no Evangelho (em grego </span><span style="font-family: Bwgrkl; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">evkklhsi,a </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">– eclesía), cujo significado é assembléia convocada.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Ao contrário do templo de Jerusalém e dos templos pagãos que haviam na região de Cesaréia de Filipe, construídos com pedras concretas e visíveis e, portanto, passíveis de destruição, a comunidade cristã não correrá esse risco se for edificada conforme Jesus pensou, ou seja, tendo a fé por fundamento. Por isso, Ele declara: “e o poder do inferno nunca poderá vencê-la” (v. 18b). Aqui Ele se refere às hostilidades que a comunidade irá enfrentar em seu longo percurso até a realização plena do Reino aqui na terra. São as forças de morte manifestadas nos diversos sistemas de dominação, tanto políticos quanto religiosos. A comunidade precisa de uma fé muito consistente para resistir a tudo isso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No último versículo temos mais uma declaração significativa de Jesus a Pedro e à comunidade dos discípulos: “Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será desligado nos céus; tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (v. 19). Não se trata de uma delegação de superpoderes à Igreja como muitos propagam. Mais que conferindo poderes, Jesus está responsabilizando a comunidade para fazer o Reino dos céus acontecer já aqui na terra. A comunidade recebe “as chaves do Reino dos céus” porque é nela que se faz a experiência da fé e da comunhão profunda com Deus através da prática das bem-aventuranças (cf. 5,1-12) e é isso que torna alguém apto para entrar nos céus. Qualquer um que professa convictamente a fé em Jesus e vive seu programa de vida expresso nas bem-aventuranças tem a chave de acesso ao Reino. “Ligar e desligar” é, portanto, responsabilidade e não poder: se a comunidade cristã viver profundamente o que Jesus ensinou, não haverá diferença entre o céu e a terra!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Infelizmente, ao longo história, muitos abusos já foram praticados devido as más interpretações aplicadas a esse texto. Jesus não instituiu nenhum poder monárquico. Com essas imagens tão fortes (chaves – ligar – desligar) Jesus convida a sua Igreja, comunidade do Reino, a viver sempre em perfeita sintonia com Ele mesmo e com o Pai, de modo que o que a comunidade experimentar será referendado pelos céus! Ele dá as chaves para a sua comunidade abrir para todos o Reino que os escribas e fariseus tinham trancado (cf. 23,13).<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: justify;">
</div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; font-family: Cantarell; font-size: 15.4px; text-align: right;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span></div>
Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-74733740537934697342017-06-25T16:50:00.002-03:002018-01-10T00:41:59.304-02:00Reflexão para o XII Domingo do Tempo Comum – Mateus 10,26-33 (ANO A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIo81l058sJFUxEPyNy25WO-6EjEnKMW8EEvJGuuEOjubuMp9AL29KrUs4wYGEfJz4vNC5IVZtELbvSGlUrRWvfMU8OmQzDaueR8DmiD_-IQbfTty1ozGKQpsGXhhbIO7tSEy95tulqX4/s1600/twelve-and-the-70-Jesus-480.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="282" data-original-width="480" height="235" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjIo81l058sJFUxEPyNy25WO-6EjEnKMW8EEvJGuuEOjubuMp9AL29KrUs4wYGEfJz4vNC5IVZtELbvSGlUrRWvfMU8OmQzDaueR8DmiD_-IQbfTty1ozGKQpsGXhhbIO7tSEy95tulqX4/s400/twelve-and-the-70-Jesus-480.jpg" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Neste décimo segundo domingo do tempo comum, a liturgia nos propõe Mateus 10,26-33 como texto evangélico. O décimo capítulo do Evangelho segundo Mateus contém o segundo discurso de Jesus, chamado discurso missionário ou apostólico. O Evangelho de hoje, portanto, faz parte desse discurso.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No domingo passado (XI Domingo do Tempo Comum), nós contemplamos o inconformismo de Jesus com a situação do povo: estava violentado e abandonado como ovelhas que não tem pastor (cf. Mt 9,36). Diante daquela situação, Jesus não encontrou outra saída senão convocar os seus discípulos e convertê-los em apóstolos, ou seja, em enviados, para tirar o povo da situação deplorável em se encontrava por causa da violência, corrupção e indiferença dos detentores de poder na época, a religião oficial judaica e o império romano.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O discurso missionário é um conjunto de instruções e recomendações práticas para a missão. Se trata de advertências quanto ao modo de apresentar-se e comportar-se num mundo hostil aos valores do Reino dos céus. O desafio dos discípulos consiste exatamente em anunciar que “o Reino dos céus está próximo” (cf. 10,7) onde predomina o “anti-reino”, ou seja, os projetos de morte e negação da vida, impostos por Roma e pela religião.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No final dos anos 70 do primeiro século, a comunidade de Mateus vivia situações de perigo e perseguição. Sabendo que é exatamente em situações assim que os valores do Reino precisam ser corajosamente anunciados, aquela comunidade resgatou as instruções que Jesus deu aos doze primeiros discípulos, atualizando e colocando por escrito, fazendo delas normas para as comunidades cristãs de todos os tempos e lugares do mundo. Foi nesse contexto que surgiu o Evangelho segundo Mateus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Das tantas recomendações dadas por Jesus aos discípulos, a comunidade mateana recordou mais aquelas a respeito das perseguições e da necessidade de resistência da comunidade, para que, de fato, o Reino pudesse acontecer e as situações de sofrimento e opressão fossem transformadas em situações de paz, liberdade e vida em abundância.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">No trecho escolhido pela liturgia de hoje, predomina exatamente o encorajamento: “Não tenhais medo dos homens, pois não há nada de encoberto que não seja revelado e nada há de escondido que não seja conhecido” (v. 26). A expressão “não tenhais medo” </span><span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ocorre três vezes no texto de hoje (versículos 26, 28 e 31), o que a constitui numa chave de leitura para todo o trecho: indica que coragem, testemunho e anúncio são inseparáveis. É também uma expressão muito usada em toda a Bíblia, compreendendo os dois testamentos. Está sempre relacionada a contextos de vocação e missão.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O medo é um mal do qual a comunidade cristã deve se libertar. O que havia de encoberto e escondido era o mistério do Reino, aquilo que até então somente os discípulos tinham aprendido com o Mestre, sobretudo o seu jeito de viver. Não se trata de planos secretos, como algumas interpretações propõe. A convivência com Jesus era muito enriquecedora para os discípulos e eles aprendiam muito com isso. Necessitavam, pois, de coragem para anunciar e revelar ao mundo a vivência da Boa Nova do Reino, o amor que emanava de Jesus e que os contagiava. O jeito de Jesus viver precisava ser conhecido por todos, não podia mais ser privilégio de um grupo pequeno ou de uma comunidade exclusiva. No entanto, como a vida de Jesus ia de encontro ao que os sistemas da época propunham, tornava-se arriscado para os discípulos anunciar e, principalmente, viver como Jesus vivia.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Uma comunidade amedrontada tende a fechar-se em si mesma e restringir o anúncio às quatro paredes e a grupos muito reduzidos de pessoas. Por isso, o apelo de Jesus: “o que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados” (v. 27). Jesus, condicionado à existência humana, não podia anunciar o Reino sozinho, por isso, convocou os doze e os enviou (cf. 10,1-8). A expressão “O que disse na escuridão”, portanto, significa aquilo que somente os discípulos viram e ouviram. Chegou o momento de tornarem público, anunciando sem medo e fazendo uso de todos os meios lícitos possíveis.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">“Proclamar sobre os telhados” é, de fato, o convite à criatividade e à eficácia: os discípulos não podem abrir mão de nenhum meio que possa fazer o Reino dos céus acontecer. As multidões violentadas e abandonadas (cf. 9,36) não podiam esperar que as condições dos discípulos melhorassem para chegarem até elas. A comunidade cristã deve, mesmo sendo perseguida, fazer de tudo, o possível e o impossível, para o anúncio de libertação e vida plena chegar a todos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Marginalizada pela sinagoga e por qualquer espaço oficial, a comunidade deve buscar meios alternativos para o anúncio do Reino acontecer, até os telhados, se for necessário. O importante é que a mensagem libertadora não fique restrita a um pequeno grupo, como se tratasse de um conhecimento teórico. O Evangelho é uma proposta de vida que deve ser comunicada a todos e todas sem exceção, independente das circunstâncias. Não há tempo a perder.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Como a maior necessidade da comunidade naquele momento era a coragem, Jesus exorta mais uma vez: “Não tenhais medo daqueles que matam o corpo, mas não podem matar a alma” (v 28a). Pouco tempo antes, Jesus tinha alertado os discípulos de que eles seriam açoitados entregues às sinagogas e tribunais (cf. 10,17), por isso pede para que, mesmo assim, não tenham medo. De fato, quem tem medo da morte não está apto para o seguimento de Jesus. Quem faz experiência de comunhão profunda com Ele, “mesmo que morra, viverá” (cf. Jo 11,25). Os que matam não conhecem a vida em plenitude, pensam que a vida se restringe ao corpo.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A oposição entre alma e corpo aqui é a distinção entre uma vida restrita à dimensão biológica (corpo) e uma vida plena (alma), uma vida com sentido, própria de quem vive os valores do Reino. Essa não ninguém a tira. Nada tem a ver com o dualismo grego corpo-alma. A alma (em grego </span><span lang="X-NONE" style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">ψυχη</span><span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"> – psykê)</span><span style="color: #080000; font-family: "Segoe UI", sans-serif; font-size: 10pt; line-height: 14.2667px;"> </span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">para a comunidade de Mateus significa a totalidade do ser humano que encontra sentido para a vida na experiência de amor-comunhão com Jesus.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">O único temor que deve haver na comunidade cristã é “daquele que pode destruir a alma e o corpo no inferno” (v. 28b). Essa é uma expressão ambígua. A quem ela se refere? Com certeza não é a Deus! O discípulo só deve ter medo de si mesmo. Deve ter medo de agir covarde e incoerentemente com a Palavra que anuncia. Em outras palavras, o discípulo de Jesus deve ter medo de ter medo. É o medo que destrói a vida. Inferno não significa apenas condenação eterna, mas significa também a inutilidade. A palavra grega que é traduzida por inferno </span><span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">se referia ao lixão de Jerusalém, o qual mantinha um fogo permanente, em decorrência da quantidade de lixo que a cidade produzia. Era para lá que iam as coisas inúteis. Um discípulo medroso é tão inútil a ponto de ser comparado a essa realidade desprezível.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Não é possível superar o medo sem confiança no Pai. Nesse sentido, Jesus usa dois exemplos de coisas aparentemente insignificantes: os pardais e o cabelo (versículos 29 e 30). Os pardais eram os pássaros comestíveis comercializados por menor valor, e o cabelo a unidade do corpo mais insignificante. Se até essas coisas são merecedoras da atenção do Pai, muito mais será a vida do discípulo que levar a sério o seguimento de Jesus e a missão de fazer o Reino dos céus acontecer na terra.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">A comunidade que levar a sério a mensagem de Jesus, superando suas dificuldades e medos, anunciando com determinação a chegada do Reino, transformando situações de morte em vida, terá, não como prêmio, mas como consequência, a certeza do testemunho do próprio Jesus diante do Pai (versículos 32 e 33). De fato, receber o testemunho de Jesus diante do Pai é a certeza de que a vida foi levada a sério. Levar a vida a sério e conduzi-la de acordo com o Evangelho é um ato de coragem.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Que o Evangelho seja vivido corajosamente e anunciado com alegria!<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: justify;">
<br /></div>
<div align="right" class="MsoNormal" style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px; text-align: right;">
<span style="color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;">Mossoró-RN, 24 de junho de 2017, Pe. Francisco Cornelio F. Rodrigues</span><span style="font-family: Georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"><o:p></o:p></span></div>
<span style="background-color: white; color: #222222; font-family: georgia, serif; font-size: 12pt; line-height: 17.12px;"></span><br style="background-color: white; color: #222222; font-family: Arial, Tahoma, Helvetica, FreeSans, sans-serif; font-size: 15.84px;" />Unknownnoreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-3821759870886900925.post-88556895261106781332017-06-18T21:11:00.000-03:002018-01-10T00:41:59.471-02:00Reflexão para o XI Domingo do Tempo Comum – Mateus 9,36-10,8 (Ano A)<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQkvGiWpPzWM_ay75ZgU_ut2TAmxJ1-8dRUMh8V5YJ2D651R719yZ1BE-1rZKveKn1_Ft3FA2Tum105E8nKggUmS4RW61duagR6sy6jyflZ6svXvB4lOp_8vX7xSwZERiEhZEGz_TeS8s/s1600/19225756_1944179309161179_778039867024538853_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="296" data-original-width="510" height="231" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhQkvGiWpPzWM_ay75ZgU_ut2TAmxJ1-8dRUMh8V5YJ2D651R719yZ1BE-1rZKveKn1_Ft3FA2Tum105E8nKggUmS4RW61duagR6sy6jyflZ6svXvB4lOp_8vX7xSwZERiEhZEGz_TeS8s/s400/19225756_1944179309161179_778039867024538853_n.jpg" width="400" /></a></div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Com a retomada do tempo comum, voltamos à a leitura, quase contínua, do Evangelho de Mateus na liturgia dominical. Neste domingo, o texto evangélico que a liturgia nos oferece é Mt 9,3–10,8. Trata-se de um texto de transição entre uma seção narrativa e um discurso de Jesus. Por sinal, a alternância entre narrativa e discurso é uma característica da obra mateana, que apresenta seu evangelho com cinco discursos para assemelhá-lo à Torah ou Pentateuco, conjunto de livros que é a base do judaísmo.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
O texto compreende, portanto, a conclusão da seção narrativa que se seguiu ao sermão da montanha (1º discurso: 9,36-38) e o começo do segundo sermão (10,1-8), o chamado discurso missionário ou apostólico. Em seu conjunto, o texto mostra Jesus constatando uma situação e tomando iniciativa para transformá-la. Essa postura de Jesus deve ser a mesma da comunidade cristã em todos os tempos.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
Consideramos importante recordar o versículo que antecede o nosso texto, para o compreendermos melhor: “Jesus percorria todas as cidades e povoados ensinando em suas sinagogas e pregando o Evangelho do Reino, enquanto curava toda sorte de doenças e enfermidades” (9,35). Esse versículo sintetiza a missão de Jesus até então e, ao mesmo tempo, prepara o leitor para o que será apresentado no texto de hoje: a continuidade e a extensão da missão de Jesus pela comunidade cristã.</div>
<div style="background: rgb(255, 255, 255); border: 0px; color: #444444; font-family: Ruluko, Arial, Helvetica, sans-serif; margin-bottom: 24px; margin-top: 24px; outline: 0px; padding: 0px; text-align: justify; vertical-align: baseline;">
A itinerância da atividade de Jesus (cf. 9,35) lhe dava condições de ver em profundidade a situação de miséria das multidões. Sua visão das realidades não era superficial, mas muito real e profunda. Como a miséria é a privação da vida, aquela situação era o maior entrave para a implantação do Reino. Portanto, era necessário transformá-la para que o Reino fosse implantado. Tocado pelo que viu, Jesus ficou possuído de um sentimento transformador, a compaixão: “compadeceu-se delas porque estavam cansadas e abatidas”.</div>
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Compadecer-se é o mesmo que sentir compaixão. Não se trata de um mero sentimento, mas é algo muito mais profundo, é um “mexer-se por dentro”. O verbo grego usado pelo evangelista deriva de um substantivo que significa vísceras. Sentir compaixão é, portanto, contorcer-se nas entranhas, o núcleo mais profundo e íntimo do ser humano, conforme a mentalidade hebraica. De significado mais profundo até que o coração, as entranhas remexidas simbolizam a expressão máxima da misericórdia de Deus.</div>
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O que fazia Jesus contorcer até as entranhas era a situação das multidões: “estavam cansadas e abatidas como ovelhas que não tem pastor”. Não se trata de um simples cansaço físico, que poderia ser sanado com algumas horas de repouso. O evangelista usa uma palavra grega que se traduz melhor por molestadas ou violentadas. E ao invés de abatidas, a melhor tradução seria dispersas ou abandonadas. Portanto, Jesus constata que o povo foi violentando e abandonado pelo poder dominante, religioso e político.</div>
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A comparação com “ovelhas que não tem pastor” reflete o grau máximo de abandono e de degradação do qual as multidões eram vítimas. E revela, ao mesmo tempo, a corrupção e hipocrisia dos dirigentes, causa principal da situação de miséria do povo. A imagem da ovelha é sinônimo de mansidão e vulnerabilidade; a ausência de um pastor que a conduza e proteja significa exposição aos perigos. Assim era a situação das multidões: violência e abandono. É claro que a constatação da falta de pastores para cuidar das multidões é uma nítida crítica aos dirigentes religiosos, principalmente. Não faltam, no Antigo e no Novo Testamento, passagens que reforçam essa imagem da violência e do abandono do povo por parte da liderança religiosa.</div>
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Diante de uma situação de calamidade, vendo o povo ser violentado e completamente abandonado, Jesus não se conforma nem se desespera. Reforça sua confiança no Pai e pede a colaboração aos seres humanos: “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao dono da messe que envie trabalhadores para a colheita” (9,37-38). No discurso da montanha, Ele já tinha recomendado aos discípulos que confiassem no Pai através da oração (cf. Mt 6,4.9-15.26). Aqui aparece novamente essa recomendação.</div>
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Consciente de que a missão será árdua, a imagem da “messe grande” significa isso, Jesus sabe que a confiança no Pai e o trabalho humano são indispensáveis e inseparáveis para que a vida violentada seja restaurada. A comunidade cristã não pode se acomodar e esperar apenas pelo Pai, muito menos confiar somente em suas próprias forças. Jesus pede que essas duas dimensões se unam para o resgate da vida violentada.</div>
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Se algo tem que ser feito, deve começar pelos mais próximos. Por isso, “Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade” (10,1). Diante da situação deplorável em que se encontrava o povo, Jesus toma uma decisão corajosa: estender aos discípulos as mesmas prerrogativas que ele próprio recebeu do Pai. Não se trata de poderes extraordinários para operar milagres. Dar poder ou autoridade aos discípulos significa autorizá-los a fazer o mesmo que Jesus fazia (cf. 9,35). “Expulsar os espíritos maus, curar doença e enfermidade” é apenas uma figura de linguagem que evoca a responsabilidade da comunidade cristã: restituir a vida e a dignidade às pessoas que tinham sido espoliadas pelas autoridades políticas e religiosas.</div>
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De discípulos, os Doze passam a ser apóstolos; o evangelista menciona o nome de todos eles, de Simão, chamado Pedro, a Judas Iscariotes (10,2). Não é uma lista hierárquica, bem como a introdução da designação de apóstolos não corresponde a uma “mudança de patente”. É apenas uma mudança de estado: de meros seguidores de Jesus a enviados, designados para fazer o que ele fazia. Até então, no discipulado, eles apenas assistiam ao que Jesus fazia. De agora em diante, Jesus os envia para que façam o mesmo. A designação de apóstolos não significa um título de honra, mas um estado: enviado, um estado de missão.</div>
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Quando o evangelista diz que “Jesus enviou esses Doze com as seguintes recomendações: ‘Não deveis ir aonde moram os pagãos nem entrar nas cidades dos samaritanos! Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel!”, ele não está demonstrando nenhuma condição privilegiada de Israel, nem reforçando a exclusão dos samaritanos e pagãos. Israel não recebe o anúncio do Reino por ter sido o primeiro destinatário das promessas de Deus. É um grande equívoco imaginar que o Evangelho segundo Mateus visa a restauração do antigo Israel. Pelo contrário, é um Evangelho que muito evidencia a ruptura da comunidade cristã com a religião judaica.</div>
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Quando apresenta “as ovelhas perdidas da casa de Israel” como destino primeiro da missão da comunidade cristã, Mateus está dizendo que, ao invés de privilegiado, Israel é o mais necessitado da Boa Nova e, portanto, carente da libertação. De todas dominações, a pior é a religiosa. Os samaritanos e os pagãos estavam, assim como os judeus, sob o domínio político do império romano, mas não submetidos ao Templo de Jerusalém. O império romano será contestado também, obviamente. Porém, é mais urgente libertar o povo da dominação e alienação religiosa. Além do domínio político de Roma, os judeus sofriam também com a dominação religiosa, muito mais danosa que o império romano. Se o povo estava violentado e abandonado, a culpa principal era da religião, graças aos abusos e omissões daqueles que deveriam agir como pastores.</div>
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O conteúdo do anúncio não deve ser outro: é apenas o advento do “Reino dos céus”. De fato, o Reino dos céus, o qual se manifesta como vida em plenitude, justiça, solidariedade, amor e inclusão, é o único antídoto e resposta aos reinos deste mundo. Esse Reino não pode ser imaginado como um evento futuro, porque é no presente que as multidões são mutiladas e maltratadas, exploradas e privadas de vida e dignidade.</div>
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Os discípulos, convertidos em apóstolos, são enviados na gratuidade e no amor (“De graça recebestes, de graça dai” – 10,8), para recuperarem a vida ameaçada e explorada. Por isso, devem ser promotores da libertação, como pede Jesus. Não cumprindo gestos mágicos ou fantasiosos, mas sendo sinais de vida, com atuação profética e cristã.</div>
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Ainda h0je, são muitos os males que impedem a realização plena do Reino dos céus já aqui. A comunidade cristã é chamada, assim como fez Jesus, a olhar para as multidões, perceber suas necessidades e intervir para transformar. Isso só será possível se a Igreja se colocar cada vez mais em estado de saída, pois somente saindo de si é possível ver a necessidade do outro!</div>
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<span style="background-color: white; color: #080000; font-family: Georgia, serif; font-size: 16px; text-align: right;">Mossoró-RN, 17 de junho de 2017, Pe. Francisco Cornelio Freire Rodrigues </span></div>
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